O Papa à Ação Católica: faça crescer a 'cultura do abraço'



Os membros da Ação Católica Italiana acolheram Francisco na Praça São Pedro para o encontro intitulado “De braços abertos”: são muitos os abraços, os que faltaram e por causa de muitos conflitos "nestes dias diante dos nossos olhos", os abraços que salvam e aqueles que mudam a vida.s

Cerca de sessenta mil membros da Ação Católica Italiana se reuniram na Praça São Pedro, para o encontro com o Papa Francisco no âmbito da XVIII Assembleia Geral do organismo católico que tem início nesta quinta-feira (25/04).

Em seu discurso, o Santo Padre recordou o título do encontro nacional escolhido pelos membros da Ação Católica Italiana: "De braços abertos". Segundo o Papa, "o abraço é uma das expressões mais espontâneas da experiência humana. A vida do ser humano se abre com um abraço, o dos pais, primeiro gesto de acolhimento, ao qual se seguem muitos outros, que dão sentido e valor aos dias e aos anos, até ao último, o da despedida do caminho terreno. E sobretudo está envolvida do grande abraço de Deus, que nos ama por primeiro e nunca deixa de nos manter perto de si, especialmente quando voltamos depois de nos termos perdido, como nos mostra a parábola do Pai misericordioso". "O que seria de nossa vida e como a missão da Igreja poderia ser realizada sem esses abraços?", perguntou o Papa, que a seguir propôs uma reflexão sobre três tipos de abraço: o abraço que falta, o abraço que salva e o abraço que muda a vida.

Quando o abraço se transforma em um punho, é muito perigoso

O abraço que falta. "O entusiasmo que hoje expressaram de forma tão festiva nem sempre é bem acolhido no nosso mundo: às vezes encontra fechamentos e, outras vezes, encontra resistências, de modo que os braços ficam rígidos e as mãos se fecham de forma ameaçadora, não se tornando mais veículos de fraternidade, mas de rejeição, de oposição, muitas vezes até violenta, também sinal de desconfiança em relação aos outros, próximos e distantes, a ponto de levar ao conflito", disse o Papa, acrescentando:  

Quando o abraço se transforma em um punho, é muito perigoso. Na origem das guerras geralmente há abraços que faltaram ou abraços rejeitados, que são seguidos de preconceitos, mal-entendidos e suspeitas, a ponto de ver o outro como inimigo. Tudo isso, infelizmente, está diante de nossos olhos hoje em dia, em muitas partes do mundo! Com sua presença e seu trabalho, no entanto, vocês testemunham a todos que o caminho do abraço é o caminho da vida.

O abraço misericordioso de Deus que salva

O abraço que salva. "Do ponto de vista humano, abraçar-se significa expressar valores positivos e fundamentais como o afeto, a estima, a confiança, o encorajamento, a reconciliação. Mas se torna ainda mais vital quando é vivido na dimensão da fé. No centro da nossa existência está o abraço misericordioso de Deus que salva, o abraço do Pai bom que se revelou em Cristo Jesus, e cujo rosto se reflete em cada seu gesto de perdão, de cura, de libertação, de serviço, e cuja revelação atinge o seu ápice na Eucaristia e na Cruz, quando Cristo oferece a sua vida pela salvação do mundo, para o bem de todo aquele que o acolhe com o coração sincero, perdoando até mesmo os seus crucificadores", disse ainda Francisco, convidando a todos a se deixarem abraçar pelo Senhor "como como crianças", pois "cada um de nós tem algo de criança no coração que precisa de um abraço. No abraço do Senhor aprendemos a abraçar os outros".

Mostrar caminhos de esperança

O abraço que muda a vida. "Um abraço pode mudar a vida, mostrar novos caminhos, caminhos de esperança", sublinhou Francisco. Há muitos santos em cuja existência o abraço marcou uma virada decisiva, como São Francisco, que deixou tudo para seguir o Senhor depois de ter abraçado um leproso, como ele mesmo recorda no seu testamento", disse ainda o Papa, recordando que o "abraço da caridade" é o "único sinal essencial dos discípulos de Cristo, regra, forma e fim de todos os meios de santificação e apostolado".

Amigos, vocês serão tanto mais presença de Cristo quanto mais souberem abraçar e apoiar cada irmão necessitado com braços misericordiosos e compassivos, como leigos engajados nos acontecimentos do mundo e da história, ricos de uma grande tradição, formados e competentes no que diz respeito às suas responsabilidades, e ao mesmo tempo humildes e fervorosos na via do espírito. Dessa forma, vocês poderão fazer sinais concretos de mudança segundo o Evangelho a nível social, cultural, político e econômico nos contextos em que trabalham.

Promover a "cultura do abraço"

Francisco incentivou os membros da Ação Católica a promoverem a "cultura do abraço" que "crescerá na Igreja e na sociedade, renovando as relações familiares e educativas, renovando os processos de reconciliação e de justiça, renovando os esforços de comunhão e de corresponsabilidade, construindo laços para um futuro de paz".

Levar adiante a sinodalidade

Por fim, vendo todos reunidos na Praça São Pedro, o Papa se lembrou "do Sínodo em andamento, que chega à sua terceira etapa, a mais desafiadora e importante: a profética". "Agora, trata-se de traduzir o trabalho das fases anteriores em escolhas que deem impulso e vida nova à missão da Igreja no nosso tempo. Porém, o mais importante deste Sínodo é a sinodalidade. Os temas devem levar adiante esta expressão da Igreja, que é a sinodalidade", disse ele. "Por isso, há necessidade de pessoas moldadas pelo Espírito, de "peregrinos da esperança", de homens e mulheres sinodais, que saibam dialogar, interagir, buscar juntos, como diz o tema do Jubileu que já se aproxima, homens e mulheres capazes de traçar e percorrer caminhos novos e desafiadores", concluiu.


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 Cardeal Poola: não sejam ignoradas as partes sobre os pobres na Dignitas infinita




O arcebispo de Hyderabad fala sobre a repercussão na mídia da declaração do Dicastério para a Doutrina da Fé sobre o tema da dignidade da pessoa. "Só se fala em teoria de gênero, mudança de sexo e maternidade sub-rogada. Mas a dignidade negada a milhões de pessoas na Índia que lutam contra a pobreza, a exploração e a falta de acesso a cuidados de saúde não pode nos deixar indiferentes"

Deter-se apenas nas questões bioéticas é oferecer uma leitura parcial (e muito conveniente) da declaração doutrinária sobre direitos humanos Dignitas infinita, divulgada na segunda-feira, 8 de abril, pelo Dicastério para a Doutrina da Fé. É o que afirma o cardeal Anthony Poola, arcebispo de Hyderabad, neste comentário compartilhado com a agência AsiaNews sobre as reações despertadas na Índia (e não somente) pelo documento vaticano. "Devemos confrontar os padrões de pensamento socioculturais e religiosos que estão na base do motivo pelo qual muitos na Índia ainda vivem em condições subumanas" e que a Dignitas infinita questiona. É importante lembrar que o cardeal Poola é o primeiro indiano de uma família dalit (ou seja, dos chamados "sem casta") a receber a púrpura, no Consistório convocado em 2022 pelo Papa Francisco. Também por causa desse conhecimento direto de uma forma de negação da dignidade das pessoas, seu testemunho assume um significado particular.

Testemunho do cardeal indiano

Fernández: a dignidade humana é inalienável. Não criminalizar a homossexualidade

O documento vaticano sobre a dignidade humana reflete de forma abrangente o entendimento enriquecido da Igreja católica sobre a dignidade da pessoa, à luz dos ensinamentos bíblicos e da tradição, e as implicações de respeitá-la em diferentes esferas da vida.

A mídia global e os jornais indianos têm se concentrado principalmente na teoria de gênero, na mudança de sexo e na maternidade sub-rogada, mas o ensinamento doutrinário abrange um terreno mais amplo que precisa ser explorado. Questões como pobreza, migração, violência, tráfico de pessoas e abusos são questões candentes que precisam de atenção urgente no contexto indiano.

Não há dúvida de que a dignidade humana hoje é negada a milhões de pessoas em todo o país que lutam contra a pobreza, a exploração, a discriminação, a falta de acesso à saúde e à educação primária, a negação de direitos...

A Dignitas infinita nos desafia, sobretudo como Igreja, a nos engajarmos em uma discussão sobre o crescente fosso social entre os ricos e aqueles que são privados até mesmo do essencial, sobre aqueles que migram para fugir e sobreviver, sobre a normalização da violência, sobre aqueles que vivem nas periferias e cujas vidas não contam.

À luz dos valores do Evangelho, devemos confrontar os padrões de pensamento socioculturais e religiosos que estão na base do motivo pelo qual muitas pessoas na Índia ainda vivem em condições subumanas e encontrar maneiras de garantir que sua saúde e dignidade sejam reconhecidas e mantidas.

Falar sobre questões importantes, mas distantes, pode ser fácil, mas discutir os problemas dos quais todos nós fazemos parte não é. Refletir sobre a dignidade da vida (ou sua negação) de um migrante que vive ao nosso lado ou dos pobres da vizinhança não é fácil, mas a declaração vaticana nos lembra que isso também deve ser colocado no centro de nossas conversas.

A declaração também pede que a Igreja indiana discuta as causas estruturais da pobreza, da injustiça e da violência e busque maneiras de defender a dignidade de milhões de pessoas em nossos contextos.


(com AsiaNews)


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 O Papa: as virtudes teologais são o grande antídoto para a autossuficiência




Francisco disse na Audiência Geral que "no caminho rumo à plenitude da vida, que pertence ao destino de cada pessoa, o cristão goza de uma assistência particular do Espírito de Jesus Cristo. Ela realiza-se com o dom de três outras virtudes, puramente cristãs, que são frequentemente mencionadas juntas nos escritos do Novo Testamento". Estas atitudes fundamentais, que caracterizam a vida dos cristãos, são a fé, a esperança e a caridade".

"A vida da graça segundo o Espírito" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (24/04), realizada na Praça São Pedro.

Dando continuidade ao ciclo de catequeses sobre "Vícios e virtudes", o Santo Padre lembrou sua reflexão, na semana passada, centrada nas virtudes cardeais: prudência, justiça, fortaleza e temperança.

Aderir ao bem e evitar o mal 

Segundo Francisco, "estas quatro virtudes pertencem a uma sabedoria muito antiga, que precede o Cristianismo". Já antes de Cristo, "se pregava a honestidade como dever cívico, a sabedoria como regra das ações, a coragem como ingrediente fundamental para uma vida que tende para o bem, a moderação como medida necessária para evitar sermos dominados pelos excessos". "Esta herança da humanidade não foi substituída pelo Cristianismo, mas colocada em evidência, valorizada, purificada e integrada", sublinhou.

Há, portanto, no coração de cada homem e de cada mulher, a capacidade de procurar o bem. O Espírito Santo é dado para que quem o acolhe possa distinguir claramente o bem do mal, ter a força para aderir ao bem evitando o mal e, assim fazendo, alcançar a plena autorrealização.

Fé, esperança e caridade

O Papa sublinhou que "no caminho rumo à plenitude da vida, que pertence ao destino de cada pessoa, o cristão goza de uma assistência particular do Espírito de Jesus Cristo. Ela realiza-se com o dom de três outras virtudes, puramente cristãs, que são frequentemente mencionadas juntas nos escritos do Novo Testamento".

“Estas atitudes fundamentais, que caracterizam a vida dos cristãos, são a fé, a esperança e a caridade. Os escritores cristãos logo as chamaram de “teologais”, pois são recebidas e vividas na relação com Deus, para diferenciá-las das demais chamadas de “cardeais”, pois constituem o “pivô” de uma vida boa. Essas três são recebidas no Batismo e vêm do Espirito Santo.”

Ambas, combinadas em muitas reflexões sistemáticas, compuseram assim um maravilhoso setenário, que é frequentemente contrastado com a lista dos sete pecados capitais.

Virtudes teologais, grande antídoto para a autossuficiência

De acordo com Francisco, "enquanto o risco das virtudes cardeais é o de gerar homens e mulheres heroicos na prática do bem, mas no fim das contas sós, isolados, o grande dom das virtudes teologais é a existência vivida no Espírito Santo".

Segundo o Papa, "o cristão nunca está só. Faz o bem não através de um esforço titânico de compromisso pessoal, mas porque, como humilde discípulo, caminha atrás do Mestre Jesus. Segue adiante no caminho. Os cristãos têm as virtudes teologais que são o grande antídoto para a autossuficiência".  "Quantas vezes certos homens e mulheres moralmente impecáveis correm o risco de se tornarem, aos olhos de quem os conhece, presunçosos e arrogantes ", sublinhou Francisco.

De acordo com o Pontífice, este "é um perigo contra o qual o Evangelho nos alerta bem, quando Jesus recomenda aos seus discípulos: «Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: “Somos servos inúteis, fizemos o que devíamos fazer”»".

“A soberbia é um veneno poderoso: basta uma gota para arruinar uma vida inteira caracterizada pelo bem.”

O bem não é apenas um fim, mas também um caminho. O bem precisa de muita discrição, de muita gentileza. Acima de tudo, o bem precisa despojar-se daquela presença por vezes demasiado incômoda que é o nosso eu.

Abrir o coração ao Espírito Santo

Segundo Francisco, "para corrigir todas estas situações que às vezes se tornam dolorosas, as virtudes teologais são de grande ajuda. São especialmente assim nos momentos de queda, porque mesmo aqueles que têm boas intenções morais às vezes caem. Todos nós caímos na vida, porque todos nós somos pecadores. Assim como quem pratica diariamente a virtude às vezes comete erros: todos erramos na vida e a inteligência nem sempre é clara, a vontade nem sempre é firme, as paixões nem sempre são governadas, a coragem nem sempre supera o medo".

"Mas se abrirmos o nosso coração ao Espírito Santo, Ele reaviva em nós as virtudes teologais: então, se perdemos a confiança, Deus reabre-nos à fé; se estamos desanimados, Deus desperta em nós a esperança; se o nosso coração está endurecido, Deus o suaviza com seu amor", concluiu o Papa.

https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2024-04/papa-francisco-audiencia-virtudes-teologais-vida-espirito-santo.html


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