Esta é uma pergunta que muitos católicos fazem. O Gênesis, em seus três primeiros capítulos, usa de linguagem figurada para revelar verdades religiosas, não científicas ou históricas. Em resumo, a Bíblia quer nos ensinar apenas o seguinte:


1) Deus criou o ser humano, homem e mulher, podendo ter utilizado a evolução da matéria preexistente até chegar ao grau de complexidade do corpo humano;


2) O Senhor concedeu aos primeiros pais graças espirituais especiais: "justiça original" (harmonia consigo, com a mulher, com a natureza e com Deus), e "estado de santidade" (comunhão profunda com Deus, participação da vida divina), dons preter naturais (não sofrer, morrer, ciência infusa, etc).


3) O Criador indicou aos primeiros pais um modelo de vida, figurado pela proibição de comer a fruta da árvore da ciência do bem e do mal. Isso significava que o homem não deveria ser "o árbitro do bem e do mal", e já que foi elevado à especial comunhão com Deus, devia comportar-se não simplesmente de acordo com seu bom senso ou suas intuições racionais, mas segundo às normas correspondentes de sua dignidade de filho de Deus;


4) O homem, por soberba e desobediência, disse não a esse modelo de vida e ao convite do Criador, perdendo assim o "estado de santidade" e de "justiça original". Desta forma, o sofrimento e morte entraram no mundo por causa do pecado original; isto levou São Paulo a dizer que "o salário do pecado é a morte" (Rom 6, 23).


Não é preciso exagerar a perfeição do estado primitivo da humanidade por causa dos dons preter naturais, e da " justiça original". Foi um estado belo, mas do ponto de vista religioso e moral apenas, não sob o aspecto da civilização ou da cultura.


Os primeiros homens de que fala o Gênesis, podem muito bem ter sido rudimentares como mostram os indícios dos fósseis da pré-história. As idéias religiosas de Adão poderão ter sido puras, mas sob a forma de intuições concretas como dos povos primitivos e das crianças; não se tratava de altos conhecimentos teológicos.


Adão (= Adam, homem) e Eva (=Mãe dos viventes) representam o ser humano criado por Deus. São tão reais quanto é real o gênero humano. Deus se apresentou ao homem nas suas origens, ao homem real e não a um ser fictício. Eles existiram de fato; foram os primeiros seres humanos que receberam de Deus uma alma imortal.


Por outro lado, Adão e Eva não são nomes próprios como João, Pedro, Maria o são. Então, não necessariamente representam apenas o primeiro casal de humanos, mas os primeiros humanos. São nomes de origem hebraica que significam apenas "homem" e "mulher". Por isso, a Igreja deixa para o estudo dos cientistas mostrar como os seres humanos surgiram trazidos por Deus; se de apenas um casal (monogenismo) ou de vários casais de um mesmo tronco (poligenismo). O que a Igreja não aceita é que a humanidade tenha surgido, ao mesmo tempo, de vários troncos, em lugares diferentes.

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