As passagens bíblicas sobre os anjos, relacionadas com anjos que tem encargos diversos, nos permitem entender a idéia quase unânime dos Padres da Igreja de que são os anjos que realizam a obra e a lei de Deus com respeito ao mundo. A crença semítica nos espíritos que causam o bem e o mal é bastante conhecida, e mostras disto são encontradas na Bíblia . A peste que devastou Israel por culpa do pecado de Davi, por ter realizado o senso de Israel contra a vontade de Deus, é atribuída a um anjo: “Mandou, pois, o Senhor a peste a Israel, desde a manhã daquele dia até o prazo marcado. Ora, foi nos dias da colheita do trigo que o flagelo começou no povo, e morreram setenta mil homens da população, desde Dã até Bersabéia. E o Senhor enviou um anjo sobre Jerusalém para destruí´la. Vendo Davi o anjo que feria o povo, disse ao Senhor: Vede, Senhor: fui eu que pequei; eu é que sou o culpado! Esse pequeno rebanho, porém, que fez ele? Que a tua mão se abata sobre mim e sobre a minha família! O Senhor arrependeu´se então de ter mandado aquele flagelo e disse ao anjo que exterminava o povo: Basta! Retira agora a tua mão. O anjo do Senhor se encontrava junto à eira de Ornã, o jebuseu.” (2Sam 24, 15´17; 1Cro 21, 14´18) Na passagem da piscina Probática, ainda que existam algumas dúvidas sobre este texto; se diz que o movimento das águas era realizado pela visita periódica de um anjo. “Nestes pórticos, jazia um grande número de enfermos, de cegos, de coxos e de paralíticos, que esperavam o movimento da água. Pois de tempos em tempos um anjo do Senhor descia ao tanque e a água se punha em movimento. E o primeiro que entrasse no tanque, depois da agitação da água, ficava curado de qualquer doença que tivesse.” (Jo 5, 1´4) Os semitas estavam convencidos de que toda a harmonia do universo, assim como as interrupções desta harmonia, era devido a Deus como Criador; mas levada a cabo por seus ministros. Esta idéia está fortemente marcada no Livro dos Jubileus; nele as hordas celestiais de anjos bons e maus estão sempre atuando no universo material. A Bíblia freqüentemente mostra os poderes dos anjos na natureza, e S. Jerônimo afirma que eles manifestam a onipotência de Deus (cf. S. Jerônimo, En Mich., VI, 1, 2; P. L., IV, col. 1206).

Felipe Aquino

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