Nesta etapa, conheça os chamados "falsos deuses".
















2.5- Os falsos deuses

3 Não terás outros deuses diante de mim. (Êxodo 20,3)

9 Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te dá, não aprenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos.

10 Não se achará no meio de ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro,

11 nem encantador, nem quem consulte um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos;

12 pois todo aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor, e é por causa destas abominações que o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti. (Deuteronômio 18,9-12)

31 Não vos voltareis para os que consultam os mortos nem para os feiticeiros; não os busqueis para não ficardes contaminados por eles. Eu sou o Senhor vosso Deus. (Levítico 19,31)

27 O homem ou mulher que consultar os mortos ou for feiticeiro, certamente será morto. Serão apedrejados, e o seu sangue será sobre eles. (Levítico 20,27

11 Pelo que sobre ti virá o mal de que por encantamentos não saberás livrar-te; e tal destruição cairá sobre ti, que não a poderás afastar; e virá sobre ti de repente tão tempestuosa desolação, que não a poderás conhecer.

12 Deixa-te estar com os teus encantamentos, e com a multidão das tuas feitiçarias em que te hás fatigado desde a tua mocidade, a ver se podes tirar proveito, ou se porventura podes inspirar terror.

13 Cansaste-te na multidão dos teus conselhos; levantem-se pois agora e te salvem os astrólogos, que contemplam os astros, e os que nas luas novas prognosticam o que há de vir sobre ti.

14 Eis que são como restolho; o logo os queimará; não poderão livrar-se do poder das chamas; pois não é um braseiro com que se aquentar, nem fogo para se sentar junto dele.

15 Assim serão para contigo aqueles com quem te hás fatigado, os que tiveram negócios contigo desde a tua mocidade; andarão vagueando, cada um pelo seu caminho; não haverá quem te salve. (Isaías 47,11-15)



Por que a Bíblia repete tanto estas proibições? Sabemos que Deus é um ser eterno, dotado de onisciência, onipresença e onipotência. Isto quer dizer, respectivamente, que Ele tudo sabe, que está em todo o lugar e tudo pode. Quando Deus proíbe que tenhamos outros deuses, Ele está proibindo, na verdade, que reconheçamos em outras pessoas ou coisas, alguma espécie de onisciência, onipresença ou onipotência. Ou seja, que reconheçamos nos outros a SUA EXCLUSIVA DIVINDADE.

Os textos sacros são claros. Não devemos consultar os mortos (praticar o espiritismo), consultar os astros (praticar a astrologia), nem sermos supersticiosos ou crentes em adivinhações ou magias.

Quando se dá valor a uma consulta espiritual, reconhece-se nesta fraude, na maioria das vezes, a onisciência, desmerecendo a mesma prerrogativa do Deus Cristão. O mesmo acontece na adivinhação, na magia e na astrologia.

2.5.1- Adivinhação, magia e superstição

Estas três práticas dispensam comentários mais detalhados. Os próprios mágicos afirmam que o que fazem não passam de truques. Um ou outro afirma o contrário, usando de charlatanismo. Podemos dizer que a magia é o milagre do homem e o milagre, a magia de Deus. Ora, devemos dar valor a façanha de quem?

Sabemos que, as magias, em muitos casos, são fenômenos químicos não explicados na atual época e que anos depois são desvendados, como na antiga ciência alquímica. Em outros casos é a mais simples fraude e, em outros mais, fenômenos parapsicológicos.

Quem acredita que quebrar um espelho acarreta azar é supersticioso e despreza as bênçãos que a Onipotência Divina pode trazer para ele. Nada mais é do que acreditar no irracional e desprezar a Deus, seu próprio criador.

2.5.2- Astrologia



Como já dissemos, quem consulta os astros está depositando neles a crença em uma onisciência oposta à divina.

Vale dizer, em primeiro lugar, que os três reis magos que visitaram o menino Jesus eram astrônomos, não astrólogos. Astrônomos estudam os astros, suas posições, nascimentos e mortes. Já os astrólogos recorrem aos astros para adivinhar o futuro.

Na verdade, a Astrologia é um costume usado pelos povos antigos, nada mais. Os astros não traçam nossos futuros. Mas sim Deus, que nos providencia caminhos para escolher: o que chamamos de Providência Divina, não de destino dos astros.

E aqueles símbolos conseguidos ao agrupar as estrelas em constelações? Quais os critérios ? Não há critérios. Tudo não passa de uma brincadeira de ligar os pontos, que o homem faz há milhares de anos. Até porque as estrelas de uma constelação não têm ligação física. Nem perto umas das outras estão. “Até onde eu saiba, povos de todas as culturas imaginaram figuras no céu”, diz o físico Walmir Cardoso, presidente para o Ensino da Astronomia, em São Paulo. Há registros históricos, do ano 3500 a.C., que falam de constelações. A maioria que reconhecemos hoje foram criadas pelos egípcios, mesopotâmios e chineses. Homens de todos os continentes, dos gregos aos índios brasileiros, viram objetos, animais e personagens mitológicos diferentes formados pelas mesmas estrelas. Em 1928, a União Astronômica Internacional resolveu oficializar o costume milenar e loteou o céu em 88 constelações reconhecidas somente pelos gregos - se não seria uma verdadeira confusão - para servir de referência aos astrônomos.

Uma arte milenar que agride profundamente a Deus. Mas não é preciso ir muito longe para notar que as prepotentes previsões astrológicas não passam de truques de linguagem.

Os astrólogos usam verdadeiras “frases universais” que não podem ser desmentidas, desacreditando as previsões destes: “maior presença de espírito”, “aproveitar para fazer contato com amigos”, ”maior segurança no amor”, “favorecer trocas afetivas”, “possibilitar bom desenvolvimento” são algumas frases de previsões astrológicas reais que nada dizem, mas que espantam pessoas mal informadas.

2.5.3- Destino ou Futuro?

O mais correto é que Deus nos deu uma alma, ou seja, nossa psiquê, nosso conjunto harmônico de inteligência e vontade. Isto é, nosso livre-arbítrio: inteligência para distingüirmos os caminhos e vontade para escolhermos um deles. O conceito de alma se contradiz com a idéia de que temos um futuro traçado e que possa ser descoberto olhando-se para os astros, consultando espíritos ou aceitando a superstição da numerologia, onde vários autores possuem sistemas contraditórios para praticá-la. Uma mesma letra, por exemplo, pode ter valores diferentes para cada um desses autores.

Portanto, falar em destino traçado é incorreto, pois Deus, através de sua providência divina nos concede diversos caminhos em nossa vida e somente cabe a cada um, através de nossa alma, escolher nosso futuro.

6 Porque a aflição não procede do pó, nem a tribulação brota da terra;

7 mas o homem nasce para a tribulação, como as faíscas voam para cima.

8 Mas quanto a mim eu buscaria a Deus, e a Deus entregaria a minha causa; (Jó 5,6-8)

21 Porque os caminhos do homem estão diante dos olhos do Senhor, o qual observa todas as suas veredas.

22 Quanto ao ímpio, as suas próprias iniqüidades o prenderão, e pelas cordas do seu pecado será detido.

23 Ele morre pela falta de disciplina; e pelo excesso da sua loucura anda errado. (Provérbios 5,21s)

9 O coração do homem propõe o seu caminho; mas o Senhor lhe dirige os passos. (Provérbios 16,9)

21 Muitos são os planos no coração do homem; mas o desígnio do Senhor, esse prevalecerá.(Prov 19,21)

29 Não se vendem dois passarinhos por um asse? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. (Mateus 10,29)

28 E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. (Romanos 8,28)

2.5.4- Consulta aos mortos

O mesmo se entende quando se pratica a consulta aos mortos. Além de ser proibido, correntes científicas já decretaram, na maioria delas, a sua impossibilidade.

A Parapsicologia – estudo paralelo ao que é normal, não ao que é anormal ou acima do normal – entendeu e entende até hoje, que existem capacidades mentais pouco usadas e difundidas e que podem , a grosso modo, parecer com intervenções vindas do Além , além de ter desvendado muitas fraudes.

É simples. O homem possui o sentido da percepção extra-sensorial, percebendo a grandes distâncias. Possui 7/8 de informações no chamado subconsciente, o poder de captar sensações e informações através do fenômeno da telepatia, o poder de emitir uma leve energia a duros custos emocionais chamado de telergia, entre outros.

O homem pode, achando-se possuído por um espírito, fazer psicografia, que nada mais é do que escrever com a autoria do próprio desmembramento da pessoa, utilizando informações conseguidas da percepção extra-sensorial, da telepatia ou até mesmo dos 7/8 de informações do subconsciente, informações estas que o ser humano desconhece em sã consciência, mas que foram captadas durante sua vida. O homem pode achar que está escutando espíritos, quando na verdade são suas cordas vocais e suas entranhas que emitem ruídos sem que este perceba, completamente sugestionado mentalmente, cuja influência agride todas as funções do corpo.

Tudo isso fora comprovado através de radiografias, tomografias computadorizadas, estudos científicos, neurológicos e psicológicos, estudando influências externas e internas. Brilhantes doutores como JB Rhine , Bain e Charles Richet comprovaram que tudo não passa de fenômenos mentais, conseguidos através de sugestão turbinada pela convicção (fé), fazendo uso de várias faculdades paranormais como a percepção extra-sensorial, a telergia e a telepatia, além do enorme baú de informações no subconsciente.

Tenho um exemplo bem próximo: um amigo meu fez a chamada técnica das vidas passadas e “viu-se” como um pescador, em um bote, no meio de um grande lago. Pesquisando sua vida pretérita, encontrou um quadro com o mesmo grande lago e o mesmo bote pendurado na sala de espera de seu ex-pediatra. Na verdade, este meu amigo guardou em seu subconsciente a imagem do quadro e a mesma imagem foi “içada” de sua mente adormecida no meio de um exercício de técnica de vidas passadas.

Mesmo se a consulta fosse possível, Deus condenou biblicamente. Isso não quer dizer que Deus, na sua onipotente vontade, não permita a aparição de santos, em sua raridade, para propósitos muito mais dignos.

Como já dito, o pecado está na intenção e, neste caso, está na intenção de consultar espíritos. A aparição de santos, quando comprovada, não é evocação de espíritos mortos, mas vontade suprema de Deus sobre espíritos vivos e glorificados.

2.5.5- Panteísmo

O Panteísmo diz que Deus é tudo. Deus foi feito à imagem e à semelhança do homem. Confundem Deus com Natureza. Portanto, o panteísmo rejeita o “Deus pessoal”, ou seja, um puro Espírito, dotado de inteligência e vontade perfeitíssimas.

O panteísmo contradiz o bom senso e a razão: Deus não pode se identificar com o mundo. Deus é Absoluto, Necessário e Ilimitado; enquanto o mundo é relativo, contingente e limitado. O mesmo sujeito jamais será Absoluto e Relativo, pois esses predicados se excluem mutuamente. Deus está presente em todo o lugar, não em todas as coisas. Deus criou estas coisas e as conserva em existência.

Deus é uma consciência e não pode se mesclar com outras consciências. É ilógico dizer que uma vontade pode se fundir a uma outra. O Absoluto não pode ser relativo, o Eterno não pode ser temporal. Deus é uma consciência e nós, criações conscientes deste Infinito Espírito.

Muitas religiões são panteístas, promovendo os homens a serem partículas de Deus ou pequenos deuses. É uma grave ofensa a Deus, uma vez que somos criaturas D’ Ele. Querer ser igual a Deus é provar uma ganância que não deve existir em um coração humilde e cristão.

2.5.6- Reencarnação

Reencarnação significa a volta da mesma alma humana (também chamado "espírito") a este mundo, assumindo corpos sucessivos, a fim de evoluir e progredir espiritualmente até chegar a perfeição.

Os autores desta doutrina não são unânimes entre si ao explicá-la: uns dizem que o ser humano se reencarna constantemente com o mesmo sexo, outros afirmam variação alternativa; alguns asseveram que a reencarnação tem lugar apenas na Terra, outros a admitem também em outros planetas; uns julgam que é lei geral para todos os espíritos, outros a aceitam apenas para os espíritos muito atrasados ou para os perfeitos, que devem cumprir especial missão na Terra etc.

É curioso o seguinte dado: somente os espíritas dos países latinos, como os do Brasil, aceitam a reencarnação; os anglo-saxões a rejeitam cabalmente. Assim, o conhecido espírita Stainton Moses, que foi para o espiritismo inglês o que Allan Kardec foi para o francês, guiado pelos dois espíritos Kabilla e Imperator, pronunciou-se decididamente contra a reencarnação.

Aliás, o próprio Allan Kardec recebeu mensagens contrárias à reencarnação, como se depreende das passagens seguintes de sua lavra: "De todas as contradições que se notam nas comunicações dos espíritos, uma das mais frisantes é a que diz respeito à reencarnação. Se a reencarnação é uma necessidade da vida eterna, como se explica que nem todos os espíritos a ensinem?" ( O Livro dos Médiuns, c.27,n 8,p.338).

E os gênios?

As pessoas geniais, segundo os reencarnacionistas, seriam os espíritos que se aperfeiçoaram em numerosas encarnações anteriores.

- Tal explicação é gratuita. Quem observa os gênios, verifica que não nasceram sabendo, mas são pessoas que estudam e pesquisam concentradamente ou sem dispersão. Ora , isto supõe inteligência perspicaz e vontade decidida, mas não supõe encarnações anteriores.

Quanto às crianças-prodígio pode-se observar o seguinte:

Muitas vezes as crianças-prodígio são as que aprendem com rapidez e facilidade. Todavia estes predicados se devem à constituição nervosa de tais crianças, de tal modo que raramente elas se tornam pessoas talentosas. Ao contrário, as crianças aparentemente não talentosas, mas dotadas de natureza calma, aprendem de maneira mais contínua, podendo chegar a ser pessoas de importância ou mesmo geniais.

Deve-se também observar que as crianças tidas como prodígios em matemática ou em música, são como as demais crianças em outros setores de atividade intelectual. Ora, verifica-se que os prodígios do cálculo são os mais mecânicos que há, pois as máquinas calculadoras os podem reproduzir (sem ter inteligência); às vezes, pessoas pouco prendadas têm extraordinária facilidade para o cálculo - o que mostra que este não é sinal de prodígio nem genialidade. Algo de semelhante se diga em relação aos prodígios musicais.

O fenômeno da paramnésia (dejavú)

Muitas pessoas que vão pela primeira vez a determinado lugar, têm a impressão de já haver estado aí, reconhecendo o ambiente com as suas características. Pergunta-se: como explicar tal fenômeno, dito de paramnésia, senão pela reencarnação ? Em vida pregressa, a pessoa já teria visitado tal lugar. A propósito pode-se fazer quatro ponderações, que dispensam a reencarnação:

a) Às vezes, a pessoa não esteve conscientemente no lugar, mas lá esteve inconscientemente; ora o inconsciente (mesmo o de uma criança de colo) colhe impressões e as guarda latentes. Digamos, pois, que uma criança seja levada a uma praça pública ou a um cemitério; trinta anos mais tarde supostamente, essa pessoa volta a tal ambiente; compreende-se que o reconheça imediatamente... Afirmará conscientemente já ter visitado o lugar - o que será verdade, não, porém, numa encarnação anterior.

b) Pode acontecer também que a pessoa tenha visto imagens do lugar em fotografias de livros ou filmes - o que leva a crer que já tenha estado no lugar.

c) Existe também a explicação pela hiperestesia. Há pessoas cujo inconsciente é capaz de ler o inconsciente de outrem, como dito. Ora, se vou ao Japão pela primeira vez e tenho a impressão de já ter estado lá, posso perguntar-me se nunca me achei ao lado de uma pessoa que já tivesse estado no Japão. Caso positivo (o que é plausível), eu terei percebido inconscientemente o que o amigo vira conscientemente e trazia no seu inconsciente.

d) Acontece também que há muitos objetos semelhantes, de modo que, ao dizermos que já vimos algo, podemos estar confundindo esse algo com algum semelhante. Em suma, há várias explicações para o fenômeno da paramnésia dotadas de base científica; a única destituída de fundamento seria o recurso à reencarnação.

Aprender é recordar

Há pessoas que aprendem com tanta facilidade que dão a impressão de estar apenas avivando conhecimentos já adquiridos (no caso... adquiridos em vida pregressa). A respeito, observe-se que a arte de estudar e aprender é uma atividade psicossomática; está em relação não só com o psíquico do estudioso, mas também com as suas disposições físicas ou corporais; a imbecilidade. a debilidade mental ou idiotice... são conseqüências de lesões do organismos e, em especial, do cérebro. De outro lado, os espíritos ditos mais 'evoluídos' beneficiam-se de disposições orgânicas e fisiológicas que tornam a aprendizagem mais fácil, imediata e intuitiva. Uma alma bem dotada, num corpo sadio, é naturalmente propensa a célere e perspicaz apreensão da verdade.

Os reencarnacionistas valem-se ainda de outros argumentos para tentar provar a reencarnação. Desses, que menos peso têm do que os anteriores.

As desigualdades

O mais utilizado dos argumentos é o das desigualdades. Se uns nascem aquinhoados física ou psiquicamente, ao passo que outros vêm ao mundo com menos prendas, isto só se pode explicar pelo fato de que uns e outros viveram encarnações, nas quais conseguiram tal ou tal sorte...

Respondemos que é gratuito e vão o pressuposto de que todos devem ter começado a existir em iguais condições físicas ou psíquicas. Deus é soberanamente livre para criar quem Ele queira e como o queira. O que a justi-
ça divina implica, é que cada criatura receba as graças necessárias para chegar à plenitude da perfeição; ora, o Senhor, de fato, chama um dos seres humanos à perfeição e lhe oferece os subsídios para atingí-la, conforme a doutrina cristã. O mundo inteiro está cheio de criaturas variegadas entre si; não há duas folhas absolutamente iguais. É precisamente esta variedade que faz a beleza e a harmonia do universo.

E o sofrimento? ( A lei do Karma)

Insistem, porém, dizendo: Se ainda se podem entender desigualdades físicas e psíquicas, não se pode admitir que Deus seja autor da infelicidade de muitas criaturas; alguns nascem cegos, outros aleijados, outros mentecaptos, uns ricos, outros pobres... Ora, a desgraça só pode ser explicada pelo fato de que cada criatura nesta vida expia os males que cometeu em outra vida; a lei do Karma ensina que "todo ato mau cometido é uma dívida contraída que deverá ser paga; se não o for nesta existência mesma, será paga na seguinte ou nas seguintes".

A esta argumentação respondemos:

A justiça humana exige que o reú castigado saiba por que é punido; o bom senso se revolta contra uma punição que não tenha explicação. Para que eu me possa emendar dos erros pelos quais sou punido, devo saber quais foram. Até mesmo o cão que é castigado por ter sujado a casa, é instruído a respeito da falta que cometeu. Notem-se as sábias palavras de Enéias de Gaza ( +520 aproximadamente): "Quando tenho de castigar meu filho ou meu servo... começo por admoestá-los a fim de se lembrarem bem para o futuro e assim poderem evitar recair no mesmo erro. Não deveria Deus, quando envia as mais terríveis punições, instruir aqueles que as sofrem, a respeito do motivo desses castigos ? Poderia Ele tirar-nos inteiramente a recordação de nossos crimes ?...Que proveito se há de esperar da punição se ninguém nos mostrar qual foi a nossa culpa ? Em verdade, semelhante castigo vai contra o que pretende, irrita e leva à revolta"("Theophrastes",Ed.Migne Grega t.85.302)

Observamos também que a lei do Karma reduz o conceito de Deus ao de um juiz ou tirano inexorável; na verdade, Deus é Pai..., o pai que, conforme a parábola do filho pródigo (Lc 15,11-32), perdoa imediatamente ao filho que se mostre arrependido. A lei do Karma induz ao fatalismo e ao mecanismo físico no plano moral.

A respeito do sofrimento, a doutrina católica não pode apontar a causa precisa pela qual cada criatura sofre... e sofre tais e tais males; aliás, nenhuma outra crença o pode explicar de maneira cabal. Apenas podemos afirmar, segundo a doutrina católica, que Deus, em seu plano sumamente sábio, não se engana nem comete injustiça; um dia, todos saberemos o porquê dos desígnios do Senhor. Entrementes, pode-se dizer que o sofrimento nem sempre é punição de pecados pessoais, mas é sempre providencial; vem a ser a ocasião de crescimento interior, de tal modo que quem não sofre, se amesquinha ou se fecha no egoísmo; a natureza humana é tal que ela se beneficia enormemente na escola do sofrimento. A justiça de Deus consiste em ministrar a todo homem os subsídios necessários para carregar a sua cruz com grandeza d´alma e generosidade, de modo que adquira méritos.

Reencarnação nas Sagradas Escrituras

Dois tópicos vêm especialmente ao caso:

a) Elias e João Batista. Há quem cite os seguintes textos do Evangelho:

Lc 1,17: Diz o anjo Gabriel :"(João Batista) seguirá diante dele (o Messias) no espírito e na virtude de Elias”

Mt 11,14s : "Se quiserdes compreender, ele mesmo (João Batista) é Elias, que deve vir”, diz Jesus.

Estes textos parecem insinuar que João Batista era a reencarnação de Elias. Todavia é de se notar que João Batista declarou peremptoriamente a uma comissão de judeus que o interrogavam a respeito: "Não sou Elias" (Jo 1,21) Mais : no monte da Transfiguração apareceram a Jesus, Moisés e Elias (cf Mt 17,3). Ora, naquele tempo João já fora executado por Herodes ou já morrera. Por conseguinte, deveria aparecer a Jesus, João Batista e não Elias, conforme a doutrina da reencarnação, pois esta ensina que, quando o espírito se materializa, sempre se apresenta na forma da última encarnação. - Donde se vê que João Batista não era a reencarnação de Elias.


Os textos do Evangelho devem ser explicados no sentido de que João Batista havia de desenvolver um papel semelhante ao de Elias : seria destemido e corajoso ao incitar os homens à conversão.

b) O renascer em Jo 3: Os reencarnacionistas citam, outrossim, a seguinte afirmativa de Jesus: "Se alguém não nascer ánoothen, não poderá entrar no Reino de Deus (Jo 3,3)". A palavra ánoothen pode significar de novo como também do alto. Os espíritas a traduzem por de novo, e assim tentam provar que Jesus ensinou a nascer de novo (em nova encarnação). Todavia o contexto de Jo 3 mostra bem que o sentido de ánoothen, no caso , é do alto. Jesus incutiu o nascer do alto. Com efeito, Nicodemos, confuso pelo que Jesus dissera, perguntou logo a seguir: "Como pode nascer um homem sendo velho ? Poderá entrar segunda vez no seio de sua mãe e voltar a nascer ?" - Jesus logo dissipou a dúvida, explicando que não se tratava de renascer no sentido biológico, mas sim, de nascer de outro modo, ou seja, pela água e pelo Espírito: "Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus" (Jo 3,5) Donde se vê que também esta passagem bíblica não prova a reencarnação. Leve-se em conta, outrossim, os dizeres de Hb 9,27:

"É um fato que os homens devem morrer uma só vez; depois do quê, vem o julgamento". Palavras de São Paulo, inspirado por Deus.

É, pois, inadequada a argumentação bíblica aduzida em favor da reencarnação.

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