Como distinguir a fé católica da heresia

“Perguntando eu com toda a atenção e diligência a numerosos varões, eminentes em santidade e doutrina, que norma poderia achar segura para distinguir a verdade da fé católica da falsidade da heresia, eis a resposta constante de todos eles: quem quiser descobrir as fraudes dos hereges nascentes, evitar seus laços e permanecer íntegro na sadia fé, há de resguardá-la, sob o duplo auxílio divino: primeiro, com a autoridade da lei divina e segundo com a tradição da Igreja católica. Ao chegar a este ponto, talvez pergunte alguém: sendo perfeito como é o cânon das Escrituras e suficientíssimo por si só para todos os casos, que necessidade há de se acrescentar a autoridade da interpretação da Igreja? A razão é que, devido à sublimidade da Sagrada Escritura, nem todos a entendem no mesmo sentido, mas cada qual interpreta à sua maneira as mesmas sentenças, de modo a se poder dizer que há tantas opiniões quantos intérpretes. De uma maneira a expõe Novaciano, diversamente Sabélio, Donato, Ário, Eunômio, Macedônio; de outra forma Fotino, Apolinário, Prisciliano; de outra, ainda, Joviniano, Pelágio, Celéstio ou Nestório. Portanto, é necessário que, em meio a tais encruzilhadas do erro, seja o sentido católico e eclesiástico o que assinale a linha diretriz na interpretação da doutrina dos profetas e apóstolos. E na própria Igreja Católica deve-se procurar a todo custo que nos atenhamos ao que, em toda a parte, sempre e por todos foi professado como de fé, pois isto é próprio e verdadeiramente católico, como o diz a índole mesma do vocábulo, que abarca a globalidade das coisas. Ora obtê-lo-emos se seguirmos a universalidade, a antigüidade e o consentimento. Pois bem: seguiremos a universalidade se professarmos como única fé a que é professada em todo o orbe da terra pela Igreja inteira; a antigüidade, se não nos afastarmos do sentir manifesto de nossos santos pais e antepassados; enfim, o consentimento, se na mesma antigüidade recorrermos às sentenças e resoluções de todos ou quase todos os sacerdotes e mestres”

(Vicente de Lérins, +450, Comonitório)

SÃO VICENTE DE LÉRINS (SÉC. V)

Santo pensador e escritor que muito contribuiu para a edificação da Igreja na França do século V. Nascido no norte da França, São Vicente de Lérins, viveu sua juventude em busca das vaidades do mundo e tornou-se militar, até que encontrou-se pessoalmente com Cristo e começou seu processo de santidade.

Caminhando com Deus, entrou na vida monástica e nesta, se despontou como teólogo e escritor famoso, além de se tornar o abade responsável pela reforma no mosteiro de Lérins e de tê-lo transformado em escola de bispos e santos. Como teólogo, combateu a doutrina ariana que afirmava que Jesus não era Deus; venceu também o nestorianismo que ia contra a maternidade divina de Maria, além de chocar-se com a mentira do pelagianismo, o qual via o esforço humano como o necessário para a salvação.

São Vicente de Lérins combateu contra forças espirituais e pecaminosas; usou também de seus escritos para introduzir o povo neste caminho de santidade. Religioso modelar, viveu sempre monge e formador, até que entrou para o Céu no ano de 450.

São Vicente de Lérins, rogai por nós!

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