Quem nunca ouviu falar de Abraão, o pai da fé? Aquele que foi capaz de abandonar o que tinha por causa de Deus.
Não faz sentido dizer conhecer tal homem sem ter lido ou ouvido falar de Gn 12, onde está escrito a vocação dele.
Abraão viveu numa época em que muitos lutavam por terra, o mais valioso bem que um homem poderia ter. Todos os os que tinham um pedaço de terra para morar, cuidar de seus animais era um felizardo e fazia de tudo para mantê-la, se fosse o caso, até lutar, já que esse bem constituía a garantia de sobrevivência para todos os descendentes.
Um dos patriarcas pertence, provavelmente, a uma série de imigrantes, que entre 200 a 1700 a.C invadiram a Síria e Canaã, vindos do deserto sírio-arábico e da Mesopotâmia. Conforme uma tradição, a sua terra foi Haram (Gn 12,4); conforme outra, foi Ur dos Caldeus, cidade essa que estava ligado através de seu pai Taré. Como relata (Ne 9,7; Jt 5,6). Os caldeus eram povos politeístas, ou seja, adoravam ou aceitavam a existência de mais de um deus, porém não eram ativos na vida de ninguém, e sim, deuses passivos, que só recebia as oferendas, mas não agiam, eram projetados pelo homem. Deuses que nunca prometiam algo, pois não poderiam cumprir, já que não existiam. Porém, Deus (o criador) fez algo que nenhum outro havia feito antes: prometeu uma terra para ele e seus descendentes.
A promessa que Deus fez para ele e seus descendentes parecia atraente, realmente! Deus prometeu uma terra plena para que todas as gerações de Abraão morassem. Para quem não tinha um lugar fixo para morar essa promessa era a melhor que alguém poderia fazer-lhe. E é aí que está o grande mistério de Abraão. Ele tomou a promessa de Deus(o Criador) como uma verdade e se lançou na estrada em busca daquilo que nenhum outro deus havia prometido. Por trás da fé de Abraão estava a confiança e, acima de tudo, a renúncia, pois foi capaz de abandonar aquilo que ele tinha, apesar de pouco, para ir em busca do que "ainda" não possuía. Daí sua fama como pai da fé.
Diferentemente dos projetados pelos homens, o Deus de Abraão era um Deus que quis se revelar ao homem e se deixar conhecer. Abraão notou essa atitude divina e abraçou as provações, as dificuldades que iria enfrentar para obter a terra que mana leite e mel. Esse Deus demonstrou-se ser o único, pelos seus projetos e atitudes. Por mais que Abraão não soubesse que este era o único e verdadeiro Deus, ele sabia que era o maior e o melhor de todos os deuses.
Abraão realmente deu um tiro no escuro num alvo que ele acreditava já ter acertado. A força da renúncia de Abraão está em renunciar terra, casa, família, que era valioso para ele para ir em busca de algo que ainda não tinha, mas que brevemente teria.
Deus em todo momento quis que Abraão tivesse uma terra fértil, pura, maravilhosa, para que ele pudesse habitar junto àqueles que o cercava. Abraão gostaria de uma terra que tivesse todos esses quesitos, porém Deus sabia que a melhor terra era aquela que tivesse Sua mão, mas Deus por Sua Sabedoria quis que ele confiasse e se lançasse em busca dessa terra prometida. Nossa terra prometida, assim como a de Abraão é uma terra celestial.
Ninguém nos força a buscar a Deus, simplesmente buscamos por nossa própria vontade. Ou por acaso alguém colocou uma arma em sua nuca e te obrigou a servi-lo? Assim como fez com Abrão ele faz conosco, nos convida a uma terra que mana leite e mel, a uma terra santa, a uma terra plena, livre de qualquer mácula.
Abraão teve que renunciar tudo que tinha para ir em busca da vontade de Deus. Ele renunciou o que tinha de bom, para obter algo melhor, algo que vinha do próprio Deus. Quantas vezes abandonamos nossa vontade para fazermos a vontade de Deus? Se sua resposta foi “várias vezes”, afirmo-te, ainda não é o suficiente. Devemos renunciar todos os dias, todos os instantes, tudo o que não pertence ao plano de Deus, a fim de obtermos O Melhor, a vida eterna, a Salvação. Basta termos fé, e nos lançarmos no plano salvífico de Deus e suas promessas se realizarão em nossas vidas.

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