exame protestante.
Reconhecer nossa incapacidade, sim, pois a primeira impressão de qualquer pessoa que lê esses trechos sobre Nossa Senhora é de que Cristo Nosso Senhor deu um duro tratamento à Sua santa mãe. No entanto, quando alguém nos explica, o que ocorre é bem diverso.

Note o que explica Santo Agostinho sobre um desses trechos de São Lucas:

Sobre Lc. 11, 27-28: 27 "Enquanto ele assim falava, uma mulher levantou a voz do meio do povo e lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram! Mas Jesus replicou: Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a observam!"

O santo, então, ensina:

“Isso significa: Minha mãe, ela mesma, a quem chamais de feliz (bem-aventurado), é feliz porque guarda a palavra de Deus. Não é feliz somente porque nela a Palavra “se fez carne e habitou entre nós”(Jo 1,14). É feliz porque guardou essa mesma palavra de Deus, por quem foi feita e que nela se fez carne. Logo, que as pessoas não se alegrem por sua posteridade temporal, mas sim, exultem pelo espírito com que estão unidas a Deus.” (Comentário do Evangelho de João X, 3., in Agostinho, Santo, A Virgem Maria - Cem textos Marianos com comentários, Paulus, 3a. ed.)

Ou seja, nessa passagem Cristo ensina uma determinada verdade, a da posteridade espiritual, que se aplica também e muito apropriadamente a Maria. Cristo se opõe à idéia arraigada nos judeus de que era a posteridade temporal que importava, por causa da lei.
O trecho então não representa de maneira nenhuma desprezo por Maria Santíssima, o que Cristo nunca poderia fazer: mas ao contrário é a afirmação da superioridade da graça em relação à lei.

Sobre o trecho de Lc 8, vs 19-21: "A mãe e os irmãos de Jesus se aproximaram, mas não podiam chegar perto dele por causa da multidão. Então anunciaram a Jesus: «Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem te ver.» Jesus respondeu: «Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática.»"

ou também Mt 12, 50: "Disse-lhe alguém: Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te. Jesus respondeu-lhe: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe."


Comenta Santo Agostinho:

"O Senhor indica assim, o parentesco espiritual que o liga ao povo por ele redimido. Conta como irmão e irmã a todos os homens e a todas as mulheres que se tornam santos, por serem seus co-herdeiros na herança celestial. Sua mãe é a Igreja inteira, pois, pela graça de Deus, ela dá à luz os seus membros que são os fiéis. Além do mais, sua mãe é ainda toda alma piedosa que cumpre a vontade de seu Pai e cuja fecundíssima caridade manifesta-se naqueles que ela gera para ele, até que o próprio Cristo seja neles formado. (Gl 4,19). Portanto, Maria ao fazer a vontade de Deus é, corporalmente, só a mãe de Cristo; mas, espiritualmente, é também a sua mãe e irmã." e ainda: “Logo, isso acontece com Maria, visto que ela sempre está a fazer a vontade do Pai.(...)” (Agostinho, Santo, A Virgem Maria - Cem textos Marianos com comentários, Paulus, 3a. ed., Pág. 54).


Portanto, novamente, nenhum desprezo a Maria.
Ao contrário, é a afirmação da superioridade da Nova Aliança, da qual Maria participa absolutamente, ao fazer a vontade de Deus.

No trecho de Lc 2, vs 49-50 vemos a manifestação da natureza divina em Cristo, ao revelar sua missão como Filho de Deus: "Sua mãe lhe disse: «Meu filho, por que você fez isso conosco? Olhe que seu pai e eu estávamos angustiados, à sua procura.» Jesus respondeu: «Por que me procuravam? Não sabiam que eu devo estar na casa do meu Pai?» Mas eles não compreenderam o que o menino acabava de lhes dizer."


Aqui a intenção de Cristo é mostrar sua natureza divina, e de forma alguma ofender seus pais.
Tenha em mente que se Cristo nunca se revelasse como Filho de Deus no Evangelho, e somente como filho de Maria, se levantariam os hereges de todos os matizes para dizer que Cristo foi um simples homem.
E olhe que mesmo com as passagens que afirmam a divindade de Cristo, como esta citada, o mesmo Santo Agostinho nos informava que bem antes de Ario os Cerintiani já afirmavam que Cristo não era Deus! (Agostinho, Santo, Le Eresie - Catalogo e confutazione delle eresie del mondo antico, Ed. Mimesis, Italia, pág. 45)

Sobre o trecho de Jo 19 , vs 26-27: "Jesus viu a mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava. Então disse à mãe: «Mulher, eis aí o seu filho.» Depois disse ao discípulo: «Eis aí a sua mãe.» E dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa.", reproduzo o trecho de um artigo do site (As bodas de Caná):

"(...)Quando Nossa Senhora disse a Cristo : "Eles não têm mais vinho", a resposta de Nosso Senhor à sua Mãe, à primeira vista, pareceria dura àqueles que não possuem verdadeira compreensão da Sagrada Escritura. Disse Ele: "Quid mihi et tibi est, mulier? Nondum venit hora mea" _ "mulher, que temos Eu e tu com isso? Ainda não chegou a minha hora". ( Jo. II, 4).
Os protestantes se rejubilam, porque, segundo eles, Cristo teria dado uma resposta dura senão grosseira à sua Mãe, por chamá-la simplesmente de "mulher" e não de Mãe. Na sua malícia esses protestantes nem se dão conta que, dizendo isso, estão acusando ao próprio Cristo Deus de faltar com a honra devida aos pais, como também de faltar com a virtude da mansidão.
Ora, examinando-se melhor a resposta de Cristo, se vê como ela é, de fato, elogiosa para com a Virgem Maria. Em primeiro lugar, convém lembrar que Ele a chamou de "mulher", também no Calvário, dizendo do alto da Cruz: "Mulher, eis aí o teu filho" ( Jo. XIX, 26).
Chamando-a de "Mulher", Ele fala como Deus à sua criatura. Mas, ainda mais importante do que isso para compreender o texto, é que Cristo chama sua Mãe Santíssima de "Mulher", para que todos reconheçam nela aquela "mulher" que profetizou no Gênesis, quando amaldiçoou a serpente: "Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua raça e a dela, e ela mesma te esmagará a cabeça" (Gen. III, 15).
Cristo, então, chama sua Mãe de mulher, para que todos reconheçam nela a mulher , aquela que esmagou a cabeça da serpente ao consentir na Encarnação do Verbo, "Semine ejus", o Filho de Deus nascido de Maria Virgem. E assim como de Cristo se disse bem propriamente "Ecce Homo" – Eis o Homem -- , assim também é próprio dizer da Virgem Maria Mãe de Deus: "Ecce Mulier" , Eis a Mulher, Mater et Virgo, aquela que possui as duas perfeições mais importantes da "Mulher": ser Mãe e ser Virgem.
São Tomás comenta que Cristo chama Maria de mulher, para mostrar que Ele era Filho de Deus e de uma mulher, a fim de combater todas as heresias gnósticas, como a dos maniqueus e a dos cátaros, que condenavam a matéria como sendo má em si, e obra do deus do mal. Por isso, maniqueus e cátaros condenavam a mulher, o casamento e a procriação. Afirmando-se também como filho de uma mulher, Cristo condenava as heresias que negariam a sua humanidade, como iam fazer os eutiquianos, que afirmavam ter tido Ele apenas um corpo aparente e não verdadeiro.
Por tudo isso, convinha muito que o Evangelho salientasse que ela era "a mulher" e que afirmasse ser ela a mãe de Jesus: "E Mãe de Jesus estava aí". Por isso também São Paulo afirma? "Deus enviou seu Filho, nascido de mulher" (Gal. IV,4). (...)"

Esperando ter ajudado a solucionar suas dúvidas, pedindo suas orações à nossa boa Mãe,

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