“Além disso, a igreja católica ensina, mesmo que discretamente, ser Maria Mãe de Deus em todos os sentidos”


É lamentável o seu argumento de que “a igreja católica ensina, mesmo que discretamente” que Maria é Mãe de Deus no sentido de que Deus só começou a existir a partir do momento em que foi concebido por Maria. A Igreja jamais ensinou isso. Mas, para “confirmar” o seu argumento, o senhor cita uma frase “da Internet”:



“Maria não é a mãe apenas da carne humana, mas de toda a realidade de seu filho, que tinha uma só pessoa (a Divina)” (pág. 20)



Se não houver má vontade na interpretação desta frase, será percebido que ela comporta toda a verdade cristã explicada detalhadamente acima. É só reler tudo o que eu escrevi e verá se a frase tem ou não razão. Repetindo: não se divide o Senhor ao meio, a Pessoa é única. Todavia, desconheço qualquer tipo de ensinamento da Igreja mesmo que discreto nessa linha. A Igreja é bastante clara nos seus ensinamentos. O que estou escrevendo aqui, não é conclusão minha, mas é ensinamento oficial da Igreja e isso vem mostrar que a Igreja não ensina nem discretamente nem diretamente essa doutrina que o senhor levantou. Ao contrário, o título “Mãe de Deus” vem se impor perante as heresias que colocavam em dúvida a Deidade de Nosso Senhor. A Igreja deu este título à Maria para confirmar cada vez mais a Divindade do seu Filho, pois Maria é Mãe do “menino... sobre seu ombro está o manto real, e ele se chama ‘Conselheiro Maravilhoso’, ‘Deus Forte’, ‘Pai para sempre’, ‘Príncipe da Paz’” (Is 9,5).



Sei que, como o senhor já havia me dito pessoalmente, as decisões conciliares da Igreja não representam nada para os protestantes. Contudo, não estou querendo provar nada aqui através dos Concílios, mas apenas mostrar o que de fato é a opinião oficial da Igreja, que tão facilmente é mal interpretada.



E veja: mais difícil de entender que Deus teve uma Mãe, ainda é entender que Deus se fez homem, e mais do que isso, que morreu numa cruz. E, no entanto, a fé cristã sempre professou isso sem medo de que fosse levado a extremo ou que, por má interpretação, se diminuísse a grandeza de Deus. O que para “os judeus é escândalo, para os pagãos é loucura” (1ª Cor 1,23), para os cristãos sempre foi Verdade de fé.



Na página 20 o senhor afirma com razão que a palavra grega Θεοτόκος (lê-se Theotókos), ou seja, Mãe de Deus, não está na Bíblia. Contudo se esquece que há algo muito similar. Isabel, cheia do Espírito Santo por ter ouvido a saudação da Mãe do Salvador (cf. Lc 1,41) assim exclamou: “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar?” (Lc 1,43). Senhor, em grego Κύριος (lê-se Kírios) é usado na Bíblia como título de Deus e, seguramente, o Senhor de Isabel é o Senhor Deus e não o Senhor Humano. Ou será que Isabel chamou de Senhor somente a parte humana de Jesus? Certamente Isabel não fez essa divisão na Pessoa do Senhor e, portanto Isabel falou: Mãe do meu Deus (cf. At 10,36 compare com Dt 10,17).



“Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus” (Calvino, grande nome do protestantismo, Comm Sur I’Harm Evang. 20).

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