A exortação apostólica Christifideles Laici, foi publicada em 31 de dezembro de 1988, por João Paulo II, logo após o Concílio Vaticano II. O Concílio falou amplamente sobre os leigos na Constituição dogmática Lumen Gentium e no decreto Apostolicam Actuositatem.

O 20º aniversário deste documento nos permite recordar ensinamentos bastante atuais, porque o mundo necessita hoje mais do que nunca, da ação de fermento de homens e mulheres comprometidos em sua fé católica.

Christifideles laici está dividida em uma introdução e cinco capítulos que giram em torno às imagens bíblicas da vinha. Vinha que é propriedade de Deus. Vinha na qual os homens são convidados a trabalhar. Vinha na qual dá fruto o ramo enxertado ao tronco.

Ao longo do documento aparecem muito bem trabalhados os ensinamentos do Vaticano II, as proposições aprovadas pelo Sínodo de 1987, outras reflexões e documentos, especialmente de Paulo VI e do próprio Papa João Paulo II.

A introdução evidencia a continuidade em relação ao Vaticano II, e as novidades históricas que se produziram nos últimos 20 anos. Uma atenção especial recebe o problema do secularismo, essa tendência de arrancar do coração dos homens a recordação de Deus e do religioso (n. 4). Sublinha-se a importância da dignidade da pessoa, que por um lado é amplamente reconhecida em muitos setores do mundo moderno, e por outro, é pisoteada através de injustiças como o aborto, o abandono de crianças, a pobreza em muitos lugares do planeta (n. 5).

O capítulo I explica o que é o leigo e que sua dignidade consiste em receber de Deus a graça do batismo. A partir da ação sacramental, se converte em filho no Filho, membro da Igreja, templo do Espírito Santo. Neste capítulo se evidencia uma das funções chaves do leigo: a santificação do mundo.

O capítulo II aprofunda a inserção do leigo na Igreja, e oferece uma série de chaves para compreender as diversas associações a partir das quais os batizados participam na vida eclesial. Recebe uma menção especial a Ação Católica, chamada a ajudar os fiéis em sua condição laical, sob a orientação dos bispos.

O capítulo III aborda o tema do papel dos leigos dentro da Igreja missionária. João Paulo II indicava com clareza a urgência de empreender uma “nova evangelização”. Ao mesmo tempo, assinalava os diversos âmbitos de ação dos leigos: a defesa da dignidade da pessoa, da vida, da família; a caridade como esforço por viver de modo solidário; o compromisso político, superando medos que impedem muitos de participar ativamente na vida pública; o mundo do trabalho e a economia; o vasto campo da cultura, para superar o divórcio entre a cultura e o Evangelho que tinha sido já denunciado por Paulo VI na Evangelii Nuntiandi.

O capítulo IV apresenta as distintas vocações ou situações nas quais se desenvolve a vida do leigo, desde a infância até a velhice, na saúde e na doença, e na rica e complementar distinção entre homens e mulheres. Os parágrafos dedicados aos jovens sublinham como eles não podem ser simples destinatários da evangelização, mas sim protagonistas, chamados a renovar as sociedades às quais pertencem.

O capítulo V exorta a cultivar a relação entre cada batizado e Cristo, como o ramo que está unido à videira. Isso implica promover uma “formação integral e permanente dos fiéis leigos” (n. 57), que permita conhecer e viver a própria vocação e missão, e que seja não somente algo passivo, mas sim ativo: o leigo bem formado pode ajudar de modo eficaz à formação de outros leigos.

A Exortação Christifideles Laici merece ser recordada, lida, inclusive aplicada com novas energias, depois de 20 anos de sua publicação. Os leigos têm papel indispensável na Igreja e no mundo, porque a graça de Cristo continua presente em tantos e tantos corações, aos quais impulsiona dar abundantes frutos na caridade.

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