Desde o Antigo Testamento encontramos citações bíblicas que falam da importância de reservarmos uma dia para o Senhor. Percebemos um destaque todo especial em guardar o sábado. Essa era uma lei levada muito a sério pelos judeus. Assim:

“Trabalharás durante seis dias, e farás toda a tua obra. Mas no sétimo dia, que é um repouso em honra do Senhor, teu Deus, não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem tua serva, nem teu animal, nem o estrangeiro que está dentro de teus muros. Porque em seis dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo o que contêm, e repousou no sétimo dia; e por isso. o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou.” (Ex 20, 9-11).

Percebemos que no Novo Testamento Jesus também dedicava o sábado ao seu Pai. Basta conferir Lucas 4. Porém ele percebia que havia uma rigorosidade exagerada em relação ao cumprimento dessa lei. A partir daí compreendemos suas palavras: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado” (Mc 2, 27).
Com a ressurreição de Cristo o “primeiro dia da semana” assume um significado todo especial, por isso muitos cristãos se reuniam para a “fração do pão” neste dia. (cf. At 20,7). Como o cristianismo em Israel nasceu fortemente ligado ao judaísmo, o descanso sabático foi inicialmente preservado pelos cristãos. No grande concílio do séc. I no chamado Concílio de Jerusalém, Tiago (sucessor de Pedro na liderança da comunidade de Jerusalém) intervém em favor do cumprimento de alguns preceitos judaicos por parte dos cristãos que vinham do judaísmo. Nesse sentido entendemos porque muitas passagens do Novo Testamento mostram atividades dos cristãos parecidas com as dos judeus.
Com o passar do tempo o significado do domingo para os cristãos foi sendo bastante refletido e foi ganhando mais importância do que o costume judaico de guardar o sábado. Até que Constantino, imperador romano, em 325 reconhece o domingo como feriado oficial (Henrique Cristiano: 1997). Infelizmente muitos, erroneamente, afirmam que foi Constantino quem obrigou os fiéis a guardarem o domingo. Sabemos que na verdade não foi bem assim. Essa valorização do domingo já era presente na prática dos primeiros cristãos, como vimos anteriormente. Os romanos, com quem os primeiros cristãos tiveram muito contato, tinham o costume de relacionar os dias da semana com os astros e o domingo era o “dia do sol”. Isso também ajudou para que os cristãos cristianizassem tal costume, celebrando neste dia o dia do sol maior, da luz de todos os homens, que é Jesus.
Hoje a Igreja ensina piamente que devemos guardar domingos e dias de festa. Porém este “guardar” vai mais além do que muita gente pensa. Muitos acham que guardar significa unicamente descansar. Mas a Igreja nos ensina que nos domingos e os dias santos devemos dedicar um tempo maior aos familiares e a Deus através da participação na vida litúrgica da comunidade, sobretudo da celebração eucarística. Assim nos ensina o Catecismo da Igreja católica:
§2177 A celebração dominical do Dia e da Eucaristia do Senhor está no coração da vida da Igreja. "O domingo, dia em que por tradição apostólica se celebra o Mistério Pascal, deve ser guardado em toda a Igreja como dia de festa de preceito por excelência."
"Devem ser guardados igualmente o dia do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Epifania, da Ascensão e do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, de Santa Maria, Mãe de Deus, de sua Imaculada Conceição e Assunção, de São José, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e, por fim, de Todos os Santos."
§1343 Era sobretudo "no primeiro dia da semana", isto é, no domingo, o dia da Ressurreição de Jesus, que os cristãos se reuniam "para partir o pão" (At 20,7). Desde aqueles tempos até os nossos dias, a celebração da Eucaristia perpetuou-se, de sorte que hoje a encontramos em toda parte na Igreja, com a mesma estrutura fundamental. Ela continua sendo o centro da vida da Igreja.

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