Segundo a tradição pastoral da Alemanha, cada comunidade é uma paróquia e conta com um ou mais padres. Acontece que as vocações sacerdotais na sociedade secularizada tornaram-se escassas. Também a crise financeira global atinge a Igreja. Por isso procura-se integrar e fundir várias comunidades em uma nova "unidade pastoral". Na prática, extinguem-se várias paróquias para fundi-las numa paróquia nova, maior. Também os respectivos conselhos pastorais são extintos, para se construir um conselho único da nova unidade pastoral. O mesmo se diga das diretorias administrativas.



Com uma nova sede paroquial, com um novo nome (o padroeiro) dispensam-se pessoas contratadas (secretárias, organistas etc). Procura-se alugar ou vender prédios, inclusive antigas casas paroquiais, agora dispensáveis.



É um processo de dez anos, doloroso, com defensores convictos e críticos ácidos. Os defensores da nova estruturação tem claro que, se faltam padres para atender tantas comunidades, devem-se reduzir as comunidades para viabilizar seu atendimento por menos padres. O mesmo se diga do dinheiro: Não há recursos? A Igreja deve se desfazer de prédios e economizar em horários de atendimento nas secretarias e dispensar auxiliares pastorais.



Há certo clamor contra as "comunidades do futuro" porque a Igreja estaria se afastando das pessoas, quando o Concílio Vaticano II deseja que partilhe "alegrias e esperanças, tristezas e temores". Seria um cristianismo anônimo, sem o rosto concreto das comunidades atuais.



Pergunta-se também por quê as comunidades atuais devem morrer só porque não há padres em número suficiente para coordenar os conselhos paroquiais, as diretorias e os vários serviços pastorais, como a catequese e a liturgia. Isto poderia ser feito por lideranças leigas. Inclusive há um número elevado de teólogos leigos, mulheres e homens, na Igreja alemã.



Mesmo as Missas, na falta de padres, poderiam ser substituídas por celebrações da Palavra de Deus e não simplesmente adaptar os encontros dominicais das comunidades ao número de padres disponíveis.



Entre nós temos a tradição das muitas comunidades com rosto próprio, atendidas por fiéis leigos, formados e instituídos para tal finalidade e em comunhão com o padre que as preside. É o ideal da Igreja na América Latina: a paróquia como comunidade de comunidades.

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