Os Bispos católicos da América Latina e do Caribe chamaram a atenção das lideranças para a conversão pastoral. Certamente há uma dimensão pessoal: meu testemunho condiz com a missão da Igreja? Vai de encontro à cultura moderna? Ou é uma voz que clama no deserto, pois não encontra eco no coração das pessoas?


Há também uma dimensão estrutural. Pergunta-se até que ponto a Igreja está inserida na sociedade atual de modo dialogal, como quem presta um serviço à sociedade. O Concílio Ecumênico Vaticano II orientou a Igreja Católica assim: Não ser estrangeira no seu próprio país; não ser dominadora, nem clericalista, mas dialogar e testemunhar com palavras e obras o Evangelho. A conversão pastoral supõe a capacidade de revermos nossas atitudes, nosso modo de oferecer o Evangelho e nosso serviço à sociedade.



Um dos pontos de atrito com parte da elite brasileira são as obras de saúde, de ensino e de assistência social. A Constituição da República favorece estas obras isentando-as de tributos e impostos (filantropia).



Há neste campo duas novidades: Hoje as grandes empresas e os bancos reivindicam para eles esta missão, sob a capa de responsabilidade social. Naturalmente tem em vista também os recursos financeiros correspondentes.



Para dar cobertura às novas agências filantrópicas elaborou-se um conceito de “Estado laico” de cunho anticlerical, contra a presença ativa da Igreja na sociedade. Cassa-se o direito à voz da Igreja. Condena-se a Igreja a permanecer na sacristia, fora da sociedade. Nada de luz, sal e fermento. A Igreja fique na sacristia ou vá para o deserto.



No Rio Grande do Sul os Bispos e os Superiores de Congregações (Provinciais) criaram uma Comissão de Filantropia, que busque formas de manter vivas e operantes as obras beneficentes, usando da isenção fiscal, garantida pela Constituição. Contra militam forças poderosas, como a Força Tarefa dos Procuradores. O ideal seria que se reformasse a Carta Magna, para que a Igreja pagasse a ação pelos pobres e pagasse impostos ao Estado por esta ação? Seria uma ação legal.



Em vez disto se intimidam as pessoas, procura-se inviabilizar as obras e se denunciam os que acreditam ser melhor para a democracia não renunciar aos direitos constitucionais, mesmo à custa da difamação, do cárcere e da obstrução à ação em favor dos pobres.



A Igreja pode até rever sua maneira de se inserir na sociedade. Mas não pode renunciar à sua opção evangélica e preferencial pelos pobres.

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