Homilia do padre José Augusto na Missa de Quarta-feira de Cinzas na Canção Nova, após o Acampamento de Carnaval.

'Quaresma é tempo de silêncio'

"Misericórdia ó Senhor, pois pecamos" (Salmo 50).

Percebam como a Igreja está hoje, a melodia do Salmo é uma melodia triste. O clima da Igreja é este, entramos num clima de reflexão, não é de alegria, gritos, é de tristeza.

Deus é amor, é bom, mas nossas atitudes não são boas diante d'Ele, e a Igreja está dizendo a este Deus que é bom: "Tende piedade". Nós não vamos chegar pulando diante de Deus pedindo perdão, não é tempo dos católicos ficarem dançando com euforia, são quarenta dias de "tristeza". É tempo dos cristãos estarem revestidos de cinzas pedindo a Deus perdão.

Por ser quarenta dias, temos a tendência de esquecer. Antigamente se levava mais a sério esse tempo, agora vivemos a quaresma sem esse clima de tristeza.

“Agora, diz o Senhor: "voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos” (Joel 2, 12).

Por que lágrimas? Porque o povo vivia longe de Deus. O pecador vai diante de Deus chorando, quarenta dias de choro, lágrimas.

“Tocai trombeta em Sião, prescrevei o jejum sagrado, convocai a assembléia; congregai o povo, realizai cerimônias de culto, reuni anciãos, ajuntai crianças e lactentes; deixe o esposo seu aposento, e a esposa, seu leito” (Joel 2, 15-16).

Se reúnam para rezar, Deus está pedindo. É preciso olharmos como estamos diante de Deus.

É preciso fazer penitência. Tem gente que não consegue viver sem música, então faça penitência de não ouvir músicas, ou então escute as músicas da paixão de Cristo para refletir. É tempo de dizer misericórdia, é tempo de pararmos e refletirmos como estamos diante de Deus.

Hoje é dia de jejum, e toda sexta-feira desses quarenta dias devemos fazer jejum. A Igreja é mãe, para quem tem de mais 60 anos ela libera o jejum. Quem está sob prescrição médica não tem como fazer jejum, mas quem tem saúde a partir de hoje é dia de jejum.

O que fazemos no tempo da quaresma? Existem três práticas que devemos fazer no período da quaresma:

1ª prática é a esmola. Somos egoístas e pensamos somente em nós, acumulamos muitas coisas e não pensamos naqueles que precisam. Tem mulher que tem tanto sapato guardado, roupas... Na Canção Nova fazemos o retiro da boa morte, na primeira quarta-feira do mês pegamos tudo aquilo que está acumulado e doamos para quem precisa.

2ª prática é o jejum. Fazemos o jejum, nos abstemos de comer, e o que fazer com a comida que eu não como? Tenho que doar o que eu não como para quem não tem. De repente faço aquele jejum, deixo a comida na geladeira, a comida estraga e depois jogo no lixo. Tem gente que faz penitência de não comer chocolate, mas quando ganha o chocolate, guarda para comer na páscoa, de que adiantou? Precisa doar para quem não tem.

3ª prática é a oração. Estamos no tempo de rezar. Quem não reza, está na hora de rezar; quem já reza, precisa rezar mais, ler a Sagrada Escritura. Peça ao Espírito Santo para te inspirar.

Precisamos fazer essas coisas porque somos pecadores. Se não tivermos esses quarenta dias de reflexão, vamos achar que está tudo bem na nossa vida. Quaresma é tempo de silêncio. Vamos entrar no clima de oração e reflexão e vamos ver como estamos de verdade.

O Papa Bento XVI fala em sua mensagem da Quaresma: "Comentando a ordem divina, São Basílio observa que "o jejum foi ordenado no Paraíso", e "o primeiro mandamento neste sentido foi dado a Adão". Portanto, ele conclui: O 'não comas' é, portanto, a lei do jejum e da abstinência". Resumindo, ele diz que a prática do jejum nos leva a confiar em Deus e a evitar o pecado. O jejum deve nos levar a tomarmos consciência da necessidade do próximo.

Quero falar para a Comunidade Canção Nova, vocês sabem que temos um motivo para jejuarmos, por isso, não brinquem! Eu preciso levar a sério a questão do jejum esse ano, não estou cobrando de ninguém, mas cada um sabe do que precisa. Temos um motivo a jejuarmos.

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