“Cristo Jesus, aquele que morreu, ou melhor, que ressuscitou, aquele que está à direita de Deus e que intercede por nós” (Rm 8,34), está presente de múltiplas maneiras em sua Igreja: em sua Palavra, na oração de sua Igreja, “lá onde dois ou três estão reunidos em meu nome” (Mt 18,20), nos pobres, nos doentes, nos presos, em seus sacramentos, dos quais ele é o autor, no sacrifício da missa e na pessoa do ministro. Mas “sobretudo (está presente) sob as espécies eucarísticas”.

O modo de presença de Cristo sob as espécies eucarísticas é único. Ele eleva a Eucaristia acima de todos os sacramentos e faz com que da seja “como que o coroamento da vida espiritual e o fim ao qual tendem todos os sacramentos”. No santíssimo sacramento da Eucaristia estão “contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente o Corpo e o Sangue juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo todo” . “Esta presença chama-se 'real' não por exclusão, como se as outras não fossem 'reais', mas por antonomásia, porque é substancial e porque por ela Cristo, Deus e homem, se toma presente completo.”

É pela conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo que este se torna presente em tal sacramento. Os Padres da Igreja afirmaram com firmeza a fé da Igreja na eficácia da Palavra de Cristo e da ação do Espírito Santo para operar esta conversão. Assim, São João Crisóstomo declara:

Não é o homem que faz com que as coisas oferecidas se tomem Corpo e Sangue de Cristo, mas o próprio Cristo, que foi crucificado por nós. O sacerdote, figura de Cristo, pronuncia essas palavras, mas sua eficácia e a graça são de Deus. Isto é o meu Corpo, diz ele. Estas palavras transformam as coisas oferecidas.

E Santo Ambrósio afirma acerca desta conversão:

Estejamos bem persuadidos de que isto não é o que a natureza formou, mas o que a bênção consagrou, e que a força da bênção supera a da natureza, pois pela bênção a própria natureza mudada. Por acaso a palavra de Cristo, que conseguiu fazer do nada o que não existia, não poderia mudar as coisas existentes naquilo que ainda não eram? Pois não é menos dar às coisas a sua natureza primeira do que mudar a natureza delas.

O Concílio de Trento resume a fé católica ao declarar “Por ter Cristo, nosso Redentor, dito que aquilo que oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente seu Corpo, sempre se teve na Igreja esta convicção, que O santo Concílio declara novamente: pela consagração do pão e do vinho opera-se a mudança de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo Nosso Senhor e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue; esta mudança, a Igreja católica denominou-a com acerto e exatidão transubstanciação”.

A presença eucarística de Cristo começa no momento da consagração e dura também enquanto subsistirem as espécies eucarísticas. Cristo está presente inteiro em cada uma das espécies e inteiro em cada uma das partes delas, de maneira que a fração do pão não divide o Cristo. (Catecismo da Igreja Católica § 1373-1377) [Destaques nossos]

Portanto, diante do exposto, observa-se que o milagre da transubstanciação ocorre pela eficácia da Palavra de Cristo e da ação do Espírito Santo, pois, para Deus nada é impossível (cf. Mt 19,26)

É preciso compreender que o milagre é de transubstanciação, não de transformação: “O que ocorre é que, com a consagração, o Espírito Santo de Deus (e não o padre) modifica a substância do pão e do vinho, que doravante, são Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo. No entanto, os acidentes pão e vinho permanecem, pelo que as espécies eucarísticas seguem possuindo todas as propriedades químicas de pão e de vinho. Esta diferenciação entre "substância" e "acidente" é de fundamental importância para a correta compreensão do sacramento da eucaristia.” (cf. ATAQUE DE MARY SCHULTZE CONTRA A TRANSUBSTANCIAÇÃO)

Porém, devido a dureza dos corações humanos, Deus já permitiu que o milagre da Transubstanciação ocorresse com a transformação da matéria, como se pode comprovar, por exemplo, no Milagre Eucarístico de Lanciano e em outros milagres Eucarísticos reconhecidos pela Igreja (cf. FENÔMENOS EUCARÍSTICOS NA HISTÓRIA DA IGREJA CATÓLICA)

Sobre o fato de Cristo ter dito que era a “Videira” ( cf. Jo 15,1), “O caminho” (cf. Jo 14,6) de exortar os discípulos a entrarem pela “porta estreita” (cf. Mt 7,13), não que dizer que Ele não falava literalmente ao afirmar que era o “Pão da Vida”: “Jesus replicou: Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede”. (Jo 6,35). Uma prova cabal que ele falava literalmente, é que após a afirmação de que “se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,53-54), muitos não suportando a verdade, se foram, e Jesus pergunta para os poucos que ficaram: “Então Jesus perguntou aos Doze: Quereis vós também retirar-vos?
Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus! (Jo 6,67-69) [destaques nossos]

Quando Jesus disse que era o Pão vivo, os ouvintes se escandalizaram e foram embora por causa da dureza da doutrina, o que significa que entenderam no sentido literal. O que faria Cristo, se quisesse transmitir uma mensagem simbólica apenas, vendo que O tinham entendido errado, de modo literal? Chamaria a todos de volta: "Não vão, vocês entenderam errado, voltem..." Mas o que fez? Não só não os chamou de volta, como ainda disse aos Apóstolos: "E vocês, também querem ir?" Confirmou, com isso, o entendimento real dos ouvintes: Cristo estava falando, sim, literalmente, ao contrário das passagens sobre a porta, a videira etc
Quanto à questão de diluir em água a hóstia consagrada que caiu no chão, após ser diluída, não há mais corpo e sangue de Cristo, pois a presença eucarística de Cristo só dura enquanto subsistirem as espécies eucarísticas. (cf. § 1377 do CIC).

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Danilo disse... 18 de março de 2009 às 14:39

Que maravilha! Quando comungo, frequentemente penso que Jesus está "passando" comigo. "Sabendo que chegara a sua hora de *passar desse mundo para o Pai**, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim" (Jo 13, 1).

Senhor, por essa comunhão, me passa contigo, me faz chegar ao Pai. Que essa seja a dinâmica de toda a minha vida, para que, na hora da minha morte, eu a viva como culminância de uma vida que viveu passando deste mundo para o Pai contigo.

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