Francisco faz na cidade de Poggio Bustone uma profunda experiência de reconciliação.

Tomás de Celano (seu biógrafo) conta que permaneceu algum tempo aí e refletia com amargura sobre os anos mal vividos, repetindo frequentemente: "Ó Deus, sê propício a mim, pecador!" (1Cel 26). Teve a experiência de uma indizível alegria e imensa doçura, juntamente com a certeza do perdão de todos os pecados, e sentiu a confiança de que estava em graça. Percebeu-se todo absorto em luz e finalmente todo transformado. Fez a experiência da paz interior que ele recebeu gratuitamente como dom de Deus. "É a experiência do Deus da misericórdia como pura gratuidade que possibilita a paz interior, a alegria e a iluminação em Francisco, e que constitui o fundamento de sua atitude de paz".

Na 15ª Admoestação, Francisco faz referência à bem-aventurança relativa aos pacíficos, que serão chamados filhos de Deus (cf. Mt 5,9), acrescentando: "São verdadeiramente pacíficos os que, no meio de tudo quanto padecem neste mundo, se conservam em paz, interior e exteriormente, por amor de Nosso Senhor Jesus Cristo".

Certamente São Francisco fala a partir de sua própria experiência, de alguém profundamente reconciliado e em íntima comunhão de amor com o Senhor da Paz, o Filho de Deus, que padeceu muito no caminho da cruz, sendo vítima de extrema violência. No entanto, manteve-se em paz interior e exteriormente, fazendo da sua entrega de amor a fonte de reconciliação e pacificação, pedindo ao Pai perdão pelos que o estavam agredindo e matando e demonstrando solidariedade com todas as vítimas da violência e da injustiça. Rompeu a força da violência, da injustiça e da maldade com a força do amor, do perdão, da misericórdia.

No Cântico do Irmão sol, Francisco louva ao Senhor pelos que perdoam por amor a Ele e proclama bem-aventurados os que sustentam enfermidades e tribulações em paz, pois serão coroados pelo Altíssimo.

De maneira que o teste mais exigente de uma pessoa pacífica se dá em meio a adversidades, a ofensas, a conflitos, a sofrimentos de todo tipo. É ali que se prova a capacidade de amor, de perdão, de não-violência ativa, de paciência, de misericórdia, a força da justiça e da bondade.

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