A finalidade de Dom Óscar Arnulfo Romero foi servir ao pobre, dizer a verdade e aceitar suas consequências. Disse a verdade publicamente, vigorosamente e o povo era o destinatário primeiro de sua palavra, afirmou o teólogo Jon Sobrino, durante sua conferência Monseñor Romero y la verdad" [escute, em espanhol].(*)

É inconcebível que se diga a alguém ‘cristão’ e não faça, como Cristo, uma opção preferencial pelos pobres”, disse Dom Romero, em sua homilia, dia 9 de setembro de 1979. Cinco meses depois, no dia 24 de março de 1980 caía abatido por uma bala no coração.

Dom Romero morreu, o mataram; porém, vive na esperança do povo que ainda escuta e dá continuidade ao seu legado cristão revolucionário. Seus assassinos continuam ali, onde sempre estiveram, detentores do poder.

Dom Romero deparou-se com a realidade do povo, uma realidade de injustiça e de opressão; deparou-se também com a esperança de libertação, afirmou Jon Sobrino. Por isso, o chamamos pastor, profeta e mártir, São Romero da América, "são palavras que o distinguem com grande precisão”.

Na conferência realizada no Auditorium Ignacio Ellacuría, no dia 18 de março passado, o reconhecido teólogo da libertação enfatizou que o Bispo sempre tem que aprender com seu povo, assim como o fez Óscar Romero.

Sobrino explicou que o bispo não somente dizia a verdade; mas, que também a argumentava e não lhe dava medo do que o povo podia pensar, usou a razão. Dom Romero, em suas homilias, mencionou quantitativamente todas as vítimas da semana e, quando tinha notícias, mencionava quais foram os criminosos, quais as circunstâncias precisas em que os fatos aconteceram e mencionava os familiares das vítimas”.

Parafraseando um camponês, Dom Romero disse a verdade e entendeu a nós, os pobres. Romero, segundo Sobrino, lutou contra a mentira, aquela que era representada através de pessoas, de militares, de paramilitares e de políticos.

"Um cristão que se solidariza com a parte opressora não é um verdadeiro cristão”, predicou Romero, na homilia do dia 16 de setembro de 1979. "Surge sempre a necessidade de umas estruturas de justiça, de distribuição, melhores do que as que nos dominam”.

Jon Sobrino reiterou que seu modo de dizer a verdade o levou a ser pioneiro na defesa dos direitos humanos e a ser reconhecido e aceito pela população com grande carinho.

"Quisera fazer um chamado aos queridos cristãos: não está proibido que se organizem; é um direito e, em certos momentos, como hoje, é também um dever, porque as reivindicações sociais, políticas têm que ser não de homens isolados, mas que dê a força a um povo que clama unido por seus justos direitos. O pecado não é organizar-se; para um cristão, o pecado é perder a perspectiva de Deus”, predicava Romero na Catedral Metropolitana.

Sobre a visita de Obama

Dom Ricardo Urioste, presidente da Fundación Monseñor Romero, manifestou ao Diario Co Latino que Romero se inspirou em Jesus para dizer a verdade, para ter a honestidade que teve em vida naquele momento tão difícil.

Da mesma forma, sobre a chegada de Barack Obama, mandatário estadunidense, à cripta da Catedral para a visita à tumba de Dom Romero, o presidente da Fundación, Dom Urioste, disse que é um "reconhecimento do Governo dos Estados Unidos sobre a figura de Dom Romero e do que ele significou para El Salvador”.

Urioste pensa que o presidente Obama "é alguém que pensa de maneira diferente aos anteriores” e explicou que é uma decisão muito boa visitar a Cripta de Dom Romero, bem como fizeram outros presidentes da região, tais como Lugo, do Paraguai; Rafael Correa, do Equador; e o ex-presidente Lula, do Brasil.

"Creio que os que verdadeiramente querem governar o povo para um verdadeiro bem têm que contar com a sincera participação do povo nobre de El Salvador e não usar esse nome somente como escada para subir e, depois, não levá-lo em consideração; o governo tem que servir ao povo”, alertou Dom Romero sobre o papel dos governantes, na homilia do dia 6 de janeiro de 1980.

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