Nesta quarta-feira (20), um protesto simultâneo em 21 cidades brasileiras dirá não à realidade de crianças em situação de moradia nas ruas. O movimento, que faz parte da Campanha "Criança não é de rua” e já é tradição no período da Semana Santa, cobra uma política pública específica para essas crianças e adolescentes. "Queremos dizer para o país que este problema existe, apesar de estar aparentemente invisível, e é possível de ser resolvido”, protesta Adriano Ribeiro, articulador nacional da Campanha.

As manifestações contarão com a participação das crianças como protagonistas, as quais são, em grande número, ex-moradoras de rua ou vivem em situação de vulnerabilidade social. Em Fortaleza (CE), por exemplo, mil cruzes serão levadas por elas à Avenida Beira Mar. Aracaju (SE) reunirá crianças e adolescentes em uma caminhada que culminará no abraço simbólico à Praça Fausto Cardoso. Uma caminhada marcará o dia em Curitiba (PR) com concentração na escadaria da Universidade Federal do Paraná, na Praça Santos Andrade.

Além dessas três cidades, a mobilização vai ser realizada em Belém, Boa Vista, Florianópolis, Goiânia, João Pessoa, Londrina, Palmas, Ponta Grossa, São Luís, Teresina, Carangola, Cuiabá, Macapá, Maceió, Manaus, Natal, Nova Iguaçu, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e Salvador.

Essas crianças e adolescentes em situação de moradia na rua "estão tendo todos os seus direitos violados”, ressalta Adriano. Segundo o articulador, políticas públicas, como o Bolsa Família, "tangenciam esse fenômeno social”, pois esse público não está na escola e nem mesmo sob a guarda da família. Adriano explica que as ações são implementadas de forma desordenada pelos municípios e a análise do orçamento pública demonstra que esse combate não tem sido prioridade.

Diagnóstico quanti-qualitativo periódico, Educação Social de Rua, Direito à Convivência Familiar e Comunitária e Acolhimento Institucional excepcional e provisório, são caminhos apontados pela Campanha para enfrentar a problemática em questão.

A Campanha Nacional "Criança Não é de Rua” é um movimento permanente. Desde 2005, realiza seminários e debates sobre o fenômeno em todo o território nacional. Hoje congrega mais de 600 entidades governamentais e não-governamentais. Uma de suas principais reivindicações é a instituição de uma Política Nacional de enfretamento à realidade de crianças e adolescentes em situação de moradia na rua.

"O Brasil ainda não tomou uma posição aceitável com relação a essa questão”, disse o articulador. Ele lembra que, com vontade política, o programa nacional de erradicação do trabalho infantil definiu aportes financeiros e estruturais para um enfretamento em todo o país do problema. "O Estado Brasileiro precisa assumir com mais firmeza a situação de crianças que estão vivendo nas ruas”, reivindica.

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