Muitos protestantes não aceitam a Igreja fundada sobre Pedro – pois sabem que Pedro foi o primeiro líder na Igreja Primitiva e que sobre seu túmulo foi erguido a sede da Igreja Católica, o Vaticano – como é apresentado em Mt 16,16-19. Simplesmente não aceitam o papado. Vejamos os argumentos apresentados:

Em Mt 16,16-19 lemos o seguinte:

“16. Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!
17. Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus.
18. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
19. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16,16-19)

Os protestantes defendem a idéia de que Jesus não disse que sobre Pedro seria edificada sua Igreja, mas sobre a pedra, recorrendo ao texto grego apresentado. No grego Petros e Petra não significam a mesma coisa. Petros seria um “pedregulho” e Petra uma “grande rocha”.

Ao meu ver, isto parece irrelevante, se analisarmos outras passagens que falam sobre o primado de Pedro – ou seja, da idéia de que um apóstolo seria líder dos demais. Aliás, idéia não, determinação expressa do Mestre.

Em várias passagens bíblicas, Deus muda os nomes de seus escolhidos para lhes conferir uma missão. Assim foi com Abraão, que antes se chamava Abrão, por exemplo. Jesus, Deus-Homem, fez o mesmo com Pedro, que antes se chamava Simão.

Jesus entrega claramente a Simão, cujo nome é mudado para Pedro pelo próprio Messias, as chaves do Reino dos Céus. Cristo diz que Pedro é Cefas ou Petrav (em grego), Kefas (em hebraico) e/ou Petrus/Petus (em latim) que, em várias línguas, quer dizer a mesma coisa: pedra ou rocha (fundamento, alicerce).


42 E o levou a Jesus. Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro).(Jo 1,42)

Jesus concede que Pedro possa permitir ou proibir qualquer coisa acerca da fé, pois o mesmo será feito no céu. Está em Mt 16,16-19. Ora, esta autoridade é chamada de infabilidade papal. O Papa, que nada mais é do que sucessor de Pedro (pois isto a história não nega), pode interpretar e discorrer sobre a fé e Moral, em suas encíclicas, tendo a infabilidade declarada por Jesus ao entregar a Kepha as chaves do Reino dos Céus. É simples. O Papa pode errar ao praticar na fé, tanto que ele pode se confessar com um diretor espiritual. Ele só não pode errar ao declarar artigos de fé, pois isto é ordem divina. E, logicamente, o Papa deve dizer quando está usando a infabilidade.

O dogma da infabilidade papal foi proclamado em 1870, mas desde os primeiros séculos, o Bispo de Roma era consultado para resolver questões polêmicas e salvaguardar a doutrina cristã.

No século II, houve, por exemplo, entre ocidentais e orientais, divergências quanto à data da celebração da Páscoa. Os cristãos da Ásia Menor queriam o calendário judaico, ao passo que os ocidentais queriam manter o domingo como dia da Ressurreição de Jesus. Pelo calendário judaico, seria na noite de 14 para 15 de Nisã, e para os ocidentais, no domingo seguinte a 14 de Nisã. O Papa S. Vitor (189-198) determinou que os fiéis da Ásia Menor observassem o calendário pascal da Igreja de Roma, pois esta provinha dos apóstolos Pedro e Paulo. Ou seja, timidamente começava a se construir a idéia doutrinal do primado petrino.

Em 251 os Bispos Máximo, Urbano e outros do Norte da África se uniram ao cisma de Novaciano, mas se arrependeram e voltaram à comunhão com a Igreja sob o Papa S. Cornélio, afirmando que só deve haver “um só Bispo à frente da Igreja Católica”.

O papa Estêvão I (254-257) foi o primeiro a recorrer a Mt 16,16-19 para afirmar aos teólogos do Norte da África que o batismo ministrado por hereges era inválido, pois é Cristo que batiza, não os homens.

Existem ainda inúmeros exemplos. Basicamente o dogma da infabilidade papal, proclamado em 1870 no Concílio Vaticano I, estabelece que, quando o Papa ensina "ex-cathedra", isto é, como Vigário de Cristo, com o poder dado por Nosso Senhor a São Pedro, ensinando toda a Igreja sobre questões de Fé ou de Moral, com a vontade explícita e manifesta de definir uma doutrina e condenando a sentença oposta, é infalível.

Este dogma, como já dito, decorre das próprias palavras de Jesus Cristo que, ao dar as chaves a Pedro, lhe disse: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. E Eu te darei as chaves do Reino dos céus. Tudo o que ligares na terra será ligado no céu. Tudo o que desligares na terra, será desligado no céu. E as portas do Inferno não prevalecerão contra ti"

Os inimigos da Igreja Católica adoram difamar o dogma da infabilidade, atribuindo os pecados de um Papa - o Papa peca, como qualquer mortal, como pessoa que é - como se fossem atos da Igreja e ora também, pasmem, estendendo a infabilidade a qualquer ato do Pontífice.

Enfim, como já afirmado, o Papa só é infalível ao se pronunciar "ex cathedra", não o tornando perfeito, impecável, pessoalmente falando. Não devemos confundir infabilidade com impecabilidade.

Em suma, além destas passagens (Jo 1,42; Mt 16,16s) existe ainda o trecho onde Jesus é tão claro nesta ordem que pede para Pedro guiar seus fiéis e seu clero.

15 Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeirinhos.

16 Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas ovelhas.

17 Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas-me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.

18 Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queres.

19 Ora, isto ele disse, significando com que morte havia Pedro de glorificar a Deus. E, havendo dito isto, ordenou-lhe: Segue-me.(Jo 21,15-19)

As declarações bíblicas indicam a autoridade de Pedro, como podemos ver em At 2,14s; At 5,15; At 3,6 At 15,6; At 16,4; At 4,8; Lc 22,31s. E é realmente sobre o túmulo de Pedro, que foi em forma de pedra angular (os túmulos eram depositados em cavernas) que foi erguido o Vaticano. Foi a confirmação das palavras de Jesus em Jo 21,19 e Mt 16,16-19:

“14. Pedro então, pondo-se de pé em companhia dos Onze, com voz forte lhes disse: Homens da Judéia e vós todos que habitais em Jerusalém: seja-vos isto conhecido e prestai atenção às minhas palavras.” (At 2,14s)

“15. De maneira que traziam os doentes para as ruas e punham-nos em leitos e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles.” (At 5,15)

“6. Pedro, porém, disse: Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!” (At 3,6)

“6. Reuniram-se os apóstolos e os anciãos para tratar desta questão. 7. Ao fim de uma grande discussão, Pedro levantou-se e lhes disse: Irmãos, vós sabeis que já há muito tempo Deus me escolheu dentre vós, para que da minha boca os pagãos ouvissem a palavra do Evangelho e cressem.” (At 15,6s)

“4. Nas cidades pelas quais passavam, ensinavam que observassem as decisões que haviam sido tomadas pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém.” (At 16,4)

“8. Então Pedro, cheio do Espírito Santo, respondeu-lhes: Chefes do povo e anciãos, ouvi-me:” (At 4,8)

“31. Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; 32. mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos.” (Lc 22,31s)

Sobre este tema vale observar que a História Científica não nega. Todos os papas, até hoje, são sucessores de Pedro. Essa autoridade foi passada de papa para papa, de Pedro até Bento XVI, nos dias de hoje. Para quem quer uma bibliografia específica, basta consultar o livro “Santos & Pecadores – A História dos Papas” , de Eamon Duffy, da Cosac & Naify Edições. Totalmente imparcial, mostra que a sucessão apostólica jamais foi interrompida, de Pedro até Bento XVI (2008).

Contudo, apesar de todas estas fundamentações bíblicas e históricas, pode ainda persistir a dúvida: Jesus “disse” ou “não disse” que sobre Pedro seria edificada sua Igreja?

Jesus, ao proferir as palavras reproduzidas em Mt 16,16-19 não falou em grego, mas em aramaico. A palavra utilizada foi KEPHA, de forma que Cristo disse: “ Tu és Kepha e sobre este Kepha edificarei a minha Igreja”. Logo, inútil e incorreto é recorrer ao texto grego para esvaziar a determinação das palavras de Jesus.

Apesar de todas estas passagens confirmarem a liderança de um apóstolo sobre os demais, sem mencionar as próprias palavras imperativas de Cristo, protestantes defendem que somente Jesus seria a Pedra Angular do edifício da Igreja, a mesma estaria diretamente construída sobre Cristo (Rocha). Não haveria, segundo a ótica protestante, outra pedra fundamental na construção da Igreja.

Se admitirmos esta hipótese, Jesus mentiu. Ele foi incoerente quando trocou o nome de Simão para Kepha em Jo 1,42. Foi impreciso quando disse em Mt 16,16-19 “Tu és Kepha e sobre este Kepha edificarei a minha Igreja” e faltou com a verdade quando deu a autoridade a Pedro em Jo 21,15-19. Há, logo, de ter uma explicação plausível para todas estas determinações.

Bem, como sabemos que Cristo é a Verdade, é melhor e lícito acreditar que sobre Pedro foi edificada a Igreja. Não devemos esquecer também que Jesus diz ser a luz do mundo em Jo 8,12; mas atribui, por exemplo, esta mesma expressão aos apóstolos em Mt 5,14. São muitas passagens onde o próprio Jesus coloca os apóstolos em seu lugar, em sua função. Vejamos as passagens seguintes:

“12. Falou-lhes outra vez Jesus: Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (Jo 8,12)

“14. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha” (Mt 5,14)

“16. Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou.”(Lc 10,16)

“21. Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. 22. Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo.23. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.” (Jo 20,21-23)


Cabalmente vemos que Jesus não foi incoerente. Sim, Jesus é a pedra angular mas também conferiu esta missão para Pedro, é o que diz exatamente Jo 1,42; Mt 16,16-19 e Jo 21,15-19. E nas demais passagens vemos o mesmo Jesus atribuindo suas próprias missões para seus apóstolos. Chega a dizer que assim como o Pai enviou o Filho, o Filho enviou os apóstolos! Compara o Pai com o Filho e o Filho com os apóstolos! Está claríssimo em Jo 20,21-23.

Donde se conclui que, sim, Jesus é a pedra angular invisível, cabeça da Igreja, que é seu corpo místico, por onde são derramados os sacramentos, banhados pelo seu divino sangue. E Pedro seria a pedra visível, o líder palpável, que é assistido pelo Espírito Santo para guiar o povo de Deus e preservar a doutrina cristã.

“18. Ele é a Cabeça do corpo, da Igreja. Ele é o Princípio, o primogênito dentre os mortos e por isso tem o primeiro lugar em todas as coisas.” (Col 1,18)

Dizer o oposto é tirar o valor de verdade das próprias Sagradas Escrituras. Inclusive arqueologicamente já foi provado que sobre o túmulo de Pedro foi erguido o Vaticano. As escavações realizadas debaixo da basílica de S. Pedro confirmam, em pleno século XXI, estas afirmações. Verificou-se que a basílica construída pelo imperador Constantino em 324 d.C. estava em cima de um cemitério e sobre um terreno que corria em declínio de 11 metros de altura de Norte a Sul. Esta sobreposição exigiu a colocação de uma laje sustentada por pilastras de 5m, 7m e 9m de altura, para assim sustentar sobre tal laje todo o edifício. Tal formato só pode ser explicado pelo fato de que, naquela época, terem certeza de estar construindo sobre o túmulo de São Pedro, pois, se isto não fosse verdade, porque tal preservação e zelo por tão singular cemitério? Outrossim, os arqueólogos encontraram na camada mais profunda das escavações ossos de quase metade de um só indivíduo, robusto, de aproximadamente 65, 70 anos de idade, muito mais provavelmente homem do que mulher, cujas inscrições que o rodeavam rezavam “Pedro está aqui”, “Salve, Apóstolo” e “Cristo Pedro”.

Os menos esclarecidos ainda acusam o imperador Constantino de ter criado a Igreja Católica, quando sabemos que ela existe desde sua fundação realmente, no Pentecostes (At 2,1s). O tal documento “A doação de Constantino” é falso e não pode ser usado para difamar a fundação da Igreja. Isto sem mencionar que os papas (bispos de Roma) já existiam bem antes de Constantino e seu edito de Milão.

Concluímos com isso que Jesus é a luz suprema, que se reflete em luz subalternas, há também a pedra angular ou básica (Cristo), que estende seu poder de sustentáculo até a rocha visível que é Pedro (Kepha).

Paz e Bem!

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