O muro de quem deseja separar a fé da razão tentou calar Bento XVI tanto em Ratisbona, quando foi acusado de fundamentalismo, ou na Universidade de Roma «La Sapienza», quando o laicismo o impediu de tomar a palavra, afirma um dos grandes teológos alemães contemporâneos.

O bispo de Ratisbona, Gerhard Ludwig Müller, participou esta quinta-feira em Aranjuez (Espanha) no Curso de verão «Ser cristão em uma sociedade secularizada», que é organizado pela Universidade Rey Juan Carlos sob a direção do arcebispo de Toledo, Antonio Cañizares, segundo informa a agência de notícias Veritas.

Dom Müller pronunciou uma conferência com o título «Fé, razão e liberdade no discurso universitário de Bento XVI», e logo depois conversou com os participantes afirmando que, tanto em Ratisbona como na «Sapienza», se produziu uma reação «na defensiva» para silenciar a voz do Papa.

Para o prelado, a razão mais profunda desta reação tem de ser buscada em «um mundo secularizado que não quer aceitar a importância da universalidade da Revelação para todos os homens». Esta «auto-defesa», segundo o bispo de Ratisbona, é feita pelos «que não querem crer para não mudar sua vida, na auto-compreensão que têm do homem, para não aceitar a Palavra de Deus».

Segundo o prelado, a filosofia agnóstica não convence, porque «a mente do homem é transcendente» e está «na natureza do homem» fazer para si as perguntas mais profundas pelo ser e o sentido do mundo. Dom Müller acredita que a «reserva» do homem contemporâneo diante da fé «não é do pensar, mas da vontade»: há uma «oposição do homem que não quer mudar sua vida».

Por outro lado, e para ilustrar como os alemães se sentem em relação ao Papa, o bispo de Ratisbona disse que uma pessoa do âmbito político lhe disse que agora podia se sentir «orgulhoso de ser católico» e acrescentou que o Papa está fazendo uma «nova apresentação, otimista, da fé católica na vida pública», que está colhendo louvores não só pela «doutrina, mas pelo personagem».

Durante sua colocação, o bispo denunciou o «bloqueio laicista» ao discurso do Santo Padre, tanto na Universidade de Ratisbona como na Sapienza de Roma e sublinhou que «a relação fé-razão» é uma constante na Teologia do cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI.

De acordo com a explicação de Dom Müller, «poucos teólogos contemporâneos sublinharam tanto a vinculação fé-razão-liberdade-caridade, como Joseph Ratzinger».

Ao terminar a intervenção do bispo de Ratisbona, o cardeal Cañizares comentou neste sentido que «o futuro está na inseparabilidade entre fé e razão» e acrescentou que «a divisão leva a um mundo de intolerância».

Postar um comentário

Tecnologia do Blogger.