Irmã Lourdes Lima


"Quem começa a servir verdadeiramente o Senhor,
o mínimo que Lhe pode oferecer é a própria vida."
(Santa Teresa de Jesus)

A caminhada que me trouxe até à Consagração a Deus começou com a grande e bela experiência "Na terra do 'frei António': jovens, juntos, a caminhar". Foi esse o lema do primeiro campo de trabalho que a comunidade dos Franciscanos Conventuais realizou em Portugal, com jovens portugueses e italianos, em 1995.
Os Frades Menores Conventuais eram e continuam hoje a ser responsáveis pastoralmente pela zona de Chelas, na cidade de Lisboa. Ali, durante um mês, trabalhámos de uma forma especial no apoio a idosos, a pessoas doentes que tinham dificuldade em se movimentar e na animação de rua com crianças - tudo isso na área da paróquia de S. Maximiliano Kolbe.
Porquê recordar esta actividade?
Porque foi, para mim, muito mais que uma mera 'actividade de Verão' como há muitas nos meses de férias. Foi uma "experiência fundante". Saí outra pessoa!
Comecei, por exemplo, a questionar a importância de Deus na minha vida. E não poderia ser de outro modo, depois da vida partilhada com aqueles jovens no local cujo nome diz tudo: "Jovens Rebeldes"! As orações, os passeios... tudo levou, posso hoje afirmá-lo, à descoberta do Deus que antes questionava e ao desejo de O conhecer melhor.
Foi um mês espiritualmente intenso!

Animadora juvenil
O "campo de trabalho" deu também para perceber muitas coisas no que diz respeito ao dinamismo juvenil. Assim, no ano pastoral que se iniciou e fruto dessa experiência jovem, surgiu na paróquia a ideia de reestruturar os grupos de jovens, com vista q uma unidade juvenil. Isso permitiria um percurso de formação mais unitário e progressivo em relação à formação humana e espiritual.
E nasceu o Movimento Juvenil Paroquial Franciscano (MJPF) em terra de Santo António.
No primeiro ano, o itinerário de formação teve como prioridade conhecer S. Francisco e Santa Clara.
Foi-me entregue a tarefa de animadora do grupo chamado "Jovens Taus". Devido à responsabilidade que me tinha sido entregue, esforçava-me por aprofundar mais a vida de Francisco e Clara, para dar a conhecer a actualidade do Espírito destes grandes santos. Mas isso acabou por me deixar tão entusiasmada com a vida deles que comecei a sentir o gosto e o desejo, como se de sonho se tratasse, de viver eu também como Francisco de Assis.

Cuidar do sonho
Ainda estava longe de pensar o que o Senhor me estava a preparar!
Sem dar conta, fui levada por Francisco de Assis a uma comunhão e a um diálogo mais intenso com o Único Modelo que tinha escolhido e que valia a pena seguir: o Senhor Jesus.
É este o sentido contido na resposta que dou aos jovens, quando sou interpelada sobre a minha história de vida. Digo: "Foi S. Francisco que me apresentou Jesus".
Com esta alma nova, participava activamente na vida da paróquia, especialmente num dos bairros que tinha a igreja dedicada a Santa Clara (daí o nome dado àquela comunidade eclesial: Comunidade de Santa Clara).
A actividade estava ligada ao anúncio da Boa Nova, quer na catequese, quer no MJPF.
O trabalho pastoral fez-me compreender que a paróquia pode ser uma verdadeira escola (básica) onde se aprende como construir e ser comunidade, o serviço fraterno e, também, onde se pode descobrir ou confirmar a vocação pessoal de cada um.

A alegria do 'sim' a Deus!
Quando nos abrimos ao Senhor, a caminhada torna-se cada vez mais exigente, bem como a necessidade de dar uma resposta.
Era o ano de 1998. O carisma da Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima apaixonou-me. À luz desse carisma, fui-me deixando cativar, cada vez mais, pelo Senhor Jesus. Aprendi a criar laços fortes para me manter bem unida a Ele, com a profunda certeza de que Deus me ama com uma ternura infinita.
Fui crescendo na fé e na relação pessoal com Jesus.
Emitir os 'votos perpétuos' - que significa acolher na minha vida os conselhos evangélicos de Pobreza, Castidade e Obediência por toda a vida - foi mais uma vez afirmar, com o radicalismo do 'para sempre', o "Sim, quero" inicial.
O Senhor chama-me e apresenta-me em cada dia a sua proposta de felicidade; quer fazer-me participante da sua missão. Plenamente livre, com a graça de Deus, quis dizer como e com Maria: "Eis-me aqui, Senhor"!
O que foi para mim a Profissão Perpétua?
Citando o padre Manuel Morujão, "preparar uma festa é já celebrá-la em desejos e sonhos, em anseios e aspirações": eu já estava a preparar os votos perpétuos, em desejos e sonhos, desde que entrei no Postulantado, em anseios durante a minha caminhada no Noviciado e aspirações durante todo o tempo da formação inicial.
O que declarei publicamente no dia 14 de Outubro de 2006, o oferecimento da vida ao Senhor, para sempre, foi o corolário dos muitos "Sim, quero" que venceram alguns "Não quero" ao longo de 8 anos.
Foi com grande alegria e emoção que vivi a celebração dos votos perpétuos com a comunidade paroquial de Santa Clara da paróquia de S. Maximiliano Kolbe. De facto, senti fortemente que foi nessa comunidade, que sempre me acolheu com carinho, que nasceu a minha vocação. O modo como a comunidade eclesial preparou a festa, permitiu entender que a festa foi também sua.
Aos jovens, digo: não tenham receio de parar por alguns momentos e perguntar-se "O que queres de mim , Senhor"?
E como dizia o papa João Paulo II, "Não tenham medo de dizer 'Sim' a Jesus"!

Postar um comentário

Tecnologia do Blogger.