Por DOM GENIVAL BISPO DA DIOCÉSE DE PALMARES.

Com o processo eleitoral caminhando para a reta final, nestas Eleições Municipais de 2008, os eleitores estão em alta cotação, por parte dos candidatos, porém os candidatos não o estão perante os eleitores, haja vista o percentual de indecisos, desiludidos e revoltados. Evidentemente, há eleitores que escolhem o seu candidato com uma decisão criteriosa; a escolha de outros depende do valor do voto, objeto de compra e venda; alguns votarão sob influência na operação “boca de urna”, porque não têm posição definida. Muitos sequer vêem ou ouvem o programa do “Guia eleitoral”, enquanto outros não dão credibilidade ao palavreado dos candidatos. Porém, mesmo em face desse quadro, é necessário que os eleitores escolham bem os candidatos para a Prefeitura e para a Câmara de Vereadores de seu Município. Dado o desgastado retrato dos políticos, não é uma tarefa fácil, mas é possível fazer-se uma escolha acertada dentre os candidatos.



Em qualquer situação, os eleitores sabem que não é indiferente a escolha, não é cidadã a neutralidade, não é inconseqüente a venda do voto. A Diocese de Palmares, como muitas, traz uma palavra pastoral aos candidatos e, sobretudo, aos eleitores, a fim de que a cidadania seja exercida com liberdade e responsabilidade. Essa orientação pastoral visa conscientizar cidadãos e cidadãs a respeito da sua responsabilidade de escolher, cuidadosamente, os candidatos a Prefeito e Vereador, tendo como critérios objetivos sua história de vida e comportamento ético; outro objetivo dessa conscientização política é estimular a criação de comitês eleitorais, nos termos da Lei nº 9.840/99 que proíbe a compra de votos e o uso da maquina administrativa.



Concretamente, a palavra da Diocese pretende conscientizar os eleitores para que façam um juízo de valor sobre os candidatos e suas propostas políticas. As orientações diocesanas visam o bem dos habitantes de cada Município e, por isso, traçam o perfil do candidato em quem não deve votar o eleitor consciente: candidato que não faz a defesa da vida, da família e da dignidade humana; candidato à reeleição que, com evidências, está envolvido na prática da corrupção administrativa; candidato que não publica, sistematicamente, o balancete financeiro do Poder que exerce, onde conste o demonstrativo da receita e despesa; candidato que não apresenta um viável programa administrativo para o seu Município; candidato que, apesar de fazer política, há muito tempo, quase nada faz de concreto em favor da população; em candidato que trabalha para seu próprio proveito, de sua família (nepotismo) e de seu grupo político, em prejuízo do bem comum; candidato apoiado por pessoas ricas e por grupos influentes que estão interessados numa fatia dos recursos financeiros do Município; candidato que tem seu nome ligado ao tráfico de drogas e a assassinatos; candidato que está envolvido na prática da violência contra trabalhadores rurais; candidato que não tem compromisso com a causa dos trabalhadores rurais e urbanos, nem defende a reforma agrária; candidato que corrompe o eleitor através da compra de votos; candidato que gasta muito dinheiro na campanha eleitoral; candidato que explora o trabalho infantil; candidato que, num curto espaço de tempo, aumenta o seu patrimônio de maneira incompatível com os rendimentos que constam na sua Declaração junto à Receita Federal.



A Igreja, a OAB e outras instituições, em cada Eleição, estão conscientizando a sociedade: “Voto não tem preço, tem conseqüências.” A história confirma essa verdade.

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