Para entender melhor o que são as indulgências, basta analisar o seguinte exemplo. Se um criança quebra algo, os pais a repreendem. A criança é perdoada, mas para ter responsabilidade e não voltar a errar, é incentivada a reparar o que fez.

Pois é, no relacionamento com Deus temos a mesma situação. Ao pecarmos, somos perdoados com o sacramento da penitência, isto é, a pena eterna é extinta. Ainda fica a pena temporal. Esta pena é purificada nesta vida ou no purgatório. E é aí que entram as indulgências.

No Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 1471, a indulgência tem seu respaldo:

“ A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel bem disposto obtém em certas condições determinadas, pela intervenção da Igreja que, como dispensadora da redenção, distribui e aplica por sua autoridade o tesouro das satisfações de Cristo e dos santos.”

“A indulgência é parcial ou plenária, conforme liberar parcial ou totalmente da pena devida pelos pecados.”

“As indulgências podem aplicar-se aos vivos e aos defuntos.”

É baseado na fundamentação bíblica que a Igreja tem com o poder das chaves dado por Cristo aos apóstolos. No número 1478 do Catecismo verifica-se:

“A indulgência se obtém pela Igreja que, em virtude do poder de ligar e desligar que Cristo Jesus lhe concedeu, intervém em favor do cristão, abrindo-lhe o tesouro dos méritos de Cristo e dos santos para obter do Pai das misericórdias a remissão das penas temporais devidas aos seus pais. Assim a Igreja não só vem em auxílio do cristão, mas também o incita a obras de piedade, de penitência e de caridade”.

Existe muita polêmica envolvendo esta doutrina, por causa dos abusos do passado. Através das perguntas a seguir, teremos uma melhor noção do que é certo ou errado acerca das indulgências.

1) Uma pessoa pode comprar a sua saída do Inferno através das indulgências?

Não. As indulgências não extingüem a pena eterna do pecado, que leva ao Inferno, mas a pena temporal, que reduz o tempo no purgatório.

2) As indulgências são compradas para obter perdão dos pecados?

Não. O pecado é perdoado no sacramento da reconciliação. A indulgência diz respeito às penas temporais, é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa. Indulgência não se compra com dinheiro, mas se adquire com obras de piedade, de penitência e de caridade.

3) Uma indulgência diminui o tempo do purgatório em dias? E pode-se ganhar indulgência para pecados futuros?

O número de dias associado com as indulgências era uma referência ao tempo da penitência aqui na Terra. E as mesmas, logicamente e racionalmente, não se aplicam a pecados futuros.

Um último detalhe: as indulgências não se ganham sem uma sincera conversão e busca de unidade de vida. Não se pode contabilizá-las nem tampouco achar que trata-se de um comércio espiritual de perdão. Muito pelo contrário: cada pecado tem sua pena eterna e sua pena temporal. A pena eterna é apagada pela confissão, pela misericórdia divina. A pena temporal se extingüe pela vida neste mundo ou no purgatório. Mas as obras de piedade, de penitência e de caridade ajudam a diminuir, ainda nesta vida, a pena temporal dos pecados por nós cometidos.

Por fim, existem dois tipos de indulgência: plenária e parcial, conforme liberta, em parte ou no todo, da pena temporal devida pelos pecados. Qualquer fiel pode lucrar indulgências para si mesmo ou aplicá-las aos defuntos como sufrágio. A plenária só pode se ganhar uma vez por dia, salvo se o fiel estiver com risco de vida, e as parciais mais vezes ao dia, se expressamente não se determinar o contrário.

Para lucrar a indulgência plenária, além da repulsa de todo o afeto a qualquer pecado até venial, requerem-se a execução da obra enriquecida da indulgência e o cumprimento das três condições: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Papa. Exemplo de indulgência plenária: visitar o Santíssimo Sacramento para adorá-lo por meia hora no mínimo. Logicamente deve-se cumprir juntamente com as três condições descritas anteriormente.

Concede-se indulgência parcial, por exemplo, ao fiel que, no cumprimento dos deveres e na tolerância das aflições da vida,ergue o espírito a Deus com humilde confiança, acrescentando alguma piedosa invocação, mesmo só em pensamento. Ainda existem outros exemplos mais simples de indulgência parcial, como atos de fé, esperança e caridade; a oração ao Anjo da Guarda, a comunhão espiritual, a citação do Creio, Salve-rainha, o sinal da cruz, etc.

Que Deus tenha piedade de nós e nos auxilie em nossa busca pela bem-aventurança permanente!

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