Muitos católicos, baseados em figuras utilizadas no passado, tem a falsa noção de o purgatório é uma prisão da qual as almas só podem sair após sofrimento purificador ou através de anistia.

O purgatório, na verdade, é o estado onde as pessoas falecidas se purificariam de suas vicissitudes e de seus pecados, a Graça de Deus está presente. Deus Pai auxilia os defuntos para “chegarem” ao Céu sem as mazelas de seus erros. Além disso, o conceito de purgatório foi ensinado pelo próprio Deus Filho:

58. Ora, quando fores com o teu adversário ao magistrado, faze o possível para entrar em acordo com ele pelo caminho, a fim de que ele te não arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao executor, e o executor te ponha na prisão.
59. Digo-te: não sairás dali, até pagares o último centavo. (Lc 12,58-59)

23. Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,24. deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta.25. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão.26. Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo.(Mt 5,23-26)

Mais claro ainda é quando Jesus diz que existe o pecado que não pode ser perdoado nem neste mundo nem no outro. Ou seja, existem pecados que podem ser perdoados após a morte, logo, purificação, purificatório, purgatório destes pecados. Deus não pode entrar em comunhão com pecadores, pois Ele é luz e Nele não há trevas.

“31. Por isso, eu vos digo: todo pecado e toda blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não lhes será perdoada.32. Todo o que tiver falado contra o Filho do Homem será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste século nem no século vindouro.” (Mt 12,31-32)

Deus não pode entrar em comunhão com pecadores, pois Ele é luz e Nele não há trevas.

Observe I Jo 3,24; II Cor 6,14-15; Jo 14,21-24 e Jo 14,21-24:

“21. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a ele. 22. Pergunta-lhe Judas, não o Iscariotes: Senhor, por que razão hás de manifestar-te a nós e não ao mundo? 23. Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada. 24. Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou.” II Cor 6,14-16: “14. Não vos prendais ao mesmo jugo com os infiéis. Que união pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunidade entre a luz e as trevas? 15. Que compatibilidade pode haver entre Cristo e Belial? Ou que acordo entre o fiel e o infiel?”. Jo 3,24: “24. Quem observa os seus mandamentos permanece em (Deus) e (Deus) nele. É nisto que reconhecemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu.”

Estas passagens são claríssimas! Jesus ensina que existirá uma “prisão” onde o fogo “eterno” não existe, mas haverá sim uma prestação de contas e uma purificação, uma pena a se cumprir. Este estado “temporário” chamado “purgatório” é como um túnel de purificação. A temporalidade ou intensidade desta purificação pode ser abençoada ou amenizada através do costume da missa do 7o dia. Os cristãos podem orar pelos mortos que estavam no estado do purgatório, oferecendo a Missa pela purificação de seus pecados. É o que leciona a seguinte passagem:

"43 Em seguida, fez uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados: belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na ressurreição, 44 porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles. Mas, se ele acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piedosamente, 46 era esse um bom e religioso pensamento; eis por que ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres de suas faltas." (II Mc 12,43-46)

Ora, se o inferno é eterno, assim como o céu, os mortos não seriam “libertados de suas faltas” com tal sacrifício após a morte. É evidente que se trata de uma oração pelas faltas dos mortos do purgatório, ainda mais as pequenas faltas desses mortos, como, por exemplo, em II Mc 12,38s. Isto está intimamente ligado à misericórdia infinita de Deus.

Existe, ainda, na Igreja, a questão do “Privilégio Sabatino”, que foi primeiramente estabelecido pelo Santo Padre João XXII, promulgando-o em 3/03 de 1322. Tal Privilégio consiste em uma promessa, que diz que aquele que morrer usando o Escapulário Castanho do Carmo, será libertado das penas do purgatório, no primeiro sábado após sua morte. Outros papas, posteriormente, confirmaram tal privilégio: Alexandre V (1409), Clemente VII (1530), Paulo III (1534), Pio IV (1561), S. Pio V (1566), Gregório XIII (1577), Paulo V (1613), Urbano VIII (1628), Clemente X (1673) e Inocêncio XI (1678). Pio X e Pio XI também confirmaram oficialmente este privilégio.

Contudo, como já dito, o purgatório não é uma prisão (mas prestação de contas) onde as almas são punidas, de forma que necessite de alguma anistia ou diminuição das penas carcerárias.

Pe. Estevão explica a verdadeira concepção do purgatório, relacionando-o com o privilégio sabatino:

“(...) o purgatório é um estado em que a misericórdia divina concede às almas que deixam este mundo em estado de graça, mas ainda portadoras das raízes do pecado que ficam geralmente mesmo após a absolvição da culpa. Estas almas não estão em castigo de tantos de tantos dias de duração, mas estão excitando mais profundo o amor de Deus, amor este que extinga os amores desregrados subsistentes na alma do falecido. (...) Em algumas almas o pecado pode estar profundamente arraigado, exigindo mais esforço para ser erradicado, em outras almas, estará menos arraigado e, por isto, pode ser mais aceleradamente eliminado(...) o Privilégio Sabatino consiste em que a Virgem Ssma. orará mais intensamente pelos fiéis portadores do Escapulário a fim de que com toda a prontidão se purifiquem das escórias do pecado (em linguagem humana... façam-nos até o próximo sábado.”

Ou seja, tal privilégio é válido e sua formulação foi colocada desta forma – referindo-se ao sábado – para melhor compreensão, pois está em linguagem figurada, entretanto, é real e confirmado pelos Papas da Igreja.

Paz e Bem!

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