Dom José Alberto Moura


No texto do Êxodo, narrado pela Bíblia, encontramos. “Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, a um pobre que vive ao teu lado, não sejas um usurário dele cobrando juros” (Ex 22, 24). O pobre é o protegido de Deus. Até a mãe ou o pai de família cuida com carinho especial do filho ou da filha doente ou que tem mais limites. Os outros são cuidados também, mas o zelo especial vai para quem mais precisa.

Estamos num sistema globalizado em que grande parte da população vive excluída dos efeitos do progresso econômico e social. A melhor maneira de inclusão é a que prioriza a educação. Não adianta somente ter bens, dinheiro, saúde, trabalho... É preciso saber ser gente. Na convivência social, mostra-se mais aquinhoado quem sabe dar de si pelo bem da comunidade, fazendo-o conscientemente. A capacidade de reflexão desenvolvida com a educação respeitadora da alteridade leva a pessoa a contribuir com os valores éticos e cidadãos.

A exploração do mais fraco pela “esperteza” de quem é mais “sabido” não denota verdadeira inteligência por quem realiza isto. Vai chegar a hora em que tudo será revelado, não somente por Deus, mas pela própria população, que vai saber julgar sobre o comportamento anti-ético de pessoas que fazem atos de ludibrio dos menos fortes.

O melhor empréstimo é o feito com a conotação de verdadeira promoção ao mais necessitado, sem explorá-lo ou deixá-lo na indigência. Certos atos de assistencialismo, até necessários, não promovem as pessoas mais carentes se não forem feitas ações de verdadeira promoção das mesmas. A caridade evangélica vai além da esmola ou de se dar o que sobra aos necessitados. A boa política contempla execução de programas de inclusão social que realmente colocam os carentes no centro da preocupação para a promoção de sua cidadania e não só em ajuda circunstancial.

A parte de quem recebe deve ser colocada para sua própria valorização. Isto se dá em políticas públicas inclusivas, que permitam aos recebedores de ajuda a se colocarem em condições de ajudarem a fazer o próprio desenvolvimento.

O Papa Bento XVI, na encíclica “Deus é Amor” afirma. “É verdade que a norma fundamental do estado deve ser a prossecução da justiça e que a finalidade de uma justa ordem social é garantir a cada um, no respeito do princípio da subsidiariedade, a própria parte nos bens comuns. Isto mesmo sempre o têm sublinhado a doutrina cristã sobre o Estado e a doutrina social da Igreja” (nº. 26). No entanto, o mesmo Pontífice lembra que o Estado deve aceitar a participação de todos no processo de promoção da justiça, através da aceitação de valores do amor, propugnado pela religião, que humaniza o modo de promoção da justiça com meios humanos e autenticamente éticos, advindos da própria natureza humana.

Jesus lembra no Evangelho. “Não só de pão vive o homem” (Mt 4, 4). Então se faz uma nova ordem social com amor e justiça. Dar o pão e fazer justiça estão interligados para uma boa promoção humana. Não resolve o problema dar apenas um pedacinho do pão e um pedacinho do amor.

As necessidades humanas, principalmente dos mais deixados de lado socialmente, são muitas e desafiadoras por parte de quem deve liderar a coisa pública nos cargos políticos. É preciso contar com a participação popular para o exame de suas prioridades e o empenho de todos para o real serviço da comunidade, superando-se o servir-se da comunidade para interesses pessoais. Os empobrecidos não podem ser usados e sim ajudados.

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