Vários temas polêmicos são sustentados por nossos irmãos protestantes no intuito de desvirtuar os católicos que pouco estudam as Sagradas Escrituras. Trataremos aqui de três temas interessantes acerca desta situação singular.

Qual o dia para o culto ao Senhor Jesus? Sábado ou Domingo? O que está certo: rezar ou orar? Pedir qualquer coisa a Deus em oração é garantia de se obter o que se suplica?

Primeiramente, falemos sobre o sábado ou domingo. Antes de mais nada, precisamos afirmar que a transferência do repouso do sábado para o domingo não tem nada a ver com o dia do Sol, data de cunho pagão. Na verdade, Jesus ressuscitou em um dia após o sábado. No Apocalipse já se usa a expressão “domingo” (1,20), “kyriaké heméra”, que em latim soa “dominica dies”, donde dominga e domingo em português. Este é o dia do Senhor para as assembléias litúrgicas dos cristãos, chamado de “primeiro dia da semana”, porque era após o sétimo dia, o sábado, que findava toda a semana, naquele tempo. Vemos um exemplo em At 20,7: “No primeiro dia da semana, estávamos reunidos para partir o pão”. Logo, esta mudança não aconteceu por ordem de nenhum Papa, mas pelos próprios Apóstolos, que acharam muito mais conveniente o dia do Senhor ser estabelecido no dia da ressurreição de Cristo, maior prova de sua divindade, maior prova para nossa fé. Em suma, o preceito do dia do repouso (shabbatt) continua, sendo transferido para o novo sétimo dia da semana, o DOMINGO.

A segunda questão refere-se a suposta “diferença” entre rezar e orar. Alguns irmãos protestantes acusam os católicos de usarem a expressão “rezar”, quando a correta seria “orar”. “Rezar”, segundo eles, em linguagem popular e conotativa, sinaliza para crendice, superstição, algo menos nobre. “Orar” e “oração” seriam as formas mais dignas para significar a conversa com o Altíssimo. Alguns chegam a dizer que “rezar” está vinculado à textos decorados, onde aquele que “reza” não está adeqüadamente sintonizado no momento da oração, apenas repetindo textos pré-escritos.

Em primeiro lugar, o próprio Jesus nos ensinou uma oração decorada: “O Pai-Nosso”. Logo, é descabido o argumento de que repetir textos pré-escritos não se classificaria como oração. Aliás, ler um texto e profundamente, com o coração, entender o que se está dizendo, nada mais é do que uma autêntica oração.

Em segundo lugar, REZAR, em linguagem coloquial e denotativa, é sinônimo perfeito de ORAR. Tanto pela etimologia quanto pelo conteúdo, orar e rezar são sinônimos, significam a mesma coisa. Não existe tão menos evolução semântica ou qualitativa. Orar ou rezar é elevação da mente e do coração a Deus para escuta e diálogo com ele.

Em último lugar: podemos pedir na oração? Qualquer coisa? Temos garantia de que Deus nos atenderá em qualquer pedido?

Deus decretou irrevogavelmente dar-nos o que nos convêm, incluindo a colaboração do homem pela oração. Não devemos rezar para que Deus faça a nossa vontade, mas sim para que cada um de nós faça à vontade Dele da mesma forma que Jesus o faz (Mc 14,36).

Santo Agostinho simplifica com maestria e nos responde o por quê do dever de orar.

“(...)Por vezes, exprimimos a Deus um desejo que Ele não escuta; Ele sabe a hora em que convém dar-nos, porque vela sobre nós.(...) acontece, por vezes, que alguém não é ouvido quando pede coisas perfeitamente legítimas, ao passo que Deus pode escutar um pedido injusto, para castigo de quem pede. Quando pedires uma coisa perfeitamente justa e não fores escutado, não percas a coragem, não percas o ardor; fixa os olhos no alimento que Deus dá em tempo oportuno.

Quando Deus recusa dar, não dá para que o seu dom não se torne para nós um prejuízo. Paulo não fazia uma súplica injustificada quando pedia a Deus que o libertasse do espinho na sua carne, esse anjo de Satanás que o esbofeteava. Pediu e não recebeu. Era tempo de provar a sua fraqueza e não de lhe dar alimento: Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a minha força se manifesta.

O diabo pediu a Deus para pôr Jó à prova, e foi-lhe concedido. Meditai bem nisto, meus irmãos, porque é um grande mistério que devemos conhecer, recordar, ter sempre presente no espírito e nunca esquecer, porque nesta vida nunca nos faltarão provações.

Que direi? Há-de comparar-se o Apóstolo ao diabo? O Apóstolo reza e não recebe; o diabo pede e obtém. Mas o diabo obtém para a sua perda, enquanto Paulo não recebe para poder progredir na perfeição. O próprio Jó foi curado a seu tempo. Mais depressa foi escutado o demônio para tentar a Jó, do que Jó para lhe ser restituída a saúde. Deus difere, para pôr à prova. Aprendei a não murmurar contra Deus, e quando não fordes atendidos, não cesseis de dizer: todos os dias Vos bendirei.”

Portanto, as “orações todo-poderosas” são um engodo. Fórmulas criadas como a oração das 13 almas e certas novenas, que não levam em conta a santíssima vontade de Deus, são orações falsas e anti-cristãs, tendenciosas a magia e a supestição. Muitas novenas são perfeitamente legítimas. É preciso ter discernimento.

Logo, pedir na oração é bíblico. Mesmo que Deus conheça todas as nossas necessidades, devemos pedir como prova de nossa humildade e devoção. Além do mais, a própria oração ensinada por Jesus – o Pai-Nosso – é repleta de pedidos. No entanto, a solicitação deve ser justa e com a ressalva de que seja feita a santíssima vontade de Deus, pois realmente, somente Ele conhece nossas verdadeiras necessidades e o indispensável para a nossa salvação, que é o bem mais precioso que devemos buscar: a nossa definitiva comunhão com a Santíssima Trindade.

Paz e Bem!

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Unknown disse... 10 de novembro de 2010 às 17:05

Muito instrutivo o texto!

Parabéns!

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