A ascese cristã tem uma dimensão evangélica apaixonante

Hoje, damo-nos conta do esforço ascético que muitos exigem de si próprios só por uma dimensão humana, às vezes puramente física: o esforço ascético exigido aos atletas; o esforço ascético para manter a elegância ou andar na moda. O ideal que leva ao esforço para alcançar um título acadêmico, passar num concurso, vencer um campeonato, não deixa de comportar uma ascese, talvez puramente humana ou simplesmente fisiológica.


A ascese cristã, seguindo a Palavra e o exemplo de Cristo, tem uma dimensão evangélica apaixonante. Daí que a frase do Senhor: "O que quiser ser meu discípulo, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me", coloca diante de nós todo o dinamismo da ascese cristã. Não se trata da ascese pela ascese, do esforço pelo esforço, da penitência pela penitência; mas a ascese cristã, porque não é um puro ascetismo despido de vida, nega para afirmar, despoja-se para enriquecer, abandona o seu eu para se encher do divino, perde para ganhar.


Se Deus é amor infinito e deseja dar-se ao homem, este necessita de criar em si, no seu interior e na sua existência concreta, espaço para acolher o Senhor. Esse esforço de “criar espaço para Deus” implica ser pobre e humilde, despojar-se de si mesmo para possuir o divino e encher-se dele. Por outro lado, para amar a Deus, para se dar ao Senhor que o quer acolher, o cristão precisa se esquecer de si, renunciar a si mesmo, despojar-se para encontrar Deus-amor e dar-se a Ele.


O próprio dinamismo do amor implica e exige esse esforço ascético. Para amar é preciso “morrer para si próprio”, renegar-se, despojar-se. Caso contrário, não há amor, que é dom pobre e humilde, que é entrega ao outro e acolhimento do outro”.


Dos escritos de Padre Dario Pedroso

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