A experiência de se sentir visitado cotidianamente

Uma das realidades que mais castigam o homem de hoje – juntamente com as doenças psicossomáticas – é o sentimento de desconsolo e de solidão. É comum encontrarmos, nos cenários de nosso tempo, corações que mesmo estando acompanhados por muitas presenças sentem-se profundamente sós.


Percebe-se que muitos dos olhares dos que habitam nosso tempo perderam a sensibilidade para com o simples e o descomplicado da vida, sendo assim incapazes de se descobrirem encontrados e acompanhados no comum e ordinário dos dias.


Diante da rotina e da simplicidade de cada dia, somos constantemente tentados a enxergar pessoas e situações sob o peso do tédio, sem vislumbrar nada de novo e sem perceber uma Presença que dê sentido às lutas e aos desafios próprios do nosso cotidiano. É “mais” fácil fazer o bem e até perceber Deus em ocasiões extraordinárias e incomuns, contudo, a virtude mora no olhar que consegue fazê-lo em meio ao comum dos dias.


O coração que tem o devido tino para descobrir o Eterno no tempo e o Sagrado no comum passa a se sentir mais acompanhado e visitado naquilo que é e experiencia cotidianamente. Assim a vida se torna menos pesada e só e o homem percebe que não é um ser “jogado” e desconsolado na existência.


Em um universo globalizado, globalizante e globalizador, torna-se fácil perder-se no todo e dissolver-se na massa humana das grandes cidades e concentrações sociais, sentindo, com isso, o desconsolo de se entender mais um em meio a um aglomerado de histórias.


Todavia é necessário entender que Deus se faz presente em cada fragmento do que somos e vivemos, Ele cuida de nós e nos acompanha em tudo o que ilustra e compõe os nossos dias. Quem consegue perceber essa presença no comum de seus dias, pode contemplar a sua “rotina” de maneira acompanhada e sempre nova, sem o peso e o tédio próprios daqueles que experienciam a angústia de se sentirem sós e desconsolados em suas histórias.


O olhar precisa desenvolver a devida sensibilidade para, assim, enxergar o comum da vida. Dessa forma, o ordinário investe-se de novidade, e o coração caminha pleno de presença e ausente de solidão... Descubramos essa Presença no normal de nossa vida e permitamos que “Esse” consolo traga uma nova ordem e um novo sentido aos nossos passos.

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