Neste momento tão especial em nossa Igreja, em que celebramos a Paixão, Morte, Crucificação e Ressurreição de Nosso Senhor, analisaremos uma bela passagem bíblica em particular.

Vamos ler a profissão de fé consignada por São Paulo em 1 Cor 15,3-8:

"3. Eu vos transmiti primeiramente o que eu mesmo havia recebido: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras;
4. foi sepultado, e ressurgiu ao terceiro dia, segundo as Escrituras;
5. apareceu a Cefas, e em seguida aos Doze.
6. Depois apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, dos quais a maior parte ainda vive (e alguns já são mortos);
7. depois apareceu a Tiago, em seguida a todos os apóstolos.
8. E, por último de todos, apareceu também a mim, como a um abortivo."

Esta passagem data de aproximadamente 56 d.C., pouco mais de vinte anos após Jesus ter subido aos céus. Nesta ocasião, transmitiu o que escutou. Tratava-se de uma doutrina que ele havia recebido (v.3), provavelmente no ano de 35, em sua visita a Jerusalém.

Estas frases são curtas, incisivas, dispostas com um paralelismo que lhes comunica um ritmo peculiar. Os versículos 6 e 8 fogem a estas regras, mas todos os restantes versículos mostram que foram criadas para serem freqüentemente repetidas oralmente, como é o Pai-Nosso, por exemplo.

Trata-se, de uma fórmula de fé, cuidadosamente transmitida desde a Ascensão de Jesus. Muito provavelmente o v.6 talvez tenha sido introduzido depois e o v.8, uma notícia pessoal do próprio São Paulo.

Esta fórmula de fé demonstra, cabalmente, que a ressurreição corpórea de Cristo é uma realidade histórica. Aliás, nem os relatos históricos extra-bíblicos desmentem esta afirmação. O texto diz claramente em VER, não em CRER, porque Jesus APARECEU.

A História Científica não nega este fato. Além dos textos apócrifos confirmarem a ressurreição, existem outros relatos de historiadores que repetem tal consentimento. Leia o seguinte registro histórico de Flávio Josefo, da obra Antiguidades Judaicas, escrito da época:

“Nesse mesmo tempo apareceu Jesus, que era um homem sábio, se todavia devemos considerá-lo simplesmente como um homem, tanto suas obras eram admiráveis. Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muitos judeus, mas mesmo por muitos gentios. Era o CRISTO. Os mais ilustres da nossa nação acusaram-no perante Pilatos e ele o fez crucificar. Os que haviam amado durante a vida não o abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os santos profetas o tinham predito e que ele faria muitos outros milagres”.

Repito: o registro de Flávio Josefo não é apócrifo, é um registro histórico!

Até Rudolf Bultmann (1976), da teoria racionalista - que prega que foi a mensagem de JEsus que ressuscitou, e não o próprio Jesus - vê neste texto um obstáculo sério a sua tese:

"Só posso compreender o texto de 1 Cor 15,1-8 como tentativa de apresentar a ressurreição como fato objetivo, merecedor de fé." (Glauben un Verstehen I, Tübingen 1964, 54s)

O texto apócrifo de uma carta de Pilatos a Herodes, também confirma a ressurreição:

"1. Não foi boa a ação que, por teu incitamento, pratiquei, quando os judeus me trouxeram Jesus, chamado Cristo. Depois de ter sido crucificado, ressuscitou dos mortos no terceiro dia, como me foi comunicado até pelo centurião. Eu mesmo decidi mandar emissários à Galiléia. Lá foi visto em seu próprio corpo e em sua exata fisionomia. 2. Com a mesma voz e com os mesmos ensinamentos se manifestou a mais de quinhentos homens tementes a Deus. E estes difundem o seu testemunho, sem nenhum medo. Pelo contrário, anunciam sempre com maior coragem a ressurreição e um reino eterno. Parece que o céu e a terra se alegram com seus santos ensinamentos."

Se Jesus não tivesse ressuscitado, inclusive, vazia seria nossa fé, uma vez que Ele não teria vencido a morte e tudo o que fizeram teria perdido o seu valor e o seu sabor.

O êxito e a força persuasiva da pregação dos Apóstolos, após a Ascensão de seu Mestre, são incompreensíveis se, após a dolorosa experiência da Paixão de Jesus, eles não tivessem-NO visto ressuscitado.

As mulheres na época encontraram o sepulcro vazio de Jesus, não foi forjada pela Igreja primitiva, uma vez que as mulheres eram consideradas testemunhas pouco fidedignas. Em Lc 24,10-12 vemos isto claramente:

"10. Eram elas Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago; as outras suas amigas relataram aos apóstolos a mesma coisa.
11. Mas essas notícias pareciam-lhes como um delírio, e não lhes deram crédito.
12. Contudo, Pedro correu ao sepulcro; inclinando-se para olhar, viu só os panos de linho na terra. Depois, retirou-se para a sua casa, admirado do que acontecera." (Lc 24,10-12)

Até os inimigos de Jesus não negaram este fato. Trataram de explicá-los por vias diversas. Leia Mt 28,11-15:

"11. Enquanto elas voltavam, alguns homens da guarda já estavam na cidade para anunciar o acontecimento aos príncipes dos sacerdotes.
12. Reuniram-se estes em conselho com os anciãos. Deram aos soldados uma importante soma de dinheiro, ordenando-lhes:
13. Vós direis que seus discípulos vieram retirá-lo à noite, enquanto dormíeis.
14. Se o governador vier a sabê-lo, nós o acalmaremos e vos tiraremos de dificuldades.
15. Os soldados receberam o dinheiro e seguiram suas instruções. E esta versão é ainda hoje espalhada entre os judeus."

Ou seja, a tradição do sepulcro vazio é historicamente bem fundamentada. São Pedro, ainda, mostra claramente a intenção de transmití-la desta forma. Vejamos At 10,37-42:

"37. Vós sabeis como tudo isso aconteceu na Judéia, depois de ter começado na Galiléia, após o batismo que João pregou.
38. Vós sabeis como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder, como ele andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do demônio, porque Deus estava com ele.
39. E nós somos testemunhas de tudo o que fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles o mataram, suspendendo-o num madeiro.
40. Mas Deus o ressuscitou ao terceiro dia e permitiu que aparecesse,
41. não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia predestinado, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressuscitou.
42. Ele nos mandou pregar ao povo e testemunhar que é ele quem foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos."

Logo, a certeza moral e histórica justificam à razão do homem, fazendo que aderir à fé na ressurreição seja um ato razoável, inteligente, digno e não cego ou infantil, imaturo.

Após a ressurreição, inclusive, Jesus antecipou para nós as propriedades do corpo glorioso, propriedade corporal que todos os eleitos de Deus receberão no fim do tempos, no Juízo Final. É o que está em Fl 3,21 e em 1 Cor 15,41-44, por exemplo. Teremos os chamados dons sobrenaturais, que compreendem:

a) a impassibilidade: o corpo estará submetido à alma racional, que estará submetida perfeitamente a Deus. Não haverá mais doenças, ferimentos, fadiga, sono, frio ou calor. Implica em eterna saúde, bem-estar inalterável, pois o domínio do homem sobre o corpo será perfeito.

b) a sutileza: implica o poder de aparecer e desaparecer, assim como o de penetrar através dos corpos sólidos, como Jesus ressuscitado fez (Jo 20,19-26). Como dito sobre a impassibilidade, o corpo estará submetido à alma racional, que estará submetida perfeitamente a Deus. O domínio do homem sobre o corpo será perfeito, conferindo o efeito em sua parte corpórea de algo da natureza dos espíritos, os quais chamamos sutis. Como Cristo ressuscitado, os corpos serão palpáveis, mantendo a consistência desta terra.

c) a agilidade: Também como conseqüência deste domínio perfeito sobre o corpo, haverá um efeito também sobrenatural sobre o movimento. A agilidade livrará o corpo do seu peso e ele poderá ir para onde deseja a alma com uma facilidade e velocidade incomparáveis.

d) a claridade : como um jorro de glória sobre o corpo humano (Mt 13,41; Ap 21,23). Esta claridade é fruto da visão beatífica. Jesus tinha este atributo e os demais, contudo, suspendera a impassibilidade (para sofrer por nós na cruz) e a claridade. Só a deixou ver por ocasião da transfiguração (Mt 17), a três dos apóstolos – Pedro, Tiago e João.

A Páscoa, portanto, é uma data especialíssima para o cristão. É a confirmação de nossa futura vitória, graças a Cristo!

Feliz Páscoa! Jesus ressuscitou!

Postar um comentário

Blog Dri Viaro disse... 16 de abril de 2010 às 14:19

Oi, passei pra conhecer o blog, e desejar boa tarde

bjs

aguardo sua visita :)

Leonardo Cruz disse... 26 de abril de 2010 às 09:06

Amém,
Paz e Bem sempre.



Abraço fraterno,anjo

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