Retomar, com veemência, o Kerigma

Atos dos Apóstolos (2, 14-36), trazem o conteúdo e o estilo do "primeiro anúncio do mistério de Jesus Cristo" (o Kerigma), na pregação de São Pedro, sob moção do Espírito Santo, no dia de Pentecostes. São Lucas descreve o efeito deste discurso kerigmático: "Irmãos, o que deve-mos fazer?" Pedro responde: "Arrependam-se, convertam-se e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão dos pecados; depois vocês receberão do Pai, o Espírito Santo!". "E naquele dia, uniram-se a eles cerca de três mil pessoas" (cf. Atos 2, 37-41). São Lucas, em seguida, resume o ideal dos convertidos ao formarem, com os Apóstolos, uma comunidade, testemunhando o ressuscitado e seu mundo novo (cf. Atos 2, 42-47).
O ministério da Palavra e a oração ocuparam a primazia da missão dos Apóstolos. As tarefas organizativas e de infra-estrutura ficaram com os diáconos (os que servem). Foi decisão de uma assembléia da comunidade (cf. Atos 6, 1-6). Mas, o Espírito Santo tinha outros planos e fez dos diáconos, servidores do Kerigma, como o atestam o relato sobre Estêvão e Felipe (cf. Atos 6, 8-7, 1-60 e 8, 1-40). E, mais, o Senhor escolhia outras pessoas para a primazia da evangelização em vista da conversão dos povos, como o caso de Saulo, que de perseguidor ferrenho dos cristãos ­ e a perseguição espalhou os seguidores para fora da Palestina ­ ele, são Paulo, é transformado num vaso de eleição na difusão da fé no mundo greco-romano.

A conversão de milhares de pessoas sem ligação alguma com o judaismo e as contínuas perseguições, levaram a Igreja primitiva a melhor preparar os interessados em se converterem. De experiência em experiência, a Igreja chega, no século III, à organização do Catecumenato, que vai evoluindo em conteúdo, etapas e ritos, acompanhamento pessoal, mostras de conversão e inserção na comunidade. Ele se estende até dois e três anos, dando ênfase ao período da Quaresma, como um grande retiro de conversão. A culminância acontece na noite de Páscoa, com a recepção do batismo, da confirmação e da eucaristia, sinal público de mudança de vida e de aceitação plena de Jesus Cristo, de sua Igreja e de sua Missão.

A volta ao Kerigma hoje

As circunstâncias atuais, nas quais a Igreja vive, obrigam-na a retomar o anúncio primeiro e o processo catecumenal. Sem isso, ela corre o risco de não sobreviver nesta avalanche de grupos religiosos, seitas, novas igrejas, religiões, secularismo e ateísmo, porque os fiéis não são suficientemente preparados para o testemunho e o profetismo.

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