pelo: Professor Felipe Aquino

Antigo Testamento

- Macabeus (2 Mac 15,11-15). Judas contou-lhes a visão que teve, onde Onias, sacerdote já falecido e Jeremias, intercediam por eles:
"Narrou-lhes ainda uma visão digna de fé uma espécie de visão que os cumulou de alegria. Eis o que vira: Onias, que foi sumo sacerdote, homem nobre e bom, modesto em seu aspecto, de caráter ameno, distinto em sua linguagem e exercitado desde menino na prática de todas as virtudes, com as mãos levantadas, orava por todo o povo judeu.
Em seguida havia aparecido do mesmo modo um homem com os cabelos todos brancos, de aparência muito venerável, e nimbado por uma admirável e magnífica majestade. Então, tomando a palavra, disse-lhe Onias: Eis o amigo de seus irmãos, aquele que reza muito pelo povo e pela cidade santa, Jeremias, o profeta de Deus. E Jeremias, estendendo a mão, entregou a Judas uma espada de ouro, e, ao dar-lhe, disse: Toma esta santa espada que Deus te concede e com a qual esmagarás os inimigos." (2Mac 15, 11-15)


Catecismo da Igreja:

O §2692 diz: “Na oração, a Igreja peregrina é associada à dos santos, cuja intercessão solicita”.

Concílio Vaticano II (LG, 49):
“Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por seguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio” (LG 49).

“Sacrosantum Concilum” sobre a Liturgia:
“Na Liturgia terrena, antegozando, participamos da Liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual, peregrinos, nos encaminhamos. Lá, Cristo está sentado a direita de Deus, ministro do santuário e do tabernáculo verdadeiro; com toda a milícia do exército celestial entoamos um hino de glória ao Senhor e, venerando a memória dos Santos, esperamos fazer parte da sociedade deles; suspiramos pelo Salvador. ”(SC, 8).
“Os Santos sejam cultuados na Igreja segundo a tradição. Suas relíquias autênticas e imagens sejam tidas em veneração. Pois as festas dos Santos proclamam as maravilhas de Cristo operadas em Seus servos e mostram aos fiéis os exemplos oportunos a serem imitados. ” (SC, 111)

Exemplos dos Santos:
Santa Teresa era devotíssima de São José “Tomei por advogado e senhor ao glorioso São José e muito me encomendei a ele. Claramente vi que dessa necessidade, como de outras maiores referentes à honra e à perda da alma, esse pai e senhor meu salvou-me com maior lucro do que eu lhe sabia pedir. Não me recordo de lhe haver, até agora, suplicado graça que tenha deixado de obter. Coisa admirável são os grandes favores que Deus me tem feito por intermédio desse bem-aventurado santo, e os perigos de que me tem livrado, tanto do corpo como da alma... A todos quisera persuadir que fossem devotos desse glorioso santo, pela experiência que tenho de quantos bens alcança de Deus...De alguns anos para cá, no dia de sua festa, sempre lhe peço algum favor especial. Nunca deixei de ser atendida".

São Domingos de Gusmão, moribundo, dizia a seus irmãos:
“Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que durante a minha vida”.

Santa Teresinha do Menino Jesus dizia antes de morrer: “Passarei meu céu fazendo bem na terra”. “Desde a mais tenra idade que, em minha alma, se confundiam o amor a São José com o da Santíssima Virgem”. (“História de uma alma”)


A Tradição da Igreja

Orígenes de Alexandria († 250), no seu “Tratado sobre a Oração”, recolhe as passagens bíblicas que falam da intercessão dos Santos e dos profetas, e faz a seguinte reflexão: as virtudes cultivadas nesta vida são definitivamente aperfeiçoadas no além. Ora a mais valiosa de todas é a caridade; esta, portanto na outra vida é ainda mais ardente do que na vida presente. Por conseguinte, os Santos falecidos exercem seu amor para com os irmãos na terra mediante a intercessão dirigida a Deus em favor das necessidades desses peregrinos. (Ver “Sobre a Oração” n.º 11,2).

São Jerônimo (340-420), doutor da Igreja: “Se os Apóstolos e mártires, enquanto estavam em sua carne mortal, e ainda necessitados de cuidar de si, ainda podiam orar pelos outros, muito mais agora que já receberam a coroa de suas vitórias e triunfos. Moisés, um só homem, alcançou de Deus o perdão para 600 mil homens armados; e Estevão, para seus perseguidores. Serão menos poderosos agora que reinam com Cristo? São Paulo diz que com suas orações salvara a vida de 276 homens, que seguiam com ele no navio [naufrágio na ilha de Malta]. E depois de sua morte, cessará sua boca e não pronunciará uma só palavra em favor daqueles que no mundo, por seu intermédio, creram no Evangelho?” (Adv. Vigil. 6)

Santo Hilário de Poitiers (310-367), bispo e doutor da Igreja, garantia que: “Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance para permanecer fiéis, não lhes faltará, nem a guarda dos anjos nem a proteção dos santos”.

São Cirilo de Jerusalém (315-386): bispo de Jerusalém e doutor da Igreja, afirmava que:
“Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes de nós: Patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires; para que Deus, por sua intercessão e orações, se digne receber as nossas”.

S. Tomás de Aquino († 1274) professa semelhante doutrina. Pergunta, na Suma Teológica (11,11,83, 11), se os Santos na pátria rezam por nós. E responde afirmativamente; sim, a oração pelos outros decorre do amor ao próximo. Ora, quanto mais perfeitos no amor forem os Santos na outra vida, tanto mais hão de rezar pelos peregrinos na terra, a fim de os ajudar a chegar à vida eterna.

O Concílio de Trento(1545-1563) em sua 25ª Sessão, confirmou que : “Os santos que reinam agora com Cristo, oram a Deus pelos homens. É bom e proveitoso invocá-los suplicantemente e recorrer às suas orações e intercessões, para que vos obtenham benefícios de Deus, por NSJC, único Redentor e Salvador nosso. São ímpios os que negam que se devam invocar os santos que já gozam da eterna felicidade no céu. Os que afirmam que eles não oram pelos homens, os que declaram que lhes pedir por cada um de nós em particular é idolatria, repugna à palavra de Deus e se opõe à honra de Jesus Cristo, único Mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2,5)”.


Os mortos não estão dormindo

A Carta aos Hebreus:
“Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo”. (Hb 9,27)
São testemunhas que nos acompanham nesta luta de hoje:
“Portanto também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto” (Hb 12,1).
Dogma de fé proclamado pelo Papa Bento XII em sua Constituição “Benedictus Deus” no ano de 1336, e o Concílio universal de Florença, na Itália, as reafirmou em 1439, na seguinte declaração:
“As almas daqueles que, depois do Batismo, não se tiverem manchado em absoluto com alguma mancha de pecado, assim como as almas que, depois de contraída alguma mancha de pecado, tiverem sido purificadas ou no corpo ou fora do corpo,... essas almas todas são recebidas no céu e vêem claramente o próprio Deus em sua Unidade e Trindade, como Ele é; umas, porém, vêem mais perfeitamente do que outras, conforme a diversidade de méritos de cada qual. Quanto às almas daqueles que morrem com pecado atual e mortal... sem demora são punidas no inferno por penas que variam para cada qual”. (Denzinger , Enquiridio 693).
Concílio Vaticano II (LG, 49) “Até que o Senhor venha na sua majestade e todos os anjos com ele (cf Mt 25,31), e até que lhe sejam submetidas, com a destruição da morte, todas as coisas (cf. 1Cor 15,26-27), alguns dos seus discípulos peregrinam na terra, outros, já passados desta vida, estão se purificando, e outros vivem já glorificados, contemplando "claramente o próprio Deus, uno e trino, tal qual é"... Em virtude da sua união mais íntima com Cristo, os bem-aventurados confirmam mais solidamente toda a Igreja na santidade, enobrecem o culto que ela presta a Deus na terra e muito contribuem para que ela se edifique em maior amplitude (cf. 1Cor 12,12-27). Porque foram já recebidos na Pátria e estão na presença do Senhor, (cf 2Cor 5,8) - por ele, com ele e nele - não cessam de interceder em nosso favor junto do Pai, apresentando os méritos que - por meio do único Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, (cf. l Tm 2,5)... Na verdade, a solicitude fraterna dos bem-aventurados ajuda imenso a nossa fraqueza.” (LG, 49)


Novo Testamento:

Em Mateus 10,28 Jesus diz: “não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma (‘psyché”); temei, antes, aquele que pode fazer perecer na geena o corpo e a alma”. O texto afirma a sobrevivência da alma após a destruição do corpo da pessoa.
Em Lucas 16,19-51, na parábola do rico e do pobre Lázaro, Jesus apresenta a sobrevivência consciente tanto dos justos como dos injustos. O rico após a morte vai para um lugar de tormento; e o pobre para um lugar de gozo. Isto enquanto a vida continua na terra, quer dizer, antes da volta de Jesus. O rico tinha cinco irmãos que poderiam também se perder também; e mostra que os defuntos sobrevivem após a morte e recebem já o prêmio ou o castigo. A ressurreição da carne completará a ordem e a harmonia que a alma santa já desfruta após a morte.
Ap 6, 9-11 - “Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos homens imolados por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra? Foi então dada a cada um deles uma veste branca, e foi-lhes dito que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos companheiros de serviço e irmãos que estavam com eles para ser mortos.” (Ap 6,9-11)
As almas do justos martirizados aspiram, na presença de Deus, à plena restauração da ordem e da justiça violadas pelo pecado; e assim, esperam algo que ainda não aconteceu, e que vai acontecer só na Parusia. Embora elas já estejam revestidas de vestes brancas, que é símbolo da vitória final e da bem-aventurança, continuam a acompanhar a nossa história, aguardando com expectativa o julgamento do Senhor.

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