“Não é este o carpinteiro, o filho de Maria?” (Mc. 6,3a).
A isto objeta-se por vezes que a Escritura menciona irmãos e irmãs de Jesus (cf. Mc. 3,31-35; 6,3; 1Cor. 9,5; Gal. 1,19 etc.). A Igreja sempre entendeu que essas passagens não designam outros filhos da Virgem Maria; com efeito, Tiago e José, “irmãos de Jesus” (Mat. 13,55), são os filhos de uma Maria discípula de Cristo (Mat. 27,56), que significativamente é designada como “a outra Maria” (Mat. 28,1). Tratam-se de parentes próximos de Jesus, consoante uma expressão conhecida no Antigo Testamento (Gen. 13,8; 14,16; 29,15 etc.) (CIC 500).

Atanásio de Alexandria

"Como o corpo do Senhor foi colocado a sós no sepulcro, para que pudesse demonstrar sua ressurreição, talvez por motivo semelhante seu corpo proveio de Maria, como filho único, para que crêssemos em sua origem divina" (Da Virgindade 2).

Epifânio de Salamina

"'Voltando-se o Senhor, viu o discípulo a quem amava e lhe disse, a respeito de Maria: Eis aí a tua Mãe! E, então, à Mãe: Eis aí o teu filho' (Jo. 19,26). Ora, se Maria tivesse filhos, ou se seu esposo ainda estivesse vivo, por que o Senhor a confiaria a João ou João a ela? Mas: e por que não confiou a Pedro, a André, a Mateus, a Bartolomeu? Fê-lo a João por causa da sua virgindade. A ele foi que disse: 'Eis aí a tua Mãe'. Não sendo mãe corporal de João, o Senhor queria significar ser ela a mãe ou o princípio da virgindade: dela procedeu a Vida. Nesse intuito dirigiu-se a João, que era estranho, que não era parente, a fim de indicar que sua Mãe devia ser honrada. Dela, na verdade, o Senhor nascera, quanto ao corpo; sua encarnação não fora aparente, mas real. E se ela não fosse verdadeiramente sua Mãe, aquela de quem recebera a carne e que o dera à luz, não se preocuparia tanto em recomendá-la como a sempre Virgem. Sendo sua Mãe, não admitia mancha alguma na sua honra e no admirável vaso do seu corpo. Mas prossegue o evangelho: 'E a partir daquele momento, o discípulo a levou consigo'. Ora, se ela tivesse esposo, casa e filhos, iria para o que era seu, não para o alheio".

Agostinho de Hipona

"Já era Filho único do Pai aquele que nasceu como filho único de sua Mãe" (Sermão 192,1).
"O hábito de nossa Escritura Santa, com efeito, é de não restringir esse nome de 'irmãos' unicamente aos filhos nascidos do mesmo homem e da mesma mulher (...) É preciso penetrar o sentido das expressões empregadas pela Sagrada Escritura. Ela tem sua maneira de dizer. Possui sua linguagem própria. Quem ignora essa linguagem pode ficar perturbado e perguntar-se: 'Então o Senhor tem irmãos? Será que Maria teve ainda outros filhos?' Não, de modo algum! (...) Qual é, pois, a razão de ser da expressão 'irmãos do Senhor'? Irmãos do Senhor eram os parentes de Maria (...) Como se demonstra isso? Pela própria Escritura, que chama, por exemplo, Lot de irmão de Abraão (Gn. 13,8; 14,14) e ele era tio de Lot; e, todavia, chamam-se ambos de irmãos, unicamente por serem parentes. Também Labão era tio de Jacó, por ser irmão de Rebeca, esposa de Isaac. Lede a Escritura e vereis que tio e sobrinho tratavam-se de irmãos" (Comentário sobre o Evangelho de João 10,2).
"Quando vocês ouvirem falar dos 'irmãos do Senhor', pensem logo que se trata de algum parentesco que os une a Maria, sem imaginar ter ela tido outros filhos" (Comentário sobre o Evangelho de João 28,3).

João Damasceno

"Quem ama ardentemente alguma coisa costuma trazer seu nome nos lábios e nela pensar noite e dia. Não me censure, pois, se pronuncio este terceiro panegírico da Mãe de meu Deus, como oferenda em honra de sua partida (...) Hoje, da Jerusalém terrestre, a Cidade viva de Deus (=Maria) foi conduzida à Jerusalém do alto: aquela que concebera como seu primogênito e unigênito o Primogênito de toda a criatura e o Unigênito do Pai, vem habitar na Igreja das primícias! (...) Cantemos hinos sacros e nossas melodias se inspirem nas palavras: 'Ave, cheia de graça: o Senhor é contigo'" (Homilia sobre a Dormição de Nossa Senhora).

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