Neste final de semana celebramos o Dia Mundial das Missões e o Dia Nacional da Juventude. Os temas destes dias nos impelem a uma reflexão sobre a comunhão eclesial e para a partilha, a fim de que a missão aconteça e leve as sentinelas da manhã a continuarem rejuvenescendo a Igreja com o seu testemunho.

Sabemos que vivemos em um mundo em mudança de época. Hoje, todo católico deve ser consciente da necessidade de comunicar a Palavra de Deus e, consequentemente, os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Percebe-se que após dois mil anos de cristianismo, a ação missionária necessita caminhar mais a passos largos, pois nos tempos atuais a rapidez das mudanças sociais é ainda maior.

Partimos do respeito pelo homem na sua busca de respostas para as questões mais profundas da vida, da existência humana. O Espírito Santo é o protagonista da missão da Igreja toda. A graça salvadora vem de Cristo e o diálogo supõe a clareza da identidade e não dispensa a evangelização. O melhor serviço ao nosso irmão é a evangelização, que o ajuda a viver como filho de Deus, livre de injustiças e seu desenvolvimento global.

O homem, portador do livre arbítrio, pode dizer não a Deus. Mas a questão fundamental é outra, com as suas nuances e consequências: isso o faz feliz e construtor de um mundo justo e fraterno? O anúncio e o testemunho de Cristo, quando realizado em conformidade com as consciências, não violam a liberdade, pelo contrário, todo ser humano tem direito a conhecer a salvação.

Todos os homens, de acordo com sua dignidade de pessoas, ou seja, dotados de razão e livre arbítrio, têm a possibilidade de procurar a verdade, especialmente no que diz respeito à religião. Quando convictos do anúncio, são chamados a aderir à verdade conhecida e a ordenar sua vida segundo suas exigências, que são libertadoras porque encontram eco nos anelos mais profundos do ser humano. Assim, a abertura para o amor de Deus é a verdadeira libertação.

A missão é uma questão de fé, um indicador preciso da nossa fé em Cristo e seu amor por nós. Para nós foi dada a graça de pregar as insondáveis riquezas de Cristo. A Igreja é missionária por natureza, uma vez que o mandato de Cristo não é algo de contingente e exterior, mas atinge o próprio coração da Igreja. Portanto, toda a Igreja e cada Igreja são enviadas para o povo. O Senhor Jesus enviou seus apóstolos a todas as pessoas e os povos e todos os lugares da terra. A Igreja recebeu uma missão universal, que não conhece fronteiras e diz respeito à salvação na sua integridade, em conformidade com a plenitude de vida que Cristo veio trazer.

Construir o Reino de Deus significa trabalhar para libertar a pessoa humana do mal em todas as suas formas: o Reino é a manifestação e a realização do plano de salvação em sua plenitude, que não se pode separar da pessoa de Jesus.

As diversas atividades da missão da Igreja nascem de diferentes circunstâncias em que se desenvolvem: a quem se dirige a atividade missionária da Igreja? A ação missionária da Igreja se dirige aos povos, grupos e contextos socioculturais, onde Cristo e o seu Evangelho não são conhecidos, onde faltam comunidades cristãs suficientemente amadurecidas para poderem encarnar a fé no seu próprio ambiente e proclamá-la aos outros. Há, também, comunidades sólidas e adequadas estruturas eclesiais, são fervorosos em sua fé e testemunho de vida para o Evangelho no seu ambiente e sentido de compromisso com a missão universal que desenvolvem a atividade ou cuidado pastoral da Igreja, mas devem estar em estado permanente de missão. E há também uma situação intermédia, especialmente em países tradicionalmente cristãos, onde grupos inteiros de batizados perderam o sentido vivo da fé, ou mesmo já não se consideram membros da Igreja e vivem uma vida distante de Cristo. Neste caso, precisamos de uma nova evangelização ou re-evangelização, como observamos agora a preocupação do Sumo Pontífice Bento XVI com a criação de um novo Dicastério, ou seja, o Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização.

“O homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas que nos mestres”, mais na experiência do que na doutrina, mais na vida e ação do que nas teorias, recordando o belíssimo documento do Papa Paulo VI sobre a Evangelização que nos lembra que o testemunho de vida cristã é a primeira e insubstituível forma de missão. Testemunhar Cristo é a primeira forma de evangelizar, mas somos chamados também a anunciar a vida, missão e obra de Jesus de Nazaré explicitamente e dando as razões de nossa fé. Anunciar Jesus é o âmago da vida de cada missionário, da família, da Igreja como comunidade cristã.

A espiritualidade missionária caracteriza-se pela caridade apostólica. Esse apelo missionário provém de Cristo, que veio “para congregar na unidade os filhos de Deus que andavam dispersos" (Jo 11, 52). Quem tem espírito missionário sente amor ardente de Cristo pelas pessoas e está unido à Igreja com Cristo. O missionário é impulsionado pelo zelo do anúncio alegre às pessoas de nosso tempo, inspirado pelo amor de Cristo e inquieto em sua missão, que é feita de atenção, ternura, compaixão, acolhimento, disponibilidade, interesse pelos problemas do povo.

O chamamento à missão deriva-se do chamado à santidade. O chamado universal à santidade é o “dever de casa” de todo missionário. Se você trabalha no caminho da santidade, a santidade é um pressuposto fundamental e uma condição insubstituível para a missão salvífica da Igreja.

O chamado à conversão que os missionários endereçam para os que ainda não creem é fundamental. No centro da atividade missionária encontram-se o anúncio de Cristo, o conhecimento e a experiência do seu amor. A Igreja não pode subtrair-se a este mandato explícito de Jesus, caso contrário privaria os homens da "Boa Nova" da salvação. Este anúncio não tira a autonomia própria de algumas atividades, como o diálogo e a promoção humana, mas, pelo contrário, fundamenta-a na caridade difusiva e orienta-a para um testemunho sempre respeitador dos outros, no atento discernimento daquilo que o Espírito suscita neles.

A Igreja Católica, arraigada no amor trinitário, é missionária por sua natureza, mas é preciso que se torne efetivamente assim em todas as suas ações pastorais. E somente conseguirá esta meta quando a hierarquia e o povo santo viverem em plenitude a caridade que o Espírito difunde no coração dos fiéis como único critério pelo qual tudo deve ser feito ou deixado de fazer, mudado ou mantido. É o princípio que deve orientar cada ação, e o fim para o qual há de tender.

O chamado universal e a vocação universal à santidade sempre estará estritamente ligado à vocação universal à missão: todo fiel é chamado à santidade e à missão. Somente desta forma a luz de Cristo, refletida no rosto da Igreja, poderá iluminar também os homens da nossa época.

Nós não podemos ficar parados se considerarmos os milhões de irmãos e irmãs que ainda vivem sem conhecer o amor de Deus. Por isso, a tarefa missionária deve permanecer acima de tudo, pois diz respeito ao destino eterno dos homens e corresponde à vontade de Deus misericordioso, que nos chama ao encantamento da missão do anúncio do querigma cristã e da vivência da santidade no dia a dia.

Mãos à obra e boa missão para todos os batizados, anunciando com a vida o Reino de justiça e de paz!

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