Esta palavra é utilizada na Igreja apenas em alguns momentos específicos e mais amplamente no início e no fim do ano litúrgico, ao referir-se a Jesus Cristo, Rei do Universo, e no início do advento, cujas leituras convergem para o fim da história.

O pouco uso e a temática trazida pelas leituras de caráter escatológico fazem com que esta palavra seja envolta por certo mistério, muita especulação, misticismo e falsas crenças.

"Escatologia" é uma palavra de origem grega. É composta por duas palavras: eschaton, que quer dizer "último", e logos, "doutrina, tratado". Então, escatologia é o tratado ou a doutrina sobre as últimas coisas.

No entanto, existe um perigo. O significado desta palavra nos leva a pensar apenas sobre os acontecimentos que vivenciaremos no fim de tudo, seja pelos indivíduos, seja pelo mundo. Antigamente, chamávamos todos esses acontecimentos de "novíssimos".

A morte, o juízo, o purgatório, o céu, o inferno eram os temas tratados na escatologia do indivíduo. E a segunda vinda de Cristo (a Parusia - outra palavra grega que significa: vinda, chegada), a ressurreição dos mortos, o juízo universal, o fim do mundo e sua transformação eram parte da escatologia do mundo. O perigo está em pensar esses acontecimentos como uma seqüência de eventos.

No Antigo Testamento, principalmente após a volta do Exílio, no século VI a.C., os judeus já esperavam por uma renovação do universo, "com novos céus e uma nova terra" (Isaías 65, 17). É interessante perceber que embora olhe para o futuro, no Antigo Testamento a esperança é algo que nasce aqui na terra e que atinge sua plenitude com a consumação do mundo. Portanto, não é algo que viveremos apenas no futuro, mas um processo.

No Novo Testamento, o caráter escatológico está mais evidenciado nos discursos de Jesus, como, por exemplo, em Mateus 24, que aborda três temas: a destruição de Jerusalém, o fim deste mundo e a vinda gloriosa do Filho do Homem.

É interessante perceber que o Catecismo da Igreja Católica confere à igreja um caráter escatológico. A igreja aparece como parte desse processo escatológico que caminha rumo à casa do Pai: "a igreja visível simboliza a casa paterna para a qual o povo de Deus está a caminho e na qual o Pai 'enxugará toda lágrima de seus olhos' (Apocalipse 21, 4). Por isso, a igreja também é a casa de todos os filhos de Deus, amplamente aberta e acolhedora" (nº 1186).

Dessa forma, podemos perceber que "escatologia" não é uma doutrina teológica sobre as últimas coisas, mas sim, reflexão sobre a esperança cristã. Assim, o conteúdo básico de toda a escatologia é a esperança. Temos esperança de que nossa situação atual vai melhorar, que as estruturas de opressão não mais existirão, que o bem sempre prevalecerá sobre o mal. A escatologia nos anima a permanecermos firmes em nossa fé. Mesmo diante de todo mal que vemos no mundo, fica o convite de sempre nos mantermos firmes na esperança de que o projeto histórico de Deus triunfará sobre tudo e todos.

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