Numa época como a nossa, em que campeiam a impiedade, a imoralidade e a irreligião, multiplicam-se pari passu as catástrofes naturais, com elevado número de vítimas. Tal situação deveria nos levar a recorrer com mais frequência e confiança à Providência Divina, que a tudo preside, suplicando-Lhe não olhar para os nossos pecados, mas para a sua insondável misericórdia; e que nos perdoe, ainda que tenhamos de sofrer por causa de nossas faltas.

Plinio Maria Solimeo

Davi, o rei-profeta de Israel

Davi, o rei-profeta de Israel, assim se dirige a Deus: “A Vós, Senhor, a grandeza, o poder, a honra, a majestade e a glória, porque tudo o que está no céu e na terra vos pertence. A Vós, Senhor, a realeza, porque sois soberanamente elevado acima de todas as coisas. É de Vós que vêm a riqueza e a glória, sois Vós o Senhor de todas as coisas; é em vossa mão que residem a força e o poder. E é vossa mão que tem o poder de dar a todas as coisas grandeza e solidez” (I Cr 29, 11-12). Em outras palavras, é a mão de Deus que criou, mantém, rege e governa com sua onipotência divina tudo o que está no Céu, na Terra, e nos infernos.

É o que diz São Paulo aos pagãos de Listra. Falando dessa mesma Providência, afirma ele que ela “nunca deixou de dar testemunho de si mesma, por seus benefícios: dando-vos do céu as chuvas e os tempos férteis, concedendo abundante alimento e enchendo os vossos corações de alegria” (Ats. 14, 17). E Nosso Senhor Jesus Cristo afirma que “até nossos cabelos estão contados” (Mt 10, 30; Lc 12, 7), e “que nenhum deles se perderá” (Lc 21, 18) sem o desejo ou a permissão dessa mesma Providência.

Providência no sentido comum e no religioso

Assim sendo, o que vem a ser propriamente a providência de Deus?

No sentido comum, a palavra providência decorre do vocábulo latino providentia, o qual deriva do verboprovidere, que significa ver de antemão, divisar antes, e também subministrar auxílios, prover. Diz São Tomás que a providência, em geral – ou previdência – é uma função da virtude da prudência, que diz respeito ao futuro, à obtenção de um fim, e ordena e prescreve, como é necessário, os meios para obtê-la (Suma Teológica IIa-IIae, q. 48, a. 1). A providência pode ser definida também como a razão prática adaptando os meios a um fim.

Nesse sentido, um pai de família deve prever e prover às necessidades dos seus. Um chefe de governo deve fazer o mesmo em relação a seus governados. Se isto é assim nas coisas humanas, elevando-nos para as divinas, podemos afirmar, num sentido lato, que a providência é a perfeição divina que ordena todas as coisas para a glória de Deus e o bem do universo.

Para os antigos persas, Ormuz era o autor de tudo quanto de bom existia para o homem: luz, fogo, água, campos, animais domésticos.

A idéia de uma providência divina nas religiões antigas

Essa idéia de uma providência, acima do poder do homem, encontra-se em todas as religiões antigas, como restos da revelação primitiva, sofrendo maiores ou menores deformações segundo os diversos povos e culturas. Pois o homem sempre teve necessidade de adorar um ser superior, que estivesse acima da natureza humana. E, se O adora, é porque crê em seu poder e em sua ciência infinita. E pelo fato de crer que ninguém pode subtrair-se ao seu olhar, os seguidores de tais religiões consideram que os deuses não são indiferentes às coisas humanas.

Todos os rituais das religiões pagãs como preces, adivinhações, bênçãos e maldições, oráculos e ritos sagrados, testemunham a crença em um poder decisório divino ou com caráter quase divino. E tais fenômenos estão presentes em cada raça ou tribo, mesmo selvagem ou degradada.

Desse modo, todos os povos pagãos tinham uma idéia mais ou menos definida da providência divina. Na Babilônia, os deuses dos assírios eram considerados os donos do universo e o regiam conforme leis que se ditavam em uma assembléia anual. Os próprios elementos atmosféricos estavam sob a ação dos deuses e eram por eles dirigidos, como fazia Zeus, entre os gregos, desde o Olimpo helênico.

Como os deuses eram considerados protetores dos homens, sua ação manifestava-se inclusive na vida diária de seus protegidos. Homero, na antiga Grécia, acentuou este ofício dos deuses como benfeitores da humanidade. E os semitas concebiam seu deus como pai, amigo e protetor. Até para os yamanes, da Terra do Fogo, “tudo vem do alto”, porque criam que sua divindade era boa. Para os antigos persas, Ormuzera o autor de tudo quanto de bom existia para o homem: luz, fogo, água, campos, animais domésticos.

A íntima conexão entre os deuses e as atividades humanas era mais acentuada na religião dos romanos, que cultuavam um deus especial para zelar por cada detalhe de sua vida diária, seus trabalhos no campo e até para os negócios do Estado. Eles tinham, por isso, deuses protetores do lar, como os Lares e osPenates.

Quando apareceu a agricultura, os homens passaram a rogar aos deuses que lhes enviassem a chuva, o sol e a boa colheita.

Também era comum a todos os povos antigos a convicção de que a divindade atuava na História e se revelava nos acontecimentos.

Entretanto, estes vestígios da religião natural primitiva estavam infelizmente mesclados com deturpações diabólicas como o politeísmo, práticas antinaturais e magia. Daí a já mencionada advertência do Apóstolo São Paulo.

Deus fez brilhar suas obras para que o homem O conhecesse por elas: “Narram os céus a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos” (Sl 18, 20)

A Providência no Antigo Testamento

Se bem que o termo providência seja aplicado a Deus somente três vezes no Antigo Testamento (Eclesiastes 5, 5; Sabedoria 14, 3 e Judite 9, 5), e uma vez à Sabedoria (Sabedoria 6, 17), a doutrina geral da Providência é ensinada de modo consistente tanto através do Antigo quanto do Novo Testamento.

A Bíblia tem o objetivo de mostrar esse governo do mundo, e especialmente da humanidade, pela Providência divina. Esse é, por exemplo, o papel dos livros históricos do Antigo e do Novo Testamento ao narrar-nos os sucessivos empreendimentos divinos com relação aos homens. Do mesmo modo, os livros proféticos anunciam com antecipação esses empreendimentos. E os livros sapienciais ou doutrinários constituem sua apologia.

Quer Deus entretanto a cooperação do homem, o qual deve saber que depende inteiramente do Criador: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem. Se o Senhor não guardar a cidade, debalde vigiam as sentinelas”, diz o Salmista (Sl 126, 1). Por isso mesmo é Deus que toma a iniciativa de instruir seus filhos: “Meu filho, ouve-me, adquire uma instrução sadia, torna o teu coração atento às minhas palavras. Dar-te-ei um ensino muito exato, vou tentar explicar-te o que é a sabedoria; torna o teu coração atento às minhas palavras, pois vou descrever-te com exatidão as maravilhas que Deus, desde o início, fez brilhar nas suas obras, e vou expor, com toda a veracidade, o conhecimento de Deus. Por decreto de Deus suas obras existem desde o começo; desde a criação distinguiu-as em partes. Colocou as principais em suas épocas, adornou-as para sempre; elas não sentiram necessidade nem fadiga, e nunca interromperam seu trabalho” (Cfr. Eco. 16, 24 e ss.).

Quer dizer, Deus fez brilhar suas obras para que o homem O conhecesse por elas: “Narram os céus a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos” (Sl 18, 20). E o sofrido Jó acrescenta: “Entre todos esses seres, quem não sabe que a mão de Deus fez tudo isso, Ele que tem em mãos a alma de tudo o que vive, e o sopro de vida de todos os humanos?” (12, 9-10).

Pode-se a isso acrescentar o que diz o Livro da Sabedoria (13, 1): “São insensatos por natureza todos os que desconheceram a Deus, e, através dos bens visíveis, não souberam conhecer Aquele que é, nem reconhecer o Artista, considerando suas obras”.

Dos vários livros do Antigo Testamento podemos extrair as seguintes afirmações: Deus ama os homens (Sb 11, 25), deseja a salvação de todos (Is 45, 22), e sua Providência estende-se a todas as nações (Dt 2, 19). Ele não deseja a morte do pecador, mas que se arrependa (Ez 18, 20), porque o Criador, acima de todas as coisas, é um Deus misericordioso, e um Deus de muita compaixão (Ex 34, 6).

O que não exclui o fato de que Ele premia os homens de acordo com suas obras (Jó 34, 10). De sua cólera não se pode escapar (Jó 9, 13), e ninguém pode prevalecer contra Ele (Sb 11, 22). Se o mau é poupado por um tempo (Jr 12, 1), receberá finalmente sua punição se não se arrepender (Jr 12, 13), enquanto que o bom, ainda que sofra por um momento, será confortado por Deus (Sl 90, 15). Deus usa o sofrimento como instrumento pelo qual treina os homens como um pai treina seus filhos (Dt 8, 1-6); de modo que verdadeiramente o mundo luta pelo justo (Sb 16:17).1

“Dar-vos-ei um coração e um espírito novo”

“Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros, e vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis vós muito mais que elas?” (Mateus 6, 26)

O Antigo Testamento marca bem, como vimos, sempre no plano sobrenatural, as soberanas iniciativas da ação divina em relação à vontade humana, que se revela, no entanto, a mais autônoma das causas criadas neste mundo. Deus facilita de todos os modos, quase que constrange o homem a seguir suas vias, mas não lhe tira o livre arbítrio.

Assim, o Altíssimo diz pela boca de Ezequiel:“Dar-vos-ei um coração novo, e em vós porei um espírito novo; tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne. Dentro de vós meterei meu espírito, fazendo com que obedeçais às minhas leis e sigais e observeis os meus preceitos”(36, 26-27).

Pois, como acrescenta o autor dos Provérbios: “O coração do rei é uma água fluente nas mãos do Senhor: ele o inclina para qualquer parte que quiser” (21, 1).

Era também desse modo que a Providência divina dirigia o povo eleito do Antigo Testamento: “Israel, porém, foi visivelmente o quinhão do próprio Deus. Todas as suas obras lhe são claras como o sol, e seus olhos observam sem cessar o seu proceder. As leis de Deus não são eclipsadas pela iniqüidade deles, e todos os pecados que cometem estão diante do Senhor” (Eclo 17, 13 ss.).

Sendo isso assim, o homem sente necessidade de invocar o auxílio do Altíssimo para bem agir. Foi o que fez Judite quando determinou matar o ímpio Holofernes: “Lembrai-vos, Senhor, de vossa promessa; inspirai as palavras de minha boca e dai firmeza à resolução de meu coração, para que a vossa casa vos permaneça (para sempre) consagrada e que todos os povos reconheçam que só vós sois Deus e que não há outro fora de vós” (11, 18).

O mesmo pensamento exprime o Salmista: “Cada uma de minhas ações vossos olhos viram, e todas elas foram escritas em vosso livro; cada dia de minha vida foi prefixado, desde antes que um só deles existisse”. E, diante da pequenez do homem face à imensidade do Altíssimo, ele exclama: “Ó Deus, como são insondáveis para mim vossos desígnios! E quão imenso é o número deles! Como contá-los? São mais numerosos que a areia do mar; se pudesse chegar ao fim, seria ainda com vossa ajuda”, pois o homem nada é sem Deus (Sl 138, 16 e ss.).

São Paulo, quando se dirige aos atenienses no Areópago, explica-lhes que há um Deus previdente que criou e mantém o Céu e a Terra

A Providência no Novo Testamento

“Considerai como crescem os lírios do campo; não trabalham nem fiam. Entretanto, eu vos digo que o próprio Salomão, no auge de sua glória, não se vestiu como um deles” (Mateus 6, 28).

No Novo Testamento, Nosso Senhor Jesus Cristo estende-se bastante sobre a Providência divina. Ele não podia ser mais claro do que em Mateus (6, 25 e ss.): “Eis que vos digo: não vos preocupeis por vossa vida, pelo que comereis, nem por vosso corpo, pelo que vestireis. A vida não é mais do que o alimento e o corpo não é mais que as vestes? Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros, e vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis vós muito mais que elas? Qual de vós, por mais que se esforce, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? E por que vos inquietais com as vestes? Considerai como crescem os lírios do campo; não trabalham nem fiam. Entretanto, eu vos digo que o próprio Salomão, no auge de sua glória, não se vestiu como um deles. Se Deus veste assim a erva dos campos, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso. Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo”.

Ainda em São Mateus (10, 20 a 31), nosso Divino Mestre insiste: “Não se vendem dois passarinhos por um asse? No entanto, nenhum cai por terra sem a vontade de vosso Pai. Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois! Bem mais que os pássaros valeis vós”.

São Paulo, quando se dirige aos atenienses no Areópago, explica-lhes que há um Deus previdente que criou e mantém o Céu e a Terra: “O Deus, que fez o mundo e tudo o que nele há, é o Senhor do céu e da terra, e não habita em templos feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos de homens, como se necessitasse de alguma coisa, porque é Ele quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas. Ele fez nascer de um só homem todo o gênero humano, para que habitasse sobre toda a face da terra. Fixou aos povos os tempos e os limites da sua habitação. Tudo isso para que procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo como que às apalpadelas, pois na verdade ele não está longe de cada um de nós. Porque é nele que temos a vida, o movimento e o ser, como até alguns dos vossos poetas disseram: Nós somos também de sua raça” (At 17, 24 e ss.).

Por mais desconhecidos que nos sejam os desígnios de Deus, não são jamais injustos. Essa impotência na qual nos deixa a Providência em face de seus de- sígnios visa também um fim: quebrar nosso orgulho, levar-nos à humildade e fazer subir a nossos lábios o ato de fé humilde e confiante na Providência.

Famílias tentam recuperar pertences depois da passagem do violento tornado que atingiu a cidade de Joplin, no Missouri, em 24 de maio último

O pensamento sobre a Providência divina na Igreja primitiva

Na Igreja dos primeiros tempos, para os Padres da Igreja grega, a existência dessa Providência divina que tudo dirige, ordena e mantém, é apresentada como uma verdade fundamental que a Revelação pressupõe, e da qual ela constitui a mais brilhante testemunha. Para eles, a negação dessa Providência levaria consigo a recusa de aceitar toda a economia cristã, e contradiria mesmo uma das conclusões mais seguras da filosofia helênica.2

Já entre os Padres apostólicos (assim chamados porque tiveram alguma relação direta ou indireta com os Apóstolos), não há um que faça tão freqüente menção da divina providência quanto São Clemente de Roma, terceiro sucessor de São Pedro, em sua célebre Epístola aos Coríntios.

Nela ele afirma: “Os céus, girando sob seu governo, estão sujeitos a Ele em paz. O dia e a noite seguem o curso estipulado por Ele, sem de nenhum modo atrapalhar-se mutuamente. O sol e a lua, em companhia das estrelas, giram com harmonia de acordo com sua ordem, dentro dos limites prescritos, e sem nenhum desvio. A terra frutuosa produz alimentos em abundância de acordo com sua vontade, em estações estabelecidas, para homens, bestas e todos os seres vivos que há nela, nunca hesitando nem mudando nenhuma das ordenações por Ele fixadas [...] Tudo isso o grande Criador e Senhor de todas as coisas determinou que existisse em paz e harmonia. Enquanto Ele faz bem a todos, contudo mais abundantemente a nós, que procuramos como refúgio suas compaixões através de Jesus Cristo, Nosso Senhor, a quem seja dada glória e majestade por todos os séculos”. Por isso, acrescenta ele, é-nos necessário imitar a Deus, que não cessa de fazer o bem. E imitar a ordem e a harmonia que reinam em suas obras.

Tirando depois uma aplicação prática desse ensinamento, esse Papa dos primeiros séculos afirma aos coríntios que, desse modo, os cristãos devem respeitar também a ordem eclesiástica, que foi estabelecida por Deus tanto na antiga aliança quanto na nova. E, nessa mesma ordem de idéias, na qual o governo divino e o governo eclesiástico se juntam, afirma ele que Deus é chamado “o Criador e o bispo de todo espírito”, e Nosso Senhor Jesus Cristo, no qual se consumam todos os dons de Deus, é “o grande padre de nossas oblações”.3

São Justino Mártir, que nasceu por volta do ano 100 e foi martirizado em Roma em 165, julga que a questão da providência e a da unidade de Deus e de sua “monarquia” deve ser o objeto principal das pesquisas filosóficas. Como apologista, ele dá um valor particular ao argumento profético: não somente as condutas de Deus são ordenadas, mas Ele as revelou antecipadamente, a fim de que, vindo o momento, possamos reconhecer com certeza sua ação.

O santo explica como a Providência divina dirige o universo por meio de intermediários angélicos, e põe em relevo também o papel dos demônios nos acontecimentos, por permissão de Deus.4

Já para Santo Irineu, bispo de Lyon, na França, no século II, certos pagãos, menos dominados pelas voluptuosidades culpáveis e pelo culto dos ídolos, puderam conhecer alguma coisa de Deus Pai, Criador de todas as coisas, que governa o mundo.

A questão do mal para os Padres da Igreja

Essa questão é tão importante, que vamos resumir o que diz o teólogo Leslie J. Walker, na The Catholic Encyclopedia, edição de 1911:

A pergunta que os Padres da Igreja se punham, era: “Como podem o mal e o sofrimento ser compatíveis com a beneficente Providência de um Deus todo-poderoso? E por que o justo, mais especialmente, deve sofrer, enquanto os maus são aparentemente prósperos e felizes?” A solução patrística para esses problemas pode ser resumida nos seguintes pontos:


• O pecado não é ordenado pela vontade de Deus, se bem que sucede com sua permissão. Só um resultado secundário pode ser referido à Providência (Orígenes, São João Damasceno).
• O pecado é devido ao abuso do livre-arbítrio; um abuso que foi certamente previsto por Deus, mas que só poderia ser impedido retirando do homem esse seu mais nobre atributo [o livre arbítrio] (Tertuliano, São Cirilo de Alexandria, Teodoreto).
• Além disso, neste mundo o homem tem que aprender, por experiência e contraste, a conhecer os obstáculos e a superá-los (Lactantius, Santo Agostinho).
• Portanto, uma razão pela qual Deus permite o pecado, é para que o homem possa chegar imediatamente [por contraste] a uma consciência do que é reto, de sua própria inabilidade em alcançá-lo, e assim possa pôr sua confiança em Deus (Anon, São Gregório Magno).
• Deus não é responsável pelo pecado, mas só pelos males [mortificações] que dele resultam como punição do pecado (Tertuliano), males que acontecem sem a vontade [expressa] de Deus, mas que não são contrários a ela (São Gregório Magno).
• Todo mal físico, desse modo, é conseqüência do pecado, o resultado inevitável da queda original (São João Crisóstomo, São Gregório Magno). A essa luz, ele é visto imediatamente como uma medicina (Santo Agostinho), uma disciplina (id., São Gregório Magno), uma ocasião para a caridade (São Gregório Magno). O mal e o sofrimento, então, tendem a aumentar o mérito (id), e desse modo a junção da justiça torna-se um agente para a bondade (Tertuliano).
• O mal atua assim segundo os desígnios de Deus (São Gregório Magno, Teodoreto). Donde – se o universo for considerado como um todo – decorre que, aquilo que para o individuo é mal, será, no fim, mudado para ser consistente com a bondade divina, em conformidade com a justiça e a reta ordem (Orígenes, Santo Agostinho).
• É no fim que se prova a felicidade (Lactantius, Santo Ambrósio, São João Crisóstomo, Santo Agostinho, Teodoreto). No Juízo Final o problema do mal será resolvido, mas até então os trabalhos da Providência permanecerão mais ou menos um mistério (Santo Agostinho, São João Crisóstomo).
• Com relação à pobreza e aos sofrimentos, entretanto, convém ter presente que, privando-nos dos bens terrenos, Deus está chamando de volta o que é seu (São Gregório Magno); e em segundo lugar que, como Salvanius nos diz, nada é tão leve que não pareça pesado àquele que o leva de má vontade, e nada tão pesado que não pareça leve àquele que o carrega com boa vontade.5

* * *

Com relação à pobreza e aos sofrimentos, entretanto, convém ter presente que, privando-nos dos bens terrenos, Deus está chamando de volta o que é seu (São Gregório Magno)

Madonna del Popolo – Federico Barocci, séc. XVI. Galeria degli Uffizi, Florença, Itália.

Uma grande autoridade muito posterior à dos Padres da Igreja – o Concílio de Trento (1545-1563) – afirma que o mal está no poder do homem, e que as más obras não devem ser atribuídas a Deus no mesmo sentido que as boas obras, mas somente como toleradas, do mesmo modo que a vocação de São Paulo é obra de Deus num sentido muito mais verdadeiro do que a traição de Judas (Sess. VI, can. vi, A. D. 816).6

Entretanto, há outra pergunta que se põe: “Quando a desventura cai sobre o homem nesta Terra, é sempre por causa de seus pecados? Os amigos de Jó o afirmam. Jó o nega. Como nota São Tomás em seu comentário sobre esse livro do Antigo Testamento, os amigos de Jó não pensavam na vida futura. Eles criam que, já agora, antes da morte, o justo deve ser recompensado e o mau punido. Jó, pelo contrário, figura de Cristo, está como elevado por uma inspiração superior para o mistério do além, que nos faz entrever o prólogo do livro. Ele responde (19, 6): “Sabei que foi Deus quem me afligiu e me cercou com suas redes”. E, no versículo 21 acrescenta: “Compadecei-vos de mim, compadecei-vos de mim, ao menos vós, que sois meus amigos, pois a mão de Deus me feriu”.

Mas depois Jó afirma que a infelicidade aqui na Terra não é sempre o castigo de uma vida criminosa (capítulos 28 e 31). Ele ignora a razão de seus sofrimentos, mas sabe que Deus, em sua sabedoria que permanece insondável para os homens, a conhece.7

Nosso Senhor Jesus Cristo explica mais explicitamente, no Novo Testamento, que nem sempre alguma tragédia sucedida a alguém ocorre por causa de seus pecados. Com efeito, quando vieram anunciar-lhe que alguns galileus tinham sido sacrificados por Pilatos ao abafar uma revolta, o Divino Mestre, sempre pronto a tirar algum ensinamento dos fatos concretos, pergunta aos presentes: “Pensais vós que estes galileus foram maiores pecadores do que todos os outros galileus, por terem sido tratados desse modo?”. E responde que não. Para reforçar essa afirmação, Ele insiste: “Ou cuidais que aqueles dezoito homens, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os demais habitantes de Jerusalém?” E responde: “Não, digo-vos eu”. E para mostrar que o sucedido àqueles infelizes poderia ter ocorrido com qualquer pecador impenitente, acrescenta: “Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo” (Lc 13, 1-5).

Isso não significa que algumas vezes Deus não puna aqui mesmo, na Terra, alguns crimes e os que os cometem, pois, diz o Salmista: “Deus é um juiz íntegro, um Deus perpetuamente vingador. Se eles [os ímpios] não se corrigem, Ele afiará a espada, entesará o arco e visará. Contra os ímpios apresentará dardos mortíferos, lançará flechas inflamadas” (Sl 7, 12-13).

A Providência segundo Santo Agostinho

Segundo Santo Agostinho, pode-se definir a Providência como sendo o atributo divino pelo qual a Trindade dirige a ação que exerce sobre toda a criação, e que tem por termo a constituição definitiva da Cidade de Deus

A Providência, de acordo com o genial Santo Agostinho,8 pressupõe em Deus a sabedoria, a presciência, a vontade de criar e de ordenar todas as coisas ao fim do universo ou à manifestação da bondade divina.

Segundo ele, pode-se definir a Providência como sendo o atributo divino pelo qual a Trindade dirige a ação que exerce sobre toda a criação, e que tem por termo a constituição definitiva da Cidade de Deus – título de um de seus livros mais conhecidos, e do qual são extraídas estas considerações.

A Providência, estendendo-se do menor dos seres ao mais perfeito, harmoniza no universo essa hierarquia de belezas que lhe fazem o esplendor. É Ela que dispõe a marcha dos séculos. É ainda Ela que constitui os impérios, distribui os reinos – eleva este ao poder e às honras, e abaixa aquele à sujeição e à servidão. Se a Providência permite que imperadores indignos subam ao trono, é ainda em vista de um fim de justiça: os maus príncipes são uma punição aos maus povos.

Para Santo Agostinho, se a Providência dispõe os acontecimentos favoráveis, é para levantar as coragens abatidas. E se Ela permite as adversidades, é para exercer a justiça. Se estabeleceu certas pessoas na dominação e outras na sujeição, visa ao bem que deve resultar disso: a submissão a um vencedor é, com efeito, preferível, aos rigores e às vinganças da guerra.

É a Providência que traça as leis das gerações e dos nascimentos. É Ela também que suscita os fatos maravilhosos, bem como o curso ordinário da natureza. É a Providência que dota o homem de todos os órgãos requeridos ao seu ministério de alma racional, que provê às necessidades de cada um, que preparou essa via real para a libertação das almas que é a Religião de Cristo. Foi também Ela que deu à Escritura sua incontestável superioridade sobre as outras obras do espírito humano. Ela é que distribui indistintamente os bens e os males temporais aos justos e aos ímpios, e que, pela marcha dos acontecimentos, dirige, corrige o vício e prova a virtude.

É mais uma vez a Providência que ordena, no presente, os acontecimentos favoráveis, e permite as adversidades; que dispõe as alegrias e as aflições do justo, que pune imediatamente certas faltas e retarda a sanção de certas outras, bem como reserva para o último dia a sanção definitiva.

É a Providência que exerce e purifica os justos, que distribui sua graça segundo seu bel prazer, e não somente segundo nossos méritos.

É Ela quem quebra nosso orgulho e purifica nossa fé, pela incompreensível execução de seus insondáveis desígnios.

É Ela que tira o bem do mal, mesmo do pecado; Ela que restabelece a ordem da justiça, agora em parte, no último dia em sua totalidade. Ela, enfim, que sacia os desejos da criatura racional e lhe concede a posse de seu fim, conduzindo-a à perfeição da sabedoria.

Por mais desconhecidos que nos sejam os desígnios de Deus, não são jamais injustos. Essa impotência na qual nos deixa a Providência em face de seus desígnios visa também a um fim: quebrar nosso orgulho, levar-nos à humildade e fazer subir a nossos lábios o ato de fé humilde e confiante na Providência.

Pois é a perfeição do conjunto que é o termo perseguido pela Providência. Que o homem tome então consciência de seu lugar de parte nesse conjunto; que cesse de se considerar como centro do universo, e muitas dificuldades desaparecerão. Sendo parte, ele não pode apoderar-se da ordem universal. Esse é o motivo por que lhe escaparão algumas vezes as razões da ação providencial, dessa ação universal. Não somente o homem não compreende essas razões como algumas vezes as julga dolorosas e se insurge contra a Providência, quando o bem do todo, a perfeição do universo e o triunfo da Cidade de Deus exigem dele algum sacrifício incompreendido.

A confiança na Providência não dispensa a prece

Mais uma pergunta pode surgir ao espírito humano: se a Providência infalível é universal, e se tudo previu, qual pode ser a utilidade da oração? Como nossas súplicas poderiam esclarecer a Deus, fazendo mudar os desígnios d’Aquele que disse “Eu sou o Senhor, e não mudo” (Ml 3, 6)? Assim o conhecido teólogo Pe. Garrigou-Lagrange apresenta esta questão. E a resolve da seguinte maneira:

Como explica São Tomás, a prece não tem seu primeiro princípio em nós, mas foi querida por Deus bem antes que quiséssemos pôr-nos a rezar. Desde toda a eternidade, o Criador quis a prece como uma causa das mais fecundas de nossa vida espiritual. Ele a desejou como um meio de obter a graça que nos é necessária. Foi Ele mesmo Quem a inspirou aos primeiros homens que, como Abel, dirigiram-Lhe suas súplicas. Foi Ele que a fez jorrar do coração dos patriarcas e dos profetas.

A resposta, pois, a essa objeção, é muito simples: a verdadeira prece, feita nas condições requeridas, é infalivelmente eficaz, porque Deus, que não pode desdizer-se, decretou que o seria: “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á” (Mt 7, 7-8).

Não somente tudo o que acontece foi previsto e querido (ou pelo menos permitido) por um decreto providencial, mas também a maneira pela qual as coisas se sucedem, as causas que produzem os acontecimentos, os meios pelos quais se obtém os fins. Assim é em todas as ordens de seres, desde a matéria bruta até a vida da graça, Deus preparou as causas que as devem produzir, em vista de certos efeitos. Em vista de certos fins, Ele preparou os meios proporcionados.

Ora, a prece é uma causa ordenada desde toda a eternidade pela Providência para produzir esse efeito que é a obtenção dos dons de Deus necessários à salvação. E, pois, a imutabilidade dos desígnios de Deus, bem longe de se opor à eficácia da prece, é seu supremo fundamento. O Senhor, quando disse: “Pedi e recebereis” é como um pai que está resolvido a priori a conceder um prazer a seus filhos, e que os leva a pedi-lo. Mas, para que a prece seja bem ordenada, devemos nos lembrar desta palavra do Evangelho: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt 6, 33).

Desse modo a prece é um culto rendido à Providência, reconhece constantemente que estamos sob o governo divino. Aquele que reza como deve, com humildade, confiança e perseverança, pedindo, para si e pelos outros, os bens necessários à salvação, coopera com o governo divino, porque o Onipotente decidiu, desde toda a eternidade, não produzir tal efeito salutar senão com nosso concurso, e em seguida à nossa intercessão.

Entretanto, a prece deve ser acompanhada de um abandono confiante na Providência, que saberá dar-nos o que pedimos, ou ainda melhor do que pedirmos. Confiemos na Onipotência divina.

A bênção dos trigais em Artois – Jules Breton (1827 - 1906)
Museu de Belas Artes de Arras, França

Nossa Senhora e a Divina Providência

Uma vez que, por desígnio de Deus, todas as graças nos vêm por Maria, qual é seu papel como nossa intermediária junto à Providência Divina?

A esse respeito transcrevemos algumas considerações feitas pelo grande pensador e líder católico Plinio Corrêa de Oliveira a seus discípulos, em 16 de novembro de 1964:

“Por que Nossa Senhora é chamada a Mãe da Providência Divina? Evidentemente não é porque Ela tenha gerado a Providência Divina. Mas é porque, segundo os desígnios dessa Providência, Ela é a mãe que toca maternalmente, que aplica maternalmente a nós os decretos da Providência Divina. E que, portanto, faz com que o governo da Providência Divina sobre nós seja um governo materno. E fazendo com que esse governo seja materno, faz com que ele se aplique com uma plenitude de carinho, de comiseração, de afeto, que é algo que esgota inteiramente tudo quanto o homem possa pensar.

“Assim, por causa disto a devoção a Nossa Senhora é a fonte de nossa confiança; a razão para nós esperarmos é porque temos uma mãe que dirige a nossa existência, que preside nossa vida espiritual, orienta nossa vida de apostolado, orienta nossa atividade diária. A razão de tudo isto, enfim, está nesta invocação de Nossa Senhora, Mãe da Providência Divina.

“A piedade real visa dar glória a Deus e conduzir o homem à virtude. Para alcançar esses dois fins, a devoção ao Imaculado Coração de Maria é um verdadeiro dom da Divina Providência a este desventurado século.

“Nossa Senhora é a Medianeira de todas as graças. Tentar rezar sem sua intercessão é o mesmo que tentar voar sem asas, diz Dante. Se quisermos que nossos atos de amor, louvor, ação de graças e reparação subam ao trono de Deus, temos que colocá-los nas mãos de Maria Santíssima. Seria ridículo imaginar que a devoção a Nossa Senhora fosse um desvio, e que pudéssemos alcançar Deus mais diretamente não nos reportando a Ela. O oposto é que é verdade: Só podemos alcançar a Deus por meio d´Ela [...].

“No Apocalipse, capítulo 3, versículo 8, lemos: ‘eu pus diante de ti uma porta aberta, que ninguém pode fechar; porque, apesar de tua fraqueza, guardaste a minha palavra e não renegaste o meu nome’. Essa porta, aberta à fraqueza do homem contemporâneo, é o Imaculado Coração de Maria”.9

As orações rogativas para aplacar a justa cólera de Deus

Nas épocas de fé mais acendrada, suplicava-se constantemente à Divina Providência que fizesse cessar uma epidemia ou um flagelo, cair chuva benfazeja em época de seca, ou para se obter boas colheitas.

A origem dessas devoções, contudo, é bem antiga e remonta ao século V. É atribuída a São Mamerto, bispo de Viena, no Delfinado (França), quando o país foi assolado por tremores de terra, incêndios e devastações por parte de bestas selvagens. Na noite da Páscoa de 469, quando o povo estava reunido na igreja, São Mamerto anunciou que tinha prometido a Deus rogações especiais para que cessassem esses flagelos. Esses atos deveriam constituir-se em solenes procissões penitenciais acompanhadas de jejum e súplicas públicas. Ao fim dos três dias de rogações, os males foram debelados.10

A Santa Igreja estendeu essa devoção à Igreja universal com o intuito de aplacar a justa cólera de Deus por causa das transgressões dos homens, cólera essa que pode manifestar-se em catástrofes naturais, terremotos, inundações, seca prolongada, epidemias e outras calamidades.

Sabendo que tudo depende da Providência do Criador, o povo nesses dias chamados “de rogações” participava das procissões pelas ruas e pelos campos, rezando as ladainhas “de rogações”; suplicava a Deus que não olhasse para os pecados dos homens, mas considerasse apenas a extrema misericórdia divina.

Esses dias de “rogações” – denominadas até há pouco tempo de “Ladainhas Menores”, que se realizavam nos dias que precedem à Ascensão – tornaram-se muito comuns na Europa medieval, na “doce primavera da fé”, qualificativo atribuído a essa época pelo Conde de Montalambert.

Esses Dias de Rogações foram também muito populares na Inglaterra até 1571, quando, no reinado da ímpia Isabel, com a introdução do cisma e da heresia anglicana, não se tolerou mais essa devoção tipicamente católica.11

Mais recentemente, sem deixar de suplicar a Deus por toda a Igreja, essas “rogações” tornaram-se em geral preces para obter uma bênção para as colheitas. E até meados do século XX figuravam na liturgia com a bênção dos campos. Elas se encontram, por exemplo, no Missal Romano Quotidiano, de 1963, de Dom Gaspar Lefebvre, do qual extraímos estes dados.

O primitivo caráter de reparação não é esquecido nessa bênção dos campos, pois começa com os versículos: V: Senhor, não nos trateis segundo as nossas culpas, mas de acordo com vossa infinda misericórdia. R: Nem nos castigueis conforme merecem nossos crimes.

Se em nossa época de tsunamis, terremotos, inundações e numerosas outras calamidades, além de tantos pecados públicos, se recorresse mais à Divina Providência nos termos dos versículos acima, poder-se-ia evitar ou pelo menos atenuar muitos males que se abatem sobre a humanidade pecadora!

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Notas:

1. Leslie J. Walker, Divine Providence, The Catholic Encyclopedia, CD Rom edition.
2. Cfr. H.-D Simonin, Providence, Pères Apostoliques et apologistes, Dictionnaire de Théologie Catholique, Librairie Letouzey et Ané, Paris, 1936, tomo 13, col. 942.
3. Fathers, St. Clement of Rome, Letter to the Corinthians, chap. 20 e ss., The Catholic Encyclopedia, CDRom edition,.
4. Cfr. Pe. R. Garrigou-Lagrange, Providence, Théologie, Dictionnaire de Théologie Catholique, Librairie Letouzey et Ané, Paris, 1936, tomo 13, col. 994.
5.Leslie J. Walker, op. cit.
6. Id. ib.
7. Pe. R. Garrigou-Lagrange, Providence, Théologie, Dictionnaire de Théologie Catholique, Librairie Letouzey et Ané, Paris, 1936, tomo 13, col. 994.
8. Resumimos aqui o Pe. A. Rascol, La Providence selon Saint Augustin, in Dictionnaire de Théologie Catholique, vol. citado, cols. 961 e ss.
9. Palestra pronunciada para sócios e cooperadores da TFP em 16 de novembro de 1964; gravação em fita magnética sem revisão do autor.
10. Cfr. Rogation, La Grande Encyclopédie, Société Anonyme de la Grande Encyclopédie, Paris, sem data, tomo 28, p. 812.
11. Francis Mershman, Rogation Days, The Catholic Encyclopedia, CD Rom edition.

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