O próprio nome
de anjos indica já sua função: enviados ou mensageiros de Deus. Com efeito, o
original hebraico do Antigo Testamento se refere a esses puros espíritos como
mal´âk yahweh, isto é, emissários de
Deus. A versão grega utilizou a expressão angelos, a qual foi por sua vez
traduzida em latim por angelus, palavra que serviu de base
para as línguas ocidentais.
O Novo
Testamento nos mostra a ação desses emissários de Deus, comunicando aos homens as mais importantes
mensagens divinas. Assim, o arcanjo São Gabriel anuncia a Zacarias o nascimento
do Precursor, São João Batista: “Eu sou Gabriel, que assisto diante do trono de
Deus e fui enviado para falar-te e comunicar-te esta boa nova” (Lc 1,19). O
mesmo anjo anuncia à Santíssima Virgem o mistério da Encarnação: “Foi enviado o
anjo Gabriel da parte de Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré, a uma
virgem desposada com um varão de nome José, da casa de David; e o nome da
Virgem era Maria” (Lc 1,26-27). Um anjo aparece a São José em sonhos dando-lhe
a conhecer também esse mistério: “Eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em
sonhos dizendo: José, filho de David, não temas receber Maria como tua esposa,
porque o que nela foi concebido é (obra) Espírito Santo” (Mt 1,20).
A alegria do
nascimento do Salvador foi anunciada pela aos pastores: “Ora naquela mesma
região havia uns pastores que velavam e faziam de noite a guarda ao seu
rebanho. E eis que apareceu junto deles um anjo do Senhor, e a claridade de
Deus os cercou,, e tiveram grande temor. Porém o anjo disse-lhes: Não temais;
porque eis que vos anuncio uma grande alegria, que terá todo o povo. Nasceu-vos
na cidade de David o Salvador, que é Cristo Senhor. E eis o sinal: Encontrareis
um menino envolto em panos deitado numa manjedoura. E subitamente apareceu com
o anjo uma multidão da milícia celeste louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus
no mais alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 2,8-14). Um
anjo aconselha à Sagrada Família fugir para o Egito por causa da perseguição de
Herodes: “Eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e lhe disse:
Levanta-te, torna o menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que eu
te avise; porque Herodes vai procurara menino para o matar” (Mt 2, 13). Depois
da morte de Herodes, o anjo torna a aparecer a São José: "Morto Herodes,
eis que o anjo do Senhor apareceu em sonho a José no Egito, dizendo:
Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque
morreram os que procuravam tirar a vida ao menino” (Mt 2, 19-20).
Consoladores e confortadores
Em diversos
episódios, a Sagrada Escritura nos mostra os anjos no seu ministério de
consoladores e confortadores dos homens em dificuldades. O
profeta Elias, sendo perseguido pela ímpia rainha Jezabel (a qual introduzido
em Israel o culto idolátrico de Baal), fugiu para o deserto; ali, prostrado de
desânimo e fadiga, adormeceu. “E um anjo do Senhor o tocou, e lhe disse:
Levanta-te e come". Elias abriu os olhos e viu junto de sua cabeça um pão
e um vaso de água; comeu e bebeu e tornou a adormecer. “E voltou segunda vez o
anjo do Senhor, e o tocou e lhe disse: Levanta-te e come, porque te resta um
longo caminho “. O Profeta levantou-se, e bebeu e, revigorado, caminhou durante
quarenta dias e quarenta noites até o Monte Horeb, onde Deus iria manifestar-se
a ele(3 Reis 19, 1-8).
Em sua vida
terrena o próprio Salvador foi servido e confortado anjos.
Assim se deu
após o prolongado jejum no deserto e a tentação do demônio: “Então o demônio
deixou-o; e eis que os anjos se aproximam e o serviam” (Mt 4, 11). Na terrível
agonia do Horto das Oliveiras, depois de Jesus exclamar: “Pai, se é do teu agrado,
afasta de mim este cálice “, o Padre enviou um anjo para confortá-Lo: “Então
apareceu-lhe um anjo do céu que o confortava” (Lc 22, 42-43). Na Ressurreição
“um anjo do Senhor desceu do céu e, aproximando-se, revolveu a pedra, e estava
sentado sobre ela; e o seu aspecto era como um relâmpago e as suas vestes
brancas como a neve”. E o mesmo anjo consolou as Santas Mulheres que haviam ido
ao Sepulcro: “Não temais, porque sei que procurais a Jesus que foi crucificado;
ele já não está aqui, porque ressuscitou como tinha dito” (Mt 28, 2-8).
Agentes de Deus para o governo do Universo
É por meio dos
santos anjos que Deus exerce o governo do Universo.
Os Padres e
Doutores da Igreja reconhecem nos anjos um grande poder, não só sobre as
plantas e animais, mas até sobre o próprio homem. A Sagrada Escritura fala-nos
também do anjo que tem poder sobre o fogo (Apoc 14, 18), e daquele que manda
nas águas (Apoc 16, 5).
Santo Agostinho
diz que cada espécie distinta, nos diferentes reinos da natureza, é governada
pelo poder angélico. Segundo São Tomás, Deus mesmo estabeleceu, até os mínimos
detalhes, seu plano de governo do mundo. Mas ele confia a execução desse plano,
em graus variados, primeiro aos anjos, depois aos homens, segundo suas funções
diversas, e por fim às outras criaturas.
Os anjos são os
agentes da execução de Deus em todos domínios. Como Deus governa tudo, os anjos
O ajudam e obedecem em tudo.
Ele exerce seus desígnios no Cosmos pelo ministério dos
anjos. “E claro que as galáxias do céu, assim como as feras das florestas e os
pássaros que cantam para nós, e o trigo de nossos campos, os minerais e os
gases, os prótons e os nêutrons sofrem a ação dos anjos” comenta Mons.
Cristiani. (Mgr L. CRISTIANI, Les Anges,
ces inconus, p. 651.)
São Tomás é
categórico a esse respeito: “Todas as corporais são governadas pelos anjos. E
este é não somente o ensinamento dos Doutores da Igreja, mas também de todos os
filósofos" (Suma contra Gentiles,
lib. III, c. 1. )
E o Cardeal
Daniélou explica: “Trata-se pois de uma doutrina estabelecida pela tradição e
pela razão. E nós, de nossa parte, pensamos que o governo inteligente e forte
do qual dá testemunho a ordem do cosmos pode bem ter por ministros os espíritos
celestes, em que pese o racionalismo de alguns de nossos contemporâneos”. ( Apud Mgr L. CRISTIANI, art. cit., p.651.)
Guias e protetores dos homens
Os anjos, apesar
de sua excelsitude, por desígnio de Deus, são nossos amigos e companheiros.
Eles nos protegem nas necessidades, nos guiam nos perigos, nos sugerem continuamente
bons propósitos, atos de amor e submissão a Deus. Pela sua importância, a
doutrina sobre os Anjos da Guarda merece maior desenvolvimento. É o que faremos
em capítulo à parte. Se o próprio Deus se serve continuamente dos anjos, não
devemos nós também recorrer sempre aos príncipes dos exércitos do Senhor, aos
mensageiros de Deus, invocando-os em todas as nossas necessidades?
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