A cada início de ano, dia magno para celebrar a Virgem genitora de N.S.J.C., a Igreja em todo mundo honra à Nossa Senhora o título de Santa Maria, Mãe de Deus - Sancta Mariae, Mater Dei. Mãe de Deus porque Jesus é Deus, integra a Santíssima Trindade em substância, e Maria, escolhida desde sempre como a Mãe de Deus encarnado, desta maneira torna-se Mãe de Deus. E por meio dos profetas, Deus realizou alocuções que já previam o nascimento do Redentor a partir de uma virgem, protegida em seu nascimento do pecado original, para que assim, pelo poder do Espírito Santo, concebesse Jesus Cristo. E nasceria Virgem por vontade de Deus, para que em sua passagem pela terra nascesse da pureza, encarnasse e partilhasse da mesma substância concreta da humilde serva.

O Verbo de Deus veio em auxílio da descendência de Abraão, como diz o Apóstolo. Por isso devia fazer-se em tudo semelhante aos irmãos (Hb 2,16-17) e assumir um corpo semelhante ao nosso. Eis por que Maria está verdadeiramente presente neste mistério; foi dela que o Verbo assumiu, como próprio, aquele corpo que havia de oferecer por nós. A Sagrada Escritura, recordando este nascimento, diz: Envolveu-o em panos (Lc 2,7); proclama felizes os seios que o amamentaram e fala também do sacrifício oferecido pelo nascimento deste Primogênito. O anjo Gabriel, com prudência e sabedoria, já o anunciaram a Maria; não lhe disse simplesmente: aquele que nascer em ti, para não se julgar que se tratava de um corpo extrínseco nela introduzido; mas: de ti (cf. Lc 1, 35 Vulg.), para se acreditar que o fruto desta concepção procedia realmente de Maria.¹
No concílio de Éfeso em 431², quando da sedimentação da Igreja e de sua expansão com o combate das heresias, determina-se como dogma a "Maternidade Divina de Maria": "Se alguém não confessa que o Emmanuel é verdadeiramente Deus, e que por isso a Santíssima Virgem é Mãe de Deus, já que engendrou segundo a carne o Verbo de Deus encarnado, seja anátema "(...)³. Tal dogma integra o roll dos quatro, a saber: A Maternidade Divina, a Imaculada Conceição, A Virgindade Perpétua e a Assunção aos Céus. O fundamento do dogma se baseia nos Evangelhos e na Tradição, principalmente no Evangelho de S. João que atesta a virgindade de Maria, tal qual nos rememora Sto. Atanásio, Doutor da Igreja. Decorrente deste dogma, pelas virtudes inefáveis e grandiosas que Deus infundiu na Virgem, temos o da Virgindade Perpétua, que nada mais é do que coerente conclusão da vida mariana, sendo que se Maria fora virgem até o nascimento de Jesus e permaneceu intocada, à posteriori e para toda a eternidade Maria permanece em sua virgindade. Sobre isso relata o livro de Isaías: 
14Propter hoc dabit Dominus ipse vobis signum. Ecce, virgo concipiet et pariet filium et vocabit nomen eius Emmanuel;15 butyrum et mel comedet, ut ipse sciat reprobare malum et eligere bonum.16 Quia antequam sciat puer reprobare malum et eligere bonum, desolabitur terra, cuius tu formidas duos reges [...]. (Liber Isaiae, VII, 14-16)

Mas eis que Deus, em sua paternidade, concede a Maria a escolha, o livre-arbítrio; e a partir deste momento em que Maria diz seu sim - Fiat Voluntas Tua - a concepção de Jesus se torna possível e a por intermédio da Virgem escolhida desde sempre, nasce àquele que salvará toda a humanidade. Esse é um dos símbolos máximos de Maria: A vida; a oportunidade de trazer o salvador ao mundo, encarna-lo e conceder seu amor divino. À criação o mérito é somente de Deus, mas à concepção de Jesus o mérito se estende à serva do Pai.

Maria engravidou de Jesus e o formou em seu ventre, encarnado-o homem; embora não formou N'Ele a sua natureza divina, não deixa de ser meritória gênese de Cristo. O que faz de Maria soberana das soberanas é o fato de ser a escolhida por Deus e fazer nascer o Verbo Encarnado, sendo por isto: Filha de Deus (porquanto sua alma fora plasmada por Deus), Mãe de Deus (porquanto geriu Jesus Cristo), Esposa do Espírito (porquanto a partir dele engravidou de Jesus). Por tais razões, Maria é singular para o cristão, que em suas virtudes observa um espelho de Santidade e um arquétipo de amor e ternura. 

Papa Paulo IV, de forte têmpera,
definira o dogma da Maternidade Divina
pelo Concílio de Éfeso.
Maria é medianeira das Graças porque assim o determinou Deus, podendo ser invocada nos momentos e situações de perigo de fé em nossa vida, intercedendo à Deus, desta maneira. Citada em nosso credo, rezamos que "(...) Concebido pelo Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria"[...]. Ainda, é digno de nota que Maria é considerada a nova virgem por romper com o pecado de Eva e em sua virgindade conceber a natureza humana ao Redentor. 
“A bem-aventurada Virgem Maria foi verdadeira Mãe de Deus, e guardou sempre íntegra a virgindade, antes do parto, no parto e depois do parto” Em outra oportunidade: “Maria persistiu sempre na integridade da virgindade antes do parto, no parto e perpetuamente depois do parto” Paulo IV - 07 de Agosto de 1555.³
Esta definição supracitada em todo texto não possui somente o apoio do dogma definido por Paulo IV no Terceiro Concílio Ecumênico de Éfeso, mas também de diversos Padres da Igreja, tais quais: Orígines, Dionísio, Atanásio, Gregório, João Crisóstomo e Agostinho de Hipona4. A natureza da Trindade não aumenta e não diminui com a concepção virginal de Maria, como nos diz Atanásio, mas permanece una e indivisível, tal qual por conseqüência é a Igreja Católica.

Chama-se a esta maternidade de Theotokos, definido pelo mesmo Concílio de Éfeso, termo designativo que significa em grego "Mãe de Deus", utilizado na Igreja desde o Século III e cantado em diversos hinos multiseculares, tais quais: Sub tuum praesidium, Ave-Maria, Axion Estin e o Magnificat. Até a atualidade, famosa é a contestação dos nestorianos que em seu mestre, Nestório, do ramo constantinopolitano, que fora reconhecido como heresia pela Igreja, não reconhecem a Maternidade de Maria tal qual a Igreja.


Trecho extraído do site do Apostolado Católico Arauto da Verdade©, disponível no link: http://www.arautoveritatis.com/2011/01/solenidade-de-santa-maria-mae-de-deus.html#ixzz2GXOiPKyp
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