Uma mãe para todos os povos, que sabe falar a cada cultura: é assim que ainda hoje se apresenta a Virgem de Guadalupe, verdadeiro eixo espiritual da América Central e do Sul. O seu santuário, no México, é anualmente visitado por mais de 20 milhões de peregrinos, sendo o mais frequentado daquelas regiões.
A padroeira da América Latina apareceu num local perto da cidade do México, entre 9 e 12 de dezembro de 1531, a um índio mexicano, Juan Diego Cuauhtlatoatzin, santo desde 2002.
No tempo das aparições, o México era terra de conquista, mas também de afronta à dignidade humana, porque muitas vezes os colonizadores espanhóis não tiveram piedade dos índios. Também por este motivo a aparição de Maria é um sinal relativamente aos oprimidos e sofredores de todo o mundo.
Ao vidente, a Virgem Morena confiou a tarefa de fazer construir uma basílica a ela dedicada, mas não foi fácil convencer o bispo, que pediu um sinal da aparição. Juan Diego, instruído por Maria, recolheu flores encontradas numa colina semi-desértica, em pleno inverno, que deveria levar ao bispo.
No dia 12 de dezembro, o vidente acondicionou as flores no seu manto ("tilma") e levou-as ao prelado, que com ele tinha reunido um conjunto de testemunhas. Ao abrir a capa, viram, em vez de flores, a imagem estampada de Nossa Senhora.
A imagem continua intacta até hoje, não obstante a fragilidade do tecido do manto, e a ciência não consegue explicar o fenómeno. Mas este não é o único facto que suscita interrogações por responder.
No final da década de 1970, especialistas que fotografaram o tecido com raios infravermelhos concluíram que a imagem não tinha traços de pincel, pelo que teria sido plasmada na totalidade. Além disso, não foram detetados elementos animais ou minerais.
E um oftalmologista peruano analisou os olhos da imagem com um aparelho capaz de os aumentar 2 500 vezes e identificou até 13 pessoas, sugerindo o reflexo do bispo e da sua comitiva quando o vidente lhe mostrou o manto.
A indestrutibilidade da imagem também é um dos motivos que a tornam famosa. Em 1921, um ativista anticlerical escondeu dinamite junto à imagem, no interior da basílica de Guadalupe. A bomba destruiu o pavimento, fez voar uma peça em mármore e o seu impacto estilhaçou janelas a 150 m de distância, mas a imagem e o vidro que a protegia permaneceram intactos
A basílica onde atualmente se conserva a imagem foi dedicada em 1976, tendo no exterior da fachada as palavras que a Virgem dirigiu a Juan Diego: «Não estou eu aqui, que sou tua Mãe?». Três anos depois foi visitada pelo papa S. João Paulo II, que em 1990 proclamou beato Juan Diego.
Na mensagem à América por ocasião da festa de Nossa Senhora de Guadalupe, proferida a 11 de dezembro de 2013, o papa Francisco recordou que quando a Virgem apareceu a S. Juan Diego, «o seu rosto era mestiço e as suas vestes, cheias de símbolos da cultura indígena».
«Seguindo o exemplo de Jesus, Maria está ao lado dos seus filhos, acompanha o seu caminho como mãe atenciosa, partilha as alegrias e esperanças, os sofrimentos e as angústias do Povo de Deus, do qual todos os povos da terra são chamados a fazer parte», acrescentou.
E a 12 de dezembro de 2014, o papa sublinhou que a Virgem «quis permanecer» com o povo das Américas: «Deixou impressa misteriosamente a sua imagem sagrada na "tilma" do seu mensageiro, a fim de que a tivéssemos bem presente, tornando-se deste modo símbolo da aliança de Maria com tais populações, às quais confere alma e ternura».
«Imploremos a Santíssima Virgem Maria, na sua vocação guadalupana — Mãe de Deus, Rainha e minha Senhora, «minha jovenzinha, minha pequenina», como lhe chamava S. João Diego, como com todos os títulos amorosos com os quais os fiéis se dirigem a ela na piedade popular — suplicando-a que continue a acompanhar e proteger os nossos povos», pediu Francisco.

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