Nas Bem-aventuranças, Jesus Cristo afirma: “Felizes as pessoas que promovem a paz, porque serão chamadas filhas de Deus.” (Mateus 5:9)
 
Para a tradição de fé cristã, a promoção da paz é uma resposta à graça de Deus que nos acolhe como seus filhos e suas filhas.
 
A fé em Jesus Cristo não permite nenhum tipo de discriminação e prática do ódio. Quem odeia o seu irmão e a sua irmã rompe com a graça amorosa de Deus.
 
Por isso, não podemos aceitar e nem concordar com a relação entre fé cristã e racismo religioso. Quem odeia e pratica a violência, física ou moral, contra uma pessoa de outra tradição religiosa, está pecando contra Deus.
 
Jesus Cristo nos ensina a prática da convivência e da hospitalidade. No seu encontro com a samaritana (João 4:5-43), apesar de Jesus ser de uma tradição de fé diferente da tradição de fé da samaritana, eles conversaram, dialogaram, expressaram seu modo de pensar e viver a experiência de Deus. Neste diálogo havia divergências de compreensões sobre onde seria o lugar verdadeiro para adorar Deus. No entanto, tal divergência não impediu Jesus de aceitar o convite da samaritana para ficar em sua comunidade. Diz o texto que Jesus passou alguns dias entre samaritanos e samaritanas. Jesus não foi arrogante com a comunidade samaritana, mas mostrou a possibilidade da convivência. Por causa disso, segundo o texto, os samaritanos e as samaritanas creram Nele. Talvez não no sentido de abandonar a sua tradição de fé samaritana, mas no fato de ter experimentado que era possível a convivência entre judeus e samaritanos, desde que uma tradição de fé não se julgasse maior ou melhor que a outra.
 
Cada tradição de fé é uma maneira de experimentar a fé em Deus. Não há melhor e pior quando a prática da fé nos leva ao encontro de nossos irmãos e irmãs. A falsa religião é toda aquela que pratica e promove o ódio e o racismo.
 
O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil expressa irrestrita solidariedade a toda a população afrodescendente do Brasil, a todas as tradições religiosas de matriz africana e a toda a juventude negra que é exterminada por causa do racismo. Neste sentido, enviamos nossa lembrança especial às famílias dos jovens de Paraisópolis.
 
Comprometemo-nos a afirmar o direito à existência da sua cultura, da sua fé, das suas ancestralidades.
 
Eu sou porque você é – é isso que aprendemos do povo negro. Eu e o outro só existiremos como humanidade se assumirmos que somos seres em relação. Seremos melhores cristãos e cristãs se não agredirmos irmãs e irmãos afrodescendentes. Seremos melhores cristãos e cristãs se a tradição religiosa afro-brasileira existir e celebrar seus ritos com liberdade, amorosidade e tambores. 
 
Que Deus tenha compaixão de nós e provoque-nos a superar o racismo e todo sentimento de exclusivismo que segrega e mata.
 
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil

Postar um comentário

Tecnologia do Blogger.