Papa: ir às periferias, que estão repletas de solidão e feridas
“O cristianismo é exigente e
muitos assumem na coerência da fé em Cristo. Ser cristão é se comprometer com
os mais necessitados deste mundo, principalmente nesta pandemia mundial que atingiu em
cheio os países emergentes de modo cruel. (Jose B. Schumann Cunha)”
Um pequeno grupo da Associação
Lázaro já havia sido recebido pelo Papa em maio deste ano. Agora mais números,
eles voltaram ao Vaticano para celebrar com Francisco os seus 10 anos de
fundação. E ouviram do Pontífice palavras de encorajamento.
O Papa Francisco encerrou suas
atividades neste sábado recebendo, no Vaticano, os membros da Associação
Lázaro, que está completando 10 anos de existência.
O projeto nasceu na França com a
finalidade de dar um lar às pessoas em situação de rua. Mais do oferecer um
abrigo, a experiência dos membros da Associação é morar com essas pessoas nas
casas e compartilhar o seu cotidiano. Hoje, 10 anos depois, o projeto cresceu e
está presente na Bélgica, na Espanha e no México.
Assim diz o Papa Francisco:
“Agradeço a Deus pela bela
experiência que estão tendo na coabitação e fraternidade que vivem no dia a
dia”, escreve o Papa no discurso que foi entregue, definindo o projeto como
“uma vitrine da amizade social que todos somos chamados a viver”.
“Num ambiente cheio de
indiferença, individualismo e egoísmo, faz-nos compreender que os valores da
vida autêntica se encontram em acolher as diferenças, respeitar a dignidade
humana, escutar, cuidar e servir os mais humildes.”
A coragem de abrir portas
Depois de ouvir alguns
testemunhos, o Papa deixou de lado o texto escrito e entregue, e refletiu sobre
o que ouviu. O discurso de Francisco baseou-se numa imagem, a da
"porta", uma metáfora de muitas experiências relatadas durante o
encontro: "A experiência da porta aberta, da porta fechada, o medo de não
me abrirem a porta, o medo de me fecharem a porta na cara. Esta experiência que
acabamos de ouvir de alguns de vocês é a experiência de cada um de nós se
olharmos para dentro de nós mesmos".
Tantas situações que suscitam uma
pergunta: "Qual é a minha relação com a porta?". "A porta é
Deus", diz o Papa. Qual é a minha relação com a porta? Será que me
aproprio dela e não deixo ninguém entrar? Ou será que tenho medo de bater à
porta? Ou será que espero sem bater que alguém a abra para mim? Cada um de nós
tem atitudes diferentes em relação a Deus que é a porta.
Lázaro, uma pequena gota no mar
da necessidade
Por vezes, na vida, é preciso ter
"a humildade de bater à porta", outras vezes é preciso ter "a
coragem de não ter medo daquele que me vai abrir a porta, que é Deus". E
uma vez dentro, deve-se ter "a grandeza de não fechar a porta atrás de
mim", mas sim "de a abrir para que outros possam entrar". É o
que a instituição tem feito há anos: "Abrir portas". Não como
"porteiros", mas como "homens e mulheres que, porque uma vez
abriram a porta a cada um de vocês, sentem a necessidade de a abrir aos
outros".
O Papa expressou assim a sua mais
profunda gratidão por esta gota no mar das necessidades. Uma gota, no entanto,
preciosa: "Vão em frente!”. Sem, porém, a soberba de acharem são grandes.
Não desistam
Papa: servir aos pobres é servir
a Deus
O mesmo encorajamento está
contido no discurso entregue. Na sociedade, pode-se sentir isolado, rejeitado e
sofrer de exclusão. “Mas não desistam, não se desencorajem”, foram as palavras
do Pontífice.
Francisco os animou a
permanecerem firmes em suas convicções e fé. “Vocês são a face amorosa de
Cristo. Então espalhem à sua volta este fogo de amor que aquece corações frios
e secos.”
A exortação do Papa prosseguiu
pedindo que os membros da Associação possam ir para as periferias, “que estão
frequentemente cheias de solidão, tristeza, feridas interiores e perda do gosto
pela vida”.
“Com as suas palavras e ações,
derramem o óleo de consolação e cura sobre os corações feridos. Quero repetir:
Deus os ama.”
“Assim, podemos ver que esta
iniciativa dos leigos da França deve inspirar a muitos cristãos para ser
balsamos regeneradores desta sociedade que está passando por uma grande crise sanitária
e também política e religiosa no mundo. Que Deus abençoe a todos e que o mundo
seja melhor com gestos de solidariedades assim de todos para que a Igreja seja
de saída e do pão partilhado com os mais sofredores no mundo. (Jose B.
Schumann Cunha)”
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