Questão: Em Deuteronômio capítulo 28, Deus diz que quem não obedecê-Lo, não praticar cuidadosamente Seus mandamentos e Suas leis, será atingido por diversas maldições. Então não existe livre arbítrio?
J.L.D., por e-mail e pelo livro de visitas

A visão que temos de Deus no Antigo Testamento é imperfeita. Jesus veio aperfeiçoar esta visão, não contudo, demolí-la. Deus é amor e faz chover bênçãos sobre os justos e os maus. Ele permitirá que o joio permaneça até o fim, inclusive dentro da Igreja.

O que podemos concluir desta passagem, à luz da teologia promovida por Jesus, é que, quando não seguimos o certo, as conseqüências virão. Quando pecamos, isto acarreta reações lógicas – remorso, dor na consciência, mais soberba, mais egoísmo – e isto, ao longo do tempo, trará mais dor do que bênçãos. Exemplo: um jovem consegue tudo na vida, do ponto de vista materialista – emprego, carro novo etc – mas esquece da religião, de agradecer a Deus, de ser humilde, de ser solidário com os mais necessitados. Pasmem, alguma vez na vida, ele poderá ficar doente, ou sozinho em alguma difícil situação e só o amor de outras pessoas e o de Deus poderá ajudá-lo. Haverá mais dor naquele que não é humilde. Como uma maldição.

O que dizer então do inferno? Quem não for bom, quando partir desta vida, se condenará e ficará para sempre distante de Deus. Não é uma maldição imposta por Deus, mas um reflexo das atitudes terrenas do condenado, que, ao ver plenamente que Deus é amor e pura luz, totalmente Bom, não terá coragem de se unir a Ele com impureza e se precipitará no inferno, ou seja, na ausência de Deus.

Ter livre-arbítrio não significa dizer que nossas decisões nunca terão conseqüências ruins. Os pecados tem origem em atos de soberba, egoísmo, desobediência a Deus, e estes atos tem conseqüências materiais logicamente ruins (o egoísta um dia na vida precisará não ser egoísta, pelo menos, para sobreviver em alguma difícil situação) e também criará concepções espirituais ruins (a pessoa se torna má e, conseqüentemente, evitará ir para Luz onde suas obras serão reprovadas). A habitualidade do ato mau faz com que a própria pessoa se aproxime mais da ausência de Deus (inferno) do que sua presença (céu). Isso não poderia ser considerada uma maldição?

Ainda há de se falar na pedagogia de Deus. Às vezes a pessoa é ruim, desobedece as leis de Deus. Deus, para ensiná-la, para ajudá-la a retornar para o caminho do bem, “promove” desafios em sua vida que, à grosso modo, podem ser considerados infortúnios ou até maldições. Na verdade, o sofrimento na vida é escola e nos ajuda a sermos cada vez mais, melhores cristãos. Todavia, é delicado dizer se Deus promove aquela dificuldade ou aquele mal, pois Deus não cria o mal, o mal é ausência do Bem. Podemos dizer que Deus permite que as escolhas ruins (que logicamente trarão conseqüências ruins) aconteçam – pois Deus respeita o livre-arbítrio humano – e estes “desastres vividos” ajudam no crescimento espiritual de qualquer um de seus filhos.

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