Todo cristão é amado por Jesus e quer que tomemos Maria por nossa mãe. É o que diz Jo 19,25s. Mas, infelizmente, muitos irmãos separados ainda usam o argumento da idolatria para desprezar o valor da Mãe de Deus em nossas vidas.

Aliás, esta questão já está tão superada pelos católicos, que no Concílio de Nicéia II, em 787 d.C., foi decretado que latréia (adoração, reconhecimento da soberania absoluta de Deus) e proskýnesis (veneração) são conceitos totalmente diferentes. (Concílio de Nicéia de 13/10/787: “… as santas imagens devem ser veneradas, respeitadas, para os fiéis se recordarem dos modelos originais… sem que isso seja adoração, pois esta só convém, segundo a fé, a Deus.”).

Todos sabemos que o pecado está na mente. Ninguém peca se não pensa, ainda que apaixonadamente, sem premeditação, no ato que cometerá. Assim também é na veneração aos santos. Venerar, em nossa doutrina, significa respeitar, seguir o bom exemplo daquele santo, que é espelho de Cristo e, no máximo, amar. Adorar é reconhecer a divindade em alguém. Ora, adorar somente a Deus, Uno e Trino, e isto inclui Jesus e, obviamente, exclui Maria.

Ainda que alguém diga "Graças a Maria" - e isto é perigoso, como é perigoso também quando adoramos o dinheiro, a fama, o poder, o sexo - é necessário saber a intenção daquele que profere tais palavras. Se perguntarmos, "Maria é Deusa?","Maria foi a responsável por tal graça ou foi Deus?"... Dependendo da resposta, teremos um caso de idolatria ou de veneração, de agradecimento. Caso a resposta seja de que Maria é a Deusa, teremos idolatria. E isto, pode ter certeza, nenhum cristão em sã consciência o fará.

Os protestantes do século XVI valorizavam o importante papel de Maria na história da salvação. Tal noção foi-se apagando aos poucos nas gerações seguintes. Ultimamente vem-se reavivando especialmente nas denominações tradicionais. Duas são as prova seguintes de tal afirmativa:

1) Este parágrafo foi retirado do Evangelischer Erwachsenenkatechisrnus. Kursbuch des Glaubens (Catecismo Evangélico para adultos. Manual da Fé), publicado a cargo da Igreja Luterana da Alemanha, sob a direção de W. Jentsch e outros autores em Gütersioh. É impressionante:

“Maria faz parte do Evangelho... É apresentada como aquela que ouviu de maneira exemplar a palavra de Deus, como serva do Senhor que diz sim à palavra de Deus, como a cheia de graça que por si mesma nada é, mas que é tudo por bondade de Deus. È, com efeito, o modelo original da comunidade dos crentes, da Igreja... ‘Concebido por obra do Espírito Santo, nascido da Virgem Maria’, é uma verdade que confessamos a respeito de Jesus; conseqüentemente confessamos que Maria é Mãe de Nosso Senhor, O elemento feminino, receptivo, materno não é a parte pior da realidade humana; antes, é a melhor e, sobretudo, a melhor da realidade cristã” (p.392s)

Logo, sem ressalvas, o Catecismo Luterano afirma que Maria não é só católica; ela é também evangélica. Maria é como arquétipo da Igreja, à semelhança do que afirma a doutrina católica.

2) Madre Basiléia Schlink, religiosa protestante, escreveu um artigo cujo trecho diz:

“Martinho Lutero escreveu a respeito de Maria:

‘O que são as servas, os servos, os senhores, as mulheres, os príncipes, os reis, os monarcas da terra, em comparação com a Virgem Maria, que, além de ter nascido de uma estirpe real, é também a Mãe de Deus, a mulher mais importante da terra? No meio de toda a cristandade ela é a jóia mais preciosa depois de Cristo, a qual nunca pode ser suficientemente exaltada; a imperatriz e rainha mais digna, elevada acima de toda nobreza, sabedoria e santidade.

Por justiça teria sido necessário encomendar-lhe um carro de ouro e conduzi-la com 4.000 cavalos, tocando a trombeta diante da carruagem, anunciando: Aqui viaja a mulher bendita entre todas as mulheres, a soberana de todo o gênero humano. Mas tudo isso foi silenciado; a pobre jovenzinha segue a pé, por um caminho tão longo e, apesar disso, é de fato a mãe de Deus. Por isso não nos deveríamos admirar, se todos os montes tivessem pulado e dançado de alegria.

Essa única palavra mãe de Deus contém toda a sua honra. Ninguém pode dizer algo de maior dela ou exaltá-la, dirigindo-se a ela, mesmo que tivesse tantas línguas quantas folhas crescem nas folhagens, quantas graminhas há na terra, quantas estrelas brilham no céu e quantos grãozinhos de areia existem no mar. Para entender o significado do que é ser mãe de Deus, é preciso avaliar e pesar esta palavra no coração’ (Comentário do Magnificat)

Ao ler estas palavras de Martinho Lutero, que até o fim de sua vida honrava a mãe de Jesus, que santificava as festas de Maria e diariamente cantava o Magnificat, se percebe quão longe nós geralmente nos distanciamos da correta atitude para com ela, como Martinho Lutero nos ensina, baseando-se na Sagrada Escritura. Quão profundamente todos nós, evangélicos, deixamo-nos envolver por uma mentalidade racionalista, apesar de que em nossos escritos confessionais se leiam sentenças como esta: ‘Maria é digna de ser honrada e exaltada no mais alto grau’ (Art.21,27 da Apologia da Confissão de Augsburgo)

Enfim, merece também ser ressaltado o Acordo a que chegaram teólogo católicos e anglicanos em 2005 no tocante a Maria SSma. e os dogmas marianos da Maternidade Divina, da Imaculada Conceição e da Assunção Corporal.

"48 porque atentou na condição humilde de sua serva. Desde agora, pois, todas as gerações me chamarão bem-aventurada," (Lc 1,48)

"41 Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo,42 e exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre! 43 E donde me provém isto, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?" (Lc 1,41-43)

“Estavam em pé, junto à cruz de Jesus, sua mãe, e a irmã de sua mãe, e Maria, mulher de Clôpas, e Maria Madalena. Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e ao lado dela o discípulo a quem ele amava, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Então disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde àquela hora o discípulo a recebeu em sua casa”. (Jo 19,25s)

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