“A morte é conseqüência do pecado. Se Maria foi sem pecado, não poderia ter morrido, a não ser que Deus tenha punido um inocente” (pág. 44)



Seu argumento é interessante e certamente nos ajudará a crescer no conhecimento. O Papa João Paulo II é bastante claro na sua reflexão sobre este assunto: “É verdade que na Revelação a morte se apresenta como castigo do pecado. Todavia, o fato de a Igreja proclamar Maria liberta do pecado original por singular privilégio divino não induz a concluir que ela recebeu também a imortalidade corporal. A mãe não é superior ao Filho, que assumiu a morte, dando-lhe novo significado e transformando-a em instrumento de salvação” (L’Osservatore Romano, ed. port. nº 26, 28/06/1997.

A Igreja admite a morte de Maria, pois era necessário que a parte mortal fosse retirada para se revestir de imortalidade (cf. 1º Cor 15,53), contudo, prefere usar o termo dormida da Mãe de Deus, por se tratar da passagem de uma vida tão santa. “Qualquer que tenha sido o fato orgânico ou biológico que, sob o aspecto físico, causou a cessação da vida do corpo, pode-se dizer que a passagem desta vida à outra constitui para Maria uma maturação da graça na glória, de tal forma que jamais como nesse caso, a morte pôde ser concebida como uma ‘dormida’” (Papa João Paulo II, L’Osservatore Romano, ed. port. nº 26, 28/06/1997,)

Nenhum cristão nega que Jesus tenha nascido verdadeiramente de uma virgem. No desígnio de Deus isso era necessário, pois “a virgindade de Maria manifesta a iniciativa absoluta de Deus na Encarnação” e assim, “Jesus, o Novo Adão, inaugura por sua concepção virginal o novo nascimento dos filhos de adoção no Espírito Santo pela fé... A participação na vida divina não vem ‘do sangue, nem de uma vontade da carne, nem de uma vontade do homem, mas de Deus’ (Jo 1,13)... O sentido esponsal da vocação humana em relação a Deus (cf. 2ª Cor 11,2) é realizado perfeitamente na maternidade virginal de Maria” (cf. Catecis-mo da Igreja Católica, § 503 e 505).



A dúvida, porém, fica com relação à manutenção da virgindade após o nascimento de Jesus. Os católicos crêem que Maria a preservou, já os protestantes têm suas objeções. É o que vamos ver a partir de agora.

No seu comentário sobre a profecia de Isaías 7:14, onde o Profeta anuncia que “uma virgem conceberá e dará à luz um filho” assim está escrito:



“Na leitura que fazemos do texto, fica claro que o nascimento virginal de Jesus dizia respeito apenas ao fato de que homem algum teria participação em sua concepção. Depois que a virgem concebesse, a profecia teria sido cumprida e o papel de tal virgem teria terminado”

Será mesmo que o “papel de tal virgem teria terminado” com o nascimento do seu Filho? Maria não tinha mais nada para fazer após o nascimento de Jesus? Logo penso que não. Na Bíblia nada está escrito por acaso, tudo tem uma intenção. É imprescindível descobrirmos que a missão de Maria continua após o parto. É só ler as Sagradas Páginas e ver, por exemplo, a profecia do velho Simeão: “e a ti Maria, uma espada transpassará tua alma!” (Lc 2,35). Não é à toa também que Maria aparece em destaque na festa das Bodas de Caná (cf. Jo 2,1) participando intensivamente do primeiro milagre de seu Filho, intercedendo pela família (cf. Jo 2,3) e evangelizando os serventes (cf. Jo 2,5). Depois Maria aparece aos pés da cruz, “de pé” (Jo 19,25), dando testemunho de sua fé, testemunho daquela que “conservava no coração todas essas coisas” (Lc 2,51). E por fim, lá está Maria no início da Igreja, como mulher de oração (cf. At 1,14), como primeira cristã, modelo de fé e de vida, vida de quem se fez “serva do Senhor” (Lc 1,38). Certamente a missão da “Mulher” (Jo 2,4), jamais terminou no dia do nascimento do Salvador. A Mulher Mãe do Salvador, pensada por Deus desde o início do mundo (cf. Gn 3,15) teria uma missão que não se prende ao tempo, mas salta para fora dele e atinge todas as gerações, tornando Maria “na cristandade inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar bastante, a mais nobre imperatriz e rainha, exaltada e bendita acima de toda a nobreza, com sabedoria e santidade” (Martinho Lutero, Deutsche Schriften 14,250).

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