“Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua

descendência e a descendência dela. Ela (PRÓPRIA) te

esmagará a cabeça e tu armarás traições ao seu calcanhar -

Inimicitias ponam inter te et mulierem et semen tuum

et semen illius; IPSA conteret caput tuum et tu

insidiaberis calcaneus eius” - (Cf. Gen III, 15)



No instante em que Adão crédulo, incautamente, participou do desacerto de sua mulher Eva, provando do fruto da Árvore, Deus promete uma Nova Eva e um Novo Adão, para a restauração da humanidade decaída; com a distinção transcendental de criaturas que éramos, tornássemos filhos de Deus por adoção e EM VERDADE. Dessa filiação, transborda exultante Santo Agostinho, num êxtase de libertação: “Oh, feliz culpa!”.



O homem, ao adotar outro ser humano, transmite-lhe os direitos legais, concernentes à adoção. Porém, por mais que deseje, está, perpetuamente, impossibilitado de transmitir ao adotado, o seu patrimônio maior, ou seja, o patrimônio genético: o seu DNA. O adotado pode e deve, gozar de todas as prerrogativas e regalias da filiação biológica, principalmente, ser amado ternamente, como um filho das entranhas. Por outro lado, por mais que se almeje e se ame o adotado e as convenções sociais o determinem, jamais será um filho EM VERDADE; pois carece da seiva, das características genéticas. Ora, o seu pai e mãe próprios são outros, que os adotantes. Os filhos por adoção, vezes sem par, são favorecidos e cercados de maiores atenções que os demais filhos; consciente ou inconscientemente, os pais adotivos buscam dessa forma, mitigar os imaginários recalques advindos da privação genética do adotado. Na realidade, são amados tanto quanto os demais filhos; porém, a inibição do “gens”, do “genoma”, exige mental e falsamente, demonstrações explicitadas de carinho especial; nem sempre absorvidas tranqüilamente pelos outros irmãos, gerando cenas de ciúme. Esse amor dispensado a filhos não gerados é bíblico, encontra sua raiz na Divindade: “Deus amou de tal forma...” (Cf. Jo III,16).“Quem acolher a um desses pequeninos é a Mim que acolhe” (Cf. Mt XVIII, 5); ou então: “A ninguém chameis pai sobre a terra, porque um só é vosso PAI, o que está nos céus” (Cf. Mt XXIII, 9). De maneira que, o que conta mesmo é o amor.



Assim, o que nós nas limitações da carne, não podemos completar, Deus o fez por amor de todos nós, encarnando-se no seio puríssimo de Maria Sua e nossa Mãe Santíssima. Pela comunhão (comum união) do Seu Sagrado corpo, fazemo-nos um só com Ele; a seiva divina percorre todo o nosso ser e desta forma, recebemos a vida e a VIDA EM ABUNDÂNCIA. Somos enxertados na divindade; não com um enxerto desenvolvido pela tecnologia humana e efetuado pelos nossos hábeis agrônomos; mas, por Obra e Graça da Onipotência Divina. A adoção cai por terra, ao nos tornarmos filhos EM VERDADE, co-herdeiros com Jesus. Oh, Onipotência, que nos regeneras onipotentes: “quão tarde te amei!”.



Isto não é filosofia, muito menos utopia; é confiança na palavra de Jesus: “Vós sois deuses” (Cf. Jo X,34). “Ó profundidade das riquezas da sabedoria e da ciência de Deus! Quão incompreensíveis são os seus juízos e imperscrutáveis os seus caminhos” (Cf. Rom XI,33).



No momento em que Nossa Senhora, a Eva preanunciada, a Mulher que circundou o Homem: "femina circundabit virum" (Cf. Jer XXXI,22), a obra prima de Deus, a única criatura a receber plenamente o Espírito Santo: "Ave gratia PLENA, Dominus tecum" (Cf. Lc I,28); recebeu Jesus em Si, cumpriu, antecipadamente, o desejo de Jesus: "Que todos sejam um, Pai, como Eu e Tu somos um"; realizou em Si, com o seu majestoso "FIAT", o que bem mais tarde, São Paulo explicaria aos Coríntios: "O que está unido ao Senhor é UM SÓ espírito com Ele" (Cf. ICor VI,17).



Não houve, não há, nem haverá quem possa unir-se, tão direta, completa e intimamente com Deus, senão aquela que O trouxe no Seu sacratíssimo ventre. Isto, não é um mero proselitismo doutrinal, é conclusão racional. Basta, debruçar-se sobre o assunto; meditar as palavras estampadas na Bíblia. Será que os nossos irmãos separados, os protestantes e os nossos irmãos mais velhos, os judeus, não se apercebem do óbvio! Quem não assimila o que está claro, patente, o que salta aos olhos, preparou-se para assimilar, para perceber o que?



Se Jesus, na Sua aparição sobre a sarça, foi zeloso a ponto de dizer a Moisés: “Tira as sandálias dos pés; porque o lugar em que estás, é uma terra santa” (Cf. Ex III, 5); que nos fará o Salvador quando, irreverentes, dirigimo-nos à Santa Maria, o Sacrário vivo que O trouxe ao mundo? Há os que suportam ofensas pessoais e até as perdoam, porém, dificultosamente, dirigida à própria mãe, uma ofensa será perdoada. É de uma clareza meridiana, cristalina, a palavra de Jesus com referência ao pecado contra o Espírito Santo, que não será perdoado nem neste século, nem no futuro. Porque: “Ou dizei que a ÁRVORE é boa e o seu FRUTO bom; ou dizei que a ÁRVORE é má e o seu FRUTO é mau; pois que pelo FRUTO se conhece a ÁRVORE” (Cf. Mt XII,33). Dizer que Jesus é bom e que Nossa Senhora nem tanto, é o tipo de bajulação estúpida, que não agrava Nossa Senhora, mas ofende Nosso Senhor. Não há coração filial “nem neste século nem no futuro” que possa suportar.

Elevem Maria aos píncaros; que as areias do mar se convertam em línguas, para louvarem Seu Santíssimo Nome; prostrem-se as potestades aos seus pés; que as estrelas do céu coroem Sua cabeça; bendigam os céus e a terra à Onipotência Suplicante, pois Maria é a Mãe do Criador, a Mãe do Salvador, a Esposa do Divino Espírito Santo: o verdadeiro AMOR do Pai e do Filho. Não por eleição de Maria, nem por pregação da igreja, menos pela minha devoção mariana; mas, porque: “O Senhor fez em Mim maravilhas, SANTO É SEU NOME - Quia fecit mihi magna qui potens est:ET SANCTUM NOMEN EJUS” (Cf. Lc I, 49). Donde se infere, que independe do nosso querer ou deixar de querer, pois, assim o determinou, desde toda a eternidade, a Providência Divina: MARIA, Mãe de Deus; MARIA, Mãe da Igreja; MARIA, Imaculada Conceição.



Por mais que se louve, por mais que se pretenda bendizer o Santíssimo Nome de Maria, estaremos sempre aquém da real magnitude de MARIA, por sermos limitados e finitos. Não há, na redondeza da terra, com quem, menos ainda com que, comparar a grandeza incomensurável de Maria. Pois Maria, não tem similar; MARIA é singularíssima. Maria é Mãe do Criador, Mãe do Incriado; como definir, como explicar? Brademos alto e bom som: Maria é a Mãe de Deus e nossa. É dar crédito e cair de joelhos.



Não admitem os que se sujeitam a doutrinas estapafúrdias e pecam igualmente, os que ouvem tais doutrinas e se calam por respeito humano. Ou aceitamos Maria tal qual Ela é, ou viveremos à margem, pelo livre arbítrio que Deus nos concedeu: “Deus criou o homem desde o princípio e deixou-o a cargo do seu próprio juízo”; ou: “Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; o que lhe agradar, isso lhe será dado” (Cf. Eclo XV, 14.18). Para os nossos irmãos mais velhos, os judeus e para os nossos irmãos separados, os protestantes, que não aceitam o Livro do Eclesiástico como canônico, que se reportem ao Deuteronômio (Cf. XXX, 15.19); ao Livro dos Provérbios (Cf. I, 23-26) e Mateus: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados, quantas vezes eu quis juntar teus filhos, como a galinha recolhe debaixo das asas os seus pintos e tu NÃO QUISESTE!” (Cf. Mt XXIII, 37). O não querer, encontra respaldo no Livre Arbítrio, com a conseqüência: “Eis que será deixada deserta a vossa casa” (Cf. Mt XXIII, 38).



Não estou pretendendo, com o que foi dito até aqui, induzir ninguém a adorar MARIA, pois o culto que se deve à Maria é de HIPERDULIA: como Rainha dos Anjos e dos Santos. Porém, mesmo assim, lanço a pergunta: Ajoelhar é adorar, ou reverenciar?



No Apocalipse de São João, lemos que, após ter ouvido e visto as coisas que vinha relatando, prostrou-se aos pés do anjo para o adorar e o anjo lhe disse: “Vê, não faças tal, porque eu sou um servo como tu, como TEUS IRMÃOS os profetas e aqueles que guardam as palavras da profecia deste livro. ADORA A DEUS”. (Apoc XXII, 8 – 9).



A dar fé nas aparições, todos os videntes ajoelharam-se frente à Santíssima Virgem e a nenhum deles a Senhora aconselhou: “Não faças tal”. Os videntes em Medjugorje, quando Maria lhes aparece, como que sincronizados, caem de joelhos. Também estes, jamais escutaram de Maria: “Vêde, não façais tal”.Ora, quando nós nos prostramos de joelhos frente ao Santíssimo Sacramento, é um ato de adoração; quando os videntes caem de joelhos frente à Senhora, Rainha do Céu e da Terra, é por reverência? – “Ó profundidade das riquezas da sabedoria e da ciência de Deus! Quão incompreensíveis são os seus juízos e imperscrutáveis os seus caminhos! ...”



Para os que foram agraciados em ler a Bíblia no seu original, perceberam que o nome MARIA, está na primeira página. Para ser mais preciso: No Livro do Gênesis, capítulo primeiro, versículo dez. Nós, os crentes, sabemos que nada acontece por acaso. Eram os latinos pagãos, que pensavam que: “O acaso pode mais que a razão” - “Fors plus quam ratio potest”. A distinção consiste em que naquilo que eles julgavam “acaso” nós vemos o Dedo de Deus. Jesus, pelos evangelistas Mateus (V, 18) e Lucas (XVI, 17) nos diz que antes que passem o céu e a terra, não será omitido um trema, ou pontinho da Lei, sem que tudo seja realizado. Maria, evidentemente, não é um trema, menos ainda um pontinho, é um Nome, sobre o qual foram escritos uma infinidade de livros. O nome Maria, continuará sendo um “sacramentum”, um mistério indecifrável. Porém, o nosso “saber”, o nosso orgulho, não pode ser sobrepujado e assim apelamos para duas SUPOSIÇÕES, uma delas significando Senhora e a outra Amada de Deus. Duas definições espetaculares, não fora Maria a Mãe de Deus! A Mãe dos vivificados, por Jesus Vivificador!



Maria desponta na primeira página do Gênesis e se traduz pelo plural de mar: Mares. Ora, é sabido que no início havia um conjunto de águas e um só continente, denominado “pangéia”. A fissuração dessa pangéia é que originou os atuais continentes e mares: Mar do Norte, Mar da Noruega, Mar Tirreno, Mar Mediterrâneo e tantos outros. A uma grande massa de águas salgadas denominou-se Oceano, em homenagem ao “Oceanus”, deus do mar e esposo de Tétis, na mitologia grega.Veja que “Oceanus” é deus do mar e não dos mares, porque mar é um coletivo de grande massa de águas. Da mesma forma, convencionou-se e com razão, dar a Nossa Senhora o título de “Stella Maris”, Estrela do Mar. Traduzir Maria como mares é um recurso simplista, de fugir a confusa e nem sempre convincente exegética. Maria, traduzido por mares, está convencionado, como convencionado está que o sol nasce e se põe, quando a Terra é que gira em torno do Sol. O Sol nascer e se pôr, está convencionado errado, mas nem por isto há de se alterar o seu curso. O curso ótico.



O mar é fonte de vida, em consonância com o Gênesis: “Os quais foram produzidos pelas águas, segundo a sua espécie”. Donde se deduz e a ciência não pode negar, pelo contrário, confirma, que onde não há água, não há vida. Daí o óbvio: Sem Maria não existe vida; não haveria a Vida que Jesus nos trouxe: A VIDA EM ABUNDÂNCIA. Essa Vida em abundância, pode e deve ser antegozada espiritualmente e por acréscimo, gozada materialmente. Posto que o corpo é saudável na proporção da saúde do espírito. Um espírito é saudável, quando bem orientado; quando tem um caminho a percorrer, com uma meta em vista. Desta maneira, os percalços vivenciais são barreiras a serem vencidas, até que se atinja o Supremo Alvo. É o que nos ensina São Paulo (Cf. 2Tim IV, 7).



“Porei inimizades entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a descendência d’Ela. Ela (MESMA) te esmagará a cabeça e tu armarás traições ao seu CALCANHAR”. O calcanhar de Maria Santíssima, no sentido próprio é inatingível. Resta-nos entendê-lo figurativamente, no sentido de ponto fraco. Aos pés da Cruz, a Onipotência Suplicante, viu-Se impotente e o Drama desenrolou-se, em conformidade com o preestabelecido pelo Pai. Era necessário o cumprimento da profecia de Simeão, que uma espada Lhe traspassasse a alma. Agora é diferente, a Onipotência Suplicante, ora por nós, protege-nos. Nós, os filhos pecadores, somos o “calcanhar”, Seu ponto fraco, “feridos e atormentados”, vencidos não. Graças a Nossa Senhora; por deliberação de Nosso Senhor!



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