“A semente é a Palavra de Deus –

Semen est Verbum Dei”- (Lc VIII, 11)

















No Livro do Gênesis, o termo “semen” é repetido, só no primeiro capítulo, cinco vezes. Porque a semente, apesar de não ser a fonte, é a geradora da vida; a Fonte da vida é a Palavra de Deus: “Fiat, Faça-se”. É a primeira palavra expressa por Deus e que a Bíblia registrou: “Fiat lux – Faça-se a luz”. Maria encerra o diálogo com o Arcanjo Gabriel e usa o mesmo Fiat: “Fiat mihi – Faça-se em Mim”. O primeiro “fiat”, fez a luz; o segundo “fiat”, trouxe à luz, a própria Luz: “E a Luz resplandece nas trevas e as trevas não O receberam” (Cf. Jo I, 5). Sem a semente; sem o “semen” não há vida e, no entretanto, a semente precisa morrer, para viver. “Se o grão de trigo, que cai na terra, não morrer, fica infecundo, mas se morrer, produz muito fruto” (Cf. Jo XII, 24-25). É o “sopro” a “palavra” encerrada na semente, que vivifica. É um mistério, unificado. É uma união em comum, ou uma comunhão.



Uma das pessoas que melhor entendeu e com maior clareza explicou a necessidade da vinda do Senhor, para que todos nós tivéssemos vida e VIDA em abundância, foi o sábio Fulton J. Sheen. Este, com a sabedoria com que foi dotado, esclarece: “Tudo na natureza é obrigado a ter COMUNHÃO, para poder viver; e por esse meio, o que é inferior transforma-se no que é superior: produtos químicos em plantas, plantas em animais, animais em homem. E o homem? Não devia também ele ser elevado por meio da COMUNHÃO, até Àquele que desceu do céu para tornar o homem participante da Natureza Divina? Como mediador entre Deus e o homem, Cristo afirmou que assim como Ele vivia pelo Pai, também eles deviam viver por Ele”; estas palavras de Fulton Sheen, são respaldadas em São João: “Assim como o Pai, que é vivo, me enviou e eu vivo pelo Pai; assim o que come a mim, viverá por causa de Mim” (Cf. Jo VI, 58) e por São Pedro: “Pois não fostes regenerados de uma semente corruptível, mas incorruptível, pela Palavra do Deus Vivo, que permanece eternamente” (Cf.1Pdr I, 23).



Donde se conclui que, humana e cientificamente, não existe probabilidade de vida sem COMUNHÃO. Até as pedras, terão vida, se Deus a comunicar: “Porque Eu vos digo, que Deus pode fazer dessas pedras filhos de Abraão” (Cf. Mt III, 9). Pode, mas não o fez; porque Ele é o primeiro cumpridor da lei natural, a qual, Ele próprio estabeleceu. Por outro lado, Ele é o Autor e não escravo da sua lei e da sua palavra. Onipotentemente livre, está infinitamente acima do preconceito de Herodes que, “por causa do seu juramento e dos comensais”, mandou decapitar João Batista. O nosso Deus está acima do fatalismo de Allah: “Maktub – Está escrito” e não tem jeito; do Islamismo, muçulmano de Maomé. O nosso Deus, Jesus, havia decretado que Nínive seria destruída dali a quarenta dias e o profeta Jonas percorreu toda a cidade anunciando a fatal destruição. Os ninivitas fizeram penitência e para dissabor de Jonas, Deus aboliu o decreto (Cf. Jon 4,1 seguintes). Jesus diz a Isaías que transmita ao rei Ezequias: "Põe em ordem as coisas da tua casa, porque vais morrer e não viverás”. Ezequias orou e derramou lágrimas; Deus manda que Isaías retorne a Ezequias, anula Sua Palavra empenhada e acrescenta quinze anos aos seus dias (Cf. Is XXXVIII, 1-5). Neste mesmo livro e capítulo, nos versículos sete e oito, Jesus faz com que o tempo volte atrás. Este é o nosso Deus: Sem barreiras, tudo Lhe é possível. Prepara a Imaculada Conceição da Virgem de Nazaré, opera maravilhas nessa Sua Criatura e a constitui no tempo, Sua Mãe na Eternidade. Mãe do Criador, Mãe do Incriado, Mãe do Pai Eterno, Mãe do Redentor. O Pai, o Filho e o Espírito Santo, três pessoas e um só Deus; Maria, uma só pessoa na Trindade. A Obra Prima de Deus, é vislumbrada pela aula que Jesus deu a Nicodemos e que durou toda uma noite: “Ninguém subiu ao céu, senão Aquele que desceu do céu, o Filho do homem que está no céu” (Cf. Jo III, 13). Posteriormente, confirma esta verdade, mostrando o Pai a Felipe: “Quem me vê, vê também o Pai” (Cf. Jo XIV,9). Esse mistério, “sacramentum”, é delicadíssimo: “Jacet in praesepio, et in caelis regnat - Deitado numa manjedoura e reinando nos céus”. Precedendo à manjedoura: Envolto por Maria e pairando sobre Ela; ou ainda, Maria circundando o Incircunscrito. A insolubilidade do problema, não torna inexistente a questão. Frente à grandeza do enigma, maravilhado, Jeremias profetiza: “Eis que o Senhor criou uma coisa nova sobre a terra: - Femina circundabit virum - uma Mulher circundará o Marido” (Cf. Jer XXXI, 22); noutras palavras, uma Mulher dará à luz ao mesmo Marido. A própria Mulher que no Gênesis, foi predestinada pelo Senhor Jesus, a esmagar a cabeça da Serpente. Criar no tempo, a Mãe da Eternidade, não há pessoa humana que consiga entender, menos ainda demônio que possa suportar. .



Deus é superior a tudo, a todos e até à Sua Palavra, ao Seu “Verbum”: “Porque o Pai é maior do que Eu” (Cf. Jo XIV, 28). A Onipotência Divina, só pode ser alcançada através da fé: “Sem fé, é impossível agradar a Deus” (Cf. Hebr XI,6). Toda a problemática da nossa religiosidade, depende só e unicamente, da fé na ressurreição do Senhor Jesus. São Paulo é cristalino: “Se Jesus não ressuscitou, nós somos os mais infelizes dos homens”. E por que? Porque estaríamos vivendo uma mentira e transmitindo aos nossos pósteros, uma ilusão. Mas Jesus ressuscitou, aparecendo aos Apóstolos, a mais de quinhentas pessoas e ao próprio São Paulo. Ao Apóstolo Tomaz, conhecido por Tomé, Jesus nos dá uma bem-aventurança: “Tu creste, Tomé, porque me viste; bem-aventurados os que não viram e creram”. Em cada santa Missa, o sacerdote levanta a Hóstia Consagrada e diz: “Eis o Sacramento da fé”. Nós aceitamos, nós cremos e se não alcançamos a grandeza do ato, deve-se à pequenez dos nossos corações. Consoante esta pequenez, Malba Tahan, o nosso Júlio César de Melo e Souza, implorava em oração: “Deus, ó Deus, perdoai a pequenez dos nossos corações”; a pequenez do nosso entendimento!



Quando há os que acusam os católicos de adoradores de imagens não será, porventura, porque os vêem através de corações pequenos, os quais Malba Tahan refere? É oportuno lembrar, que a primeira IMAGEM de barro feita sobre a terra e da qual se tem notícia, é a do mesmo Jesus: “Façamos o homem à nossa IMAGEM e semelhança” (Cf. Gen I, 26). Transcorrido os séculos, Michelangelo esculpiu duas imagens, uma de Davi, outra de Moisés; deu um piparote numa delas e ordenou: “Parla!” e a imagem não falou. Primariamente, porque Deus não esculpiu um homem e sim o constituiu: DE DENTRO PARA FORA. Como haveria de constituir Eva, da costela de Adão.



A compleição corporal é entendida na visão do profeta Ezequiel que, por ordem do Senhor Jesus, profetizou sobre ossos secos, estes se revestiram de nervos, carnes e foram cobertos de pele. Após o que, Ezequiel orou ao Espírito que SOPRASSE sobre a multidão morta a qual, recebida o Espírito, reviveu (Cf. Ez XXXVII, 1-10). A necessidade, a racionalidade do arcabouço é explicitada pelo Senhor Jesus: “Insensatos, quem fez o exterior não fez também o interior?” (Cf. Lc XI, 40). Não há quem ignore ser a carne, parte do composto humano que se destina ao sepulcro, isto quem nos ensina é o nosso Redentor: "É o espírito que vivifica; a carne para nada aproveita” (Cf. Jo VI, 64). Se a carne só aproveita aos vermes, a IMAGEM de barro aproveita o que? Aproveita à lembrança dos atos e feitos praticados por aquele que, via de regra, voltou ao pó. Via de regra, pois, existem privilegiados que não provaram a corrupção. No antigo Testamento HENOC (Cf. Gen V,24) e ELIAS (Cf. IIRs. II, 11). Predito pelo Antigo, o Novo Testamento registra o Senhor Jesus. A incorruptibilidade de Nossa Senhora é Dogma de fé, pela bula do Papa Pio XII, em 1º de novembro de 1950, na Basílica de São Pedro. A Assunção de Nossa Senhora, em corpo e alma ao céu, festeja-se a 15 de agosto. Essa incorruptibilidade sendo Dogma de fé, é ponto pacífico, logo, indiscutível. Com relação aos santos da Igreja, vem à memória o corpo de Maria Goretti, no Santuário de Nossa Senhora das Graças, em Netuno, Itália, que se mantém incorrupto, num sarcófago de vidro; a língua de Santo Antônio, intacta e exposta à devoção dos fiéis, em Pádua; o sangue de São Januário, que a cada ano se liquefaz, em Nápoles. Estes fenômenos, somados a certas imagens que choram, os católicos não os idolatram, como apregoam os pequenos de entendimento, mas os recebem como sinais e dádivas de Deus. Note-se, que não é a imagem pela imagem, que se quebra e se varrem os cacos, que impressiona, e sim o exemplo de vida, que através da representação nos é transmitido e o qual devemos assimilar. Por outro lado, existem imagens que são verdadeiras relíquias valiosíssimas, quer pelo tempo, quer pelo desempenho do artista. Daí, chutar imagens, pichar e destruir estátuas é, na melhor das hipóteses, falta de educação, de instrução, de civilidade!



Representação é tornar presente, seja por imagem, por escultura, pintura: expor verbalmente ou por escrito; o ator representa o seu papel; a imagem também, como o retrato, não deixa por menos. Jesus valeu-se da representação verbal, para semear o reino de Deus; os Evangelistas representaram a Palavra de Deus, por escrito. Moisés também, representou os Dez Mandamentos, esculpidos pelo dedo de Deus, nas duas pedras da Lei.



Ao nos quedarmos reverentes aos pés de uma imagem que REPRESENTE Nossa Senhora, São José, os Arcanjos Miguel, Gabriel, Rafael, São Pedro, São Paulo, Santo Antônio, São Benedito, Santa Terezinha do Menino Jesus, ou quaisquer dos santos de nossas devoções particulares, não os estamos adorando e sim, solicitando que, frente às prerrogativas recebidas, intercedam junto ao Pai Celestial, para que nos conceda um coração bom, a fim de enfrentarmos com galhardia os dissabores, das desilusões inculcadas por mercenários transvestidos de pastores e as dificuldades do dia-a-dia, daí advindas. A intercessão não é uma invenção da igreja, enquanto conjunto de fiéis; a intercessão é bíblica, como lembraremos a seguir.



Por ordem do Senhor Jesus, Abraão orou e a casa de Abimelec foi perdoada: “Entrega a mulher a seu marido, porque ele é profeta, ROGARÁ por ti e tu viverás” (Cf. Gen XX, 1-18). O Arcanjo São Rafael, diz a Tobias: “Quando tu oravas com lágrimas, enterravas os mortos, deixavas o teu jantar, escondias os mortos em tua casa de dia e os enterravas de noite, EU APRESENTEI as tuas orações ao Senhor” (CF. Tob XII,12). Esta mediação é ratificada por Jesus: “Os seus anjos nos céus, vêem incessantemente a face de meu Pai, que está nos céus” (Cf. Mt XVIII,10). Quando Agar, encontrava-se no deserto com seu filho, o Senhor ouve a voz do menino e envia o Seu anjo (Cf. Gen XXI, 17). Abraão oferece em holocausto seu filho a Deus; mas é o anjo do Senhor que fala do céu e evita o sacrifício (Cf. Gen. XXII, 11).O anjo irá adiante do servo de Abraão em busca da mulher para o seu filho Isaac (Cf. Gen XXIV, 7). Essa mediação hierárquica sobrenatural, é entendida à luz da mediação natural. Absalão, filho de Davi, caído em desgraça do rei, seu pai, vale-se do prestígio de Joab, general do rei Davi e por sua intercessão é perdoado: “Eis que eu aplacado, te concedo o que pedes”, diz Davi a Joab (Cf. 2Sam XIV, 21). O Centurião envia alguns anciãos para que intercedam a Jesus, pela cura do seu servo e justifica-se: “Nem eu me achei digno de ir ter contigo” (Cf. Lc VII, 1-7). Nas bodas de Caná, da Galiléia, Maria Santíssima INTERCEDE e desembaraça o noivo, de uma situação constrangedora: “Não tem vinho”. Jesus, notadamente contrafeito, antecipa a SUA HORA, em atenção obediente à Medianeira de todas as graças (Cf. Jo II, 1-11). Essa decisão de Jesus, é o cumprimento inequívoco de sua própria determinação, pelo quarto mandamento exarado na Lei de Deus: "Honrarás pai e mãe”. E a honra prestada a um pai e mãe passa, obrigatoriamente, pela obediência.



O “Verbum Dei”, a Palavra de Deus, não é e não será, jamais, conflitante. Qualquer conflito, deve-se única e exclusivamente, à pequenez do nosso entendimento. “A obediência vale mais que as vítimas”, diz Samuel a Saul (Cf. 1Sam XV, 22). E Jesus, na parábola dos dois filhos, conta que o pai mandou o primeiro a trabalhar na vinha e o filho lhe disse: “Não quero”. O segundo concordou: “Eu vou, senhor”, mas não foi. O primeiro, tocado de arrependimento, acabou por ir. Este fez a vontade do pai (Cf. Mt XXI, 28-31). Como se vê, Jesus primeiramente reage, dando um significado maior à obediência devida a Sua Mãe Santíssima.



E o Verbo se fez carne, para nos trazer a vida em abundância. Essa Vida em abundância, para dissuadir os que semeiam confusão, Santo Agostinho explicita: “O que chamamos vida, é morte; pois, a verdadeira vida é a de Jesus ressuscitado”. “A semente é a palavra de Deus”, eis o sentido da parábola do semeador, que não por casualidade é a primeira, da série de parábolas de Jesus, em consonância com o capítulo primeiro do Gênesis, cujo agricultor é o Pai, Criador do Céu e da Terra.



Por conclusão, a Palavra de Deus não pode ser alterada a bel-prazer, como se vem observando nas traduções bíblicas desde algumas décadas. Chegamos ao limite, de sermos advertidos para “que se tenha uma BOA VERSÃO BÍBLICA. Quanto mais antiga melhor. Se possível editada antes de 1960”. Esta advertência (ignorada pelas “diretrizes”) que não somente eu, mas todo católico esclarecido assina por baixo, deve-se ao diácono Francisco de Almeida Araújo no seu “livrete”: EM DEFESA DA FÉ.



Como se observa, todo cuidado é pouco, pois o demônio transveste-se de cardeal, de bispo e até de “anjo”, para semear a cizânia no viveiro bíblico, que é a Palavra de Deus, em manifesto desprezo ao determinado por São Paulo: “Ainda que nós mesmos, ou um anjo do céu, vos anuncie um Evangelho diferente daquele que vos temos anunciado, seja maldito”.



São Pedro, o primeiro Papa confirma: “Os inconstantes ao adulterarem as palavras de Paulo e as Escrituras, o fazem para a própria perdição”.



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