Se fizermos uma pergunta: “o que é igreja?”, é bem provável que a maioria das pessoas darão respostas relacionadas, principalmente, ao templo enquanto edificação, ou seja, o espaço físico. Outros pensarão na igreja enquanto hierarquia, talvez no Papa, nos bispos e padres.


Mas também é bem provável que várias pessoas responderão que “a igreja somos nós”. E, de certa forma, estão mais corretas que as anteriores.


A palavra “igreja” derivasse do substantivo grego ekklesia, que é formada pela preposição ek, “fora de”, mais o verbo kale, traduzido por “chamar”, “convocar”. Ao pé da letra, quer dizer “chamar para fora”, ou seja, tirar as pessoas de suas casas para “reunirem-se com determinada finalidade”.


O vocábulo ekklesia foi utilizado pela tradução grega da Bíblia, conhecida como Setenta, realizada no século II a. C., para traduzir o termo hebraico qahal. Tanto o termo hebraico qahal quanto o grego ekklesia significam “reunião”, “assembléia”, etimologicamente tem relação direta com o verbo chamar.


No Antigo Testamento era utilizado para designar a comunidade do povo eleito, especialmente no contexto do deserto: “ajunta-me o povo, para que ouçam as minhas palavras” (Deuteronômio 4,10); “Este é o que esteve entre o povo congregado no deserto” (Atos 7,38).


É bem provável que Jesus só tenha utilizado uma vez esta palavra, quando deu sua resposta a Pedro: “sobre esta pedra edificarei minha igreja” (Mateus 16,18). Catequese do papa João Paulo II, “Sobre as verdades do Credo” (27/07/1991).


São Gregório utiliza o termo ekklesia para falar de todos os que, desde o começo, creram no Deus verdadeiro, e foram feitos filhos de Deus pela graça. Nesse sentido, se distingue, às vezes, entre a Igreja antes da Antiga Aliança e a Igreja da Antiga Aliança e a Igreja da Nova Aliança.


É muito importante observar que na ekklesia, isto é, na Igreja, que significa assembléia convocada, estão reunidos os judeus e gentios, homens e mulheres, idosos e crianças. Isso porque a Igreja é católica, ou seja, universal.


O papa João Paulo II, na Encíclica Redemptoris Mater, sobre a Mãe do Redentor (1987), diz que a Igreja, ou seja, a assembléia reunida se tornou plenamente consciente das “maravilhas de Deus” no dia do Pentecostes, quando os que estavam congregados no Cenáculo de Jerusalém “ficaram todos cheios do Espírito Santo” (Atos 2,4). A partir desse momento começa também aquela caminhada de fé, a peregrinação da Igreja através da história dos homens e dos povos.


João Paulo II acrescenta ainda que, ao iniciar-se essa caminhada, Maria se encontrava presente. No Cenáculo, em Jerusalém, ela estava no meio dos Apóstolos “implorando com as suas orações o dom do Espírito”. Hoje, nós somos igreja, povo reunido, convocados por Cristo, com a presença do Espírito Santo e da mãe de Deus.

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