Por João Batista Passos

“Não podemos estar unidos a Deus se não fizermos livremente a opção de amá-lo.” CIC 1033

O Inferno existe e existe pela irrevogável liberdade dada ao homem pelo Criador. Quem não crê na existência do inferno está negando pontos fundamentais de sua própria existência e condição humana, entre elas está negando o dom da Liberdade e do amor a Deus e a própria inteligência.

Pensar na existência do inferno não é pensar em um Deus ameaçador que chantageia aqueles que n’Ele não crêem ou que não O seguem com um lugar tenebroso, ao qual chamamos de inferno, mas aponta para a condição que nos é própria, ou seja, somos livres por optar que caminhos seguir e temos a inteligência de reconhecê-los como algo bom ou mal.

Temos a capacidade de amar a Deus, de forma livre e consciente, temos inclusive o incansável desejo de que isto se dê de fato em nossas vidas, levando-nos a uma busca persistente em meio a nossa liberdade e capacidade de pensar e escolher. O inferno está presente em nossas ações: às vezes acertamos nas nossas decisões e escolhas; às vezes erramos conscientemente, levando-nos a tristes sentimentos e perspectivas sombrias.

Isso nos ensina que a nossa escolha não se refere apenas ao ato de crer e não crer, mas que nos envia ao mais intenso diálogo com a nossa realidade, com a própria existência, tomando a cada dia, a cada hora, decisões que nos levam a amar a Deus e decisões que nos tornam pessoas melhores. Portanto, o inferno é uma pena escolhida por aqueles que vivem sem buscar os sentimentos que Deus tem para conosco.

Deus nos quer, nos ama e vem nos resgatar. Concede-nos a graça da Fé que nos favorece em nossas escolhas. Quem crê em Deus e busca com Ele todas as coisas, vive em uma nova perspectiva, percebe-se o agir de Deus mais facilmente e por Ele logo se apaixona.

É temível aos olhos daqueles que amam a Deus e desejam estar em sua presença, perdê-lO de vista. As pessoas que vivem nesta realidade plena se mantêm na liberdade de crer e de amar, de buscar ou de abandonar. É duro possuir esta liberdade para aqueles que amam ao Senhor, pois tal liberdade nos autoriza a continuar amando-O ou negá-lO.

Da mesma forma aos que não crêem, estes possuem talvez o estranho medo de querer amar ao Senhor, de pensar na hipótese de que Deus possa nos salvar. Porém Deus os respeita, respeita a liberdade daqueles que crêem e daqueles que não crêem ainda em seu soberano poder e amor.

"Enquanto não se tiver fixado definitivamente em seu bem último, que é Deus, a liberdade comporta a possibilidade de escolher entre o bem e o mal, portanto, de crescer em perfeição ou de definhar e pecar. Ela caracteriza os atos propriamente humanos. Torna-se fonte de louvor ou repreensão, de mérito ou demérito. " CIC 1732

A liberdade que o Senhor concede a nós, criaturas tuas, é muito mais do que nos implica em crer ou não crer, mas mostra que tal liberdade é a maior grandeza de toda a criação, e envolto desta grandeza, a qual chamamos liberdade, estamos nós, homens, mulheres e crianças, queridos e amados por Deus. A liberdade é a grandeza da qual o homem se dispõe em amar a Deus, amar a si mesmo e ao próximo de forma integral e livre.

Sem a liberdade, aí sim, o homem estaria fadado a ser uma mera criatura, sem gostos e sem pensamentos próprios, sua inteligência se reduziria ao mero instinto de sobrevivência, poderíamos até ser salvos nestas circunstâncias, porém, jamais saberíamos o que é verdadeiramente o Amor.

Então, não podemos reclamar que a existência dos abismos do inferno como se fosse uma infeliz ação do Criador. Quem pensa assim teme a sua própria condição humana, teme ser livre e teme a própria inteligência. Quem pensa que o mundo é oco e que as nossas escolhas e decisões não interferem pelos caminhos e destinos nossos, não reconhece em si a dignidade de ser "imagem e semelhança de Deus".

“Deus não predestina ninguém ao Inferno.” (CIC 1037)

Não somos predestinados a condenação, antes somos chamados a todo custo para a salvação eterna em Jesus Cristo. Se n’Ele crermos e perseverarmos aumentaremos ainda mais a nossa capacidade de escolher e de agir, seremos ainda mais livres (ou realmente livres), teremos mais capacidade de dizer o nosso responsável “sim” ou “não” e com alegria, reconheceremos que a nossa condição humana, possui a liberdade de voltar-se ao seu Criador e n’Ele repousar.

Por esta grandeza irrevogável e irretocável conferida ao ser humano, a sua capacidade de raciocinio, compreensão e de escolha, características conferidas a nós, estamos livres para escolher entre estar com o Senhor e Salvador que nos ama livremente e nos concede a mesma maneira de amar ou que nos arrisquemos por conta própria lançar-se ao nada que nada pode fazer pela nossa vida.

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