Por Matheus Silva de Paula

“... Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador...” (Lc 1, 46-47)

Como Maria, é nosso dever glorificar ao Senhor. Glorificá-lo com nossas vidas, de forma que não sejamos nós a viver, mas Cristo a viver em nós (cf. Gl 2, 20). Ao despojarmo-nos de nós mesmos e darmos espaço à Divina Vontade, estamos nos aproximando do ideal de santidade, para o qual todo homem é destinado – mas que não é imposto, pois o homem tem direito a escolher o caminho que quer seguir, e receberá conforme o que escolher.


Deus nos dá todas as possibilidades das quais necessitamos para alcançarmos a santidade, e uma destas possibilidades – talvez uma das mais belas – é o exemplo dos Santos, principalmente de Maria Santíssima, Sacrário Vivo de Deus.

Nossa Senhora não teve uma vida de facilidades como talvez possamos pensar – já que fora impedida de pecar, pois seria a mãe do Filho de Deus. Nas Sagradas Escrituras, vemos um pouco das dores de Nossa Senhora:

Passou por dificuldades para dar à luz (Lc 2,7 “... e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria”); teve que fugir com José e seu filho Jesus, para que este não corresse risco de vida (Mt 2, 13-14 “um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar. José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito.”); sofreu ao perder seu filho na volta da festa da Páscoa (Lc 2, 48b “E sua mãe disse-lhe: Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição.”); viu seu filho morrer da forma mais humilhante da época – a morte de cruz (Jo 19,25 “Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.”), mas permaneceu de pé, pois sua fé não foi abalada pelo sofrimento. Maria sabia que sofreria, pois na apresentação do Senhor, Simeão disse: “E uma espada transpassará a tua alma.” (Lc 2,35b).

Como Maria, também nós devemos ter a certeza de que sofreremos neste mundo por causa do nosso “sim” a Deus, que nos recompensará quando chegar a hora. Porém, devemos nos concentrar no agora, no hoje, para que não desanimemos na caminhada rumo à santidade. Quanto mais o mundo “evolui”, mais nos afastamos daquela época em que os cristãos entoavam hinos de louvor a Deus enquanto davam seu sangue pelo nome de Jesus. O ideal de santidade não pode adormecer no nossos corações só porque os cristãos não são perseguidos como naquele tempo. As perseguições continuam, seja em países onde ainda assassinam cristãos, seja numa sociedade que deturpa os valores e destrói a imagem da família, e o nosso dever é lutar contra isso.

E esta luta deve ser constante, pois o inimigo ronda o homem até encontrar uma brecha e entrar, mas esta brecha só se abrirá se o homem fraquejar, isto é, se ele mesmo abri-la. No entanto, Deus vem ao socorro de quem o clama como está no Salmo 117, 5-6 “Na tribulação invoquei o Senhor; ouviu-me o Senhor e me livrou. Comigo está o Senhor, nada temo; que mal me poderia ainda fazer um homem?” , e sendo assim, temos em Deus a força para resistir ao pecado, e Sua misericórdia para quando pecamos.

Quando nos vemos sem motivação para continuar esta longa caminhada, quando estamos desesperados, quando nos sentimos sozinhos, corremos o risco de desistir, deixar tudo para lá. Mas, quem tem verdadeiramente Deus com Pai, Maria como mãe e os santos como irmãos, desperta logo para a misericórdia infinita do Senhor, e permanece firme no caminho, mesmo com todas as dificuldades.

Maria é verdadeiramente nossa mãe, pois nos foi dada por Cristo, quando a entregou a João, no Calvário (Jo 19, 26-27 “Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe . E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa.”). E como Cristo não somente entregou-a a nós, mas também entregou-nos a ela (cf. Jo 19,26), temos então uma recíproca relação de amor, ou pelo menos deveríamos corresponder o amor que com certeza nossa mãezinha sente por cada um de nós, seus filhos.

Se amamos nossa mãe terrena, porque não amaríamos nossa Mãe do Céu? Porque não concordaríamos em proclamá-la “bem-aventurada”? É difícil compreender como a maioria de nossos irmãos protestantes, e até mesmo alguns católicos conseguem seguir a via da santidade sem invocar o auxílio da Mãe, este auxílio tão poderoso, já que é amor de mãe – jamais superior ao de Deus, mas todo eficaz, pois é o amor d’aquela que gerou dentro de si o Verbo Encarnado, o Rei dos Reis.

Jamais devemos adorá-la, ou focá-la mais que a Deus. Devemos venerá-la, e suplicar sua intercessão, como a de todos os santos e anjos, pois esta forma humilde de pedir ao Senhor é um exercício para a alma, uma forma de nos aproximarmos ainda mais de Deus. Não há como ofendê-lo amando Maria e se espelhando n’ela. Pelo contrário, é agradável ao Senhor usarmos dos meios que Ele mesmo criou para cumprir sua ordem: “Sede santos, porque eu sou santo” (I Pd 1, 16).

Se Maria pôde dizer seu “Sim” a Deus, e deixar-se à disposição d’Ele, por que não fazermos o mesmo? Fácil não será desfazermos de nossas vontades e deixarmos ser feita a vontade de Deus, porém para Cristo não foi fácil a dor e o sofrimento da Cruz para nos redimir. Não foi fácil para Ele ser incompreendido, ser odiado, e ser ignorado por muitos dos quais morreu para salvar. “Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á. Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vem a prejudicar a sua vida? Ou que dará um homem em troca de sua vida?...” (Mt 16, 24-26)

“Virgem Santa,Virgem pura,
Mãe de Deus e nossa mãe,
és bendita entre todas
encantaste o olhar de Deus
vem a nós...

Ensina-nos teu segredo,
Ensina-nos tua humildade
Ensina-nos teu silêncio
Ensina-nos a seguir teu filho,
Jesus.

Acolhe-nos em teus braços
Ó cobre-nos com teu manto
Protege-nos nas tentações
Um dia leva-nos
para o Céu...”

Virgem Santa. Composição: Ir. Kelly Patrícia



Com a ajuda de Maria, podemos chegar ao Céu, com certeza! Com sua intercessão, com seu amor de mãe, podemos viver dignamente, para que Deus nos acolha em Sua glória. Afinal, não é o que buscamos? Não é para voltar a Deus que serve a nossa vida?

Vamos caminhar com a ajuda de Maria!

Que adotemos sempre o exemplo de Maria, Virgem Santa e Pura, para alcançarmos a santidade, e que nossa vida também sirva de exemplo para os próximos aspirantes ao Céu.

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