Depois de dois séculos de seu nascimento, a vida de Santo Antônio Maria Claret (ilustração abaixo), continua sendo atual, dinâmica e profética. Seu modo de ser e agir, na vida e na Igreja, nos revelam parâmetros de alguém que soube traduzir no seu cotidiano a vontade de Deus de maneira criativa, ousada e dinâmica.
A pequena Vich (Espanha) do início do século XIX foi o cenário de que Deus se utilizou para tecer seu projeto de amor na vida de Antônio Claret. Isto o tornaria sensível aos apelos de seu tempo para interpretar os sinais de Cristo na história, nos mais diversos momentos da sua vida e missão. Na sua infância, ao ouvir o “tic-tac” do relógio, pensava em como salvar o mundo e as almas. Quando jovem, experimentou no meio industrial e nos deslumbres das grandes cidades uma humanidade tendenciosa a viver pelos desejos sedutores de ganância e poder.
Em seu apostolado missionário, sentiu o quanto os “pecadores” viviam aterrorizadas pela ideia de serem incapazes de qualquer obra boa e fatalmente inclinados para o mal (jansenismo). Como arcebispo de Cuba percebeu que o pecado pessoal degrada a sociedade, quando o ser humano torna-se explorador de sua própria raça. Na corte espanhola observou exarcerbada maldade de eliminar Deus para o próprio homem reentrar, ele mesmo, na possessão da grandeza humana.
Em todos os momentos da sua vida encontramos em Claret grande sensibilidade em transformar o mundo, bem como uma íntima vivência com Cristo Evangelizador, o enviado do Pai, o que o faz assumir para si essa característica missionária de também ser enviado ao mundo para salvar as almas, na missão de tornar Jesus Cristo mais conhecido, amado e servido. Este místico da ação tornou-se um incansável apóstolo dos tempos modernos, que por todos os meios possíveis buscou soluções para os problemas espirituais e sociais de sua época, de tal modo que foi um homem além de seu tempo. Por isso mesmo foi visto como um sinal de contradição, perseguido em sua missão e apostolado, em suas obras, em seu ser pessoa até morrer no desterro.
Claret concebeu a missão em sua vida como uma consagração própria do Espírito que o enviava a seguir e imitar Jesus Cristo. A missão em sua vida era uma continuidade da missão de Cristo, isso determinava profundamente sua vida e ação em seguir Jesus Cristo mais de perto, no trabalho e no sofrimento, tudo para a maior glória de Deus e a salvação das almas. Este modo de agir de Deus na vida de Claret foi o combustível que o conduziu a uma itinerância apostólica, fazendo-o experimentar uma necessidade ímpar de anunciar o Evangelho incansavelmente. Foi o homem abrasador que por meio da Palavra quis incendiar o mundo no fogo do divino amor.
A vida e a missão de Santo Antônio Maria Claret nos colocam diante de uma profunda experiência de Deus, de alguém que, impelido pelo amor de Cristo, viveu cada dia de sua vida numa perfeita consciência do seu carisma-missão, da sua vocação para servir na Igreja e no mundo como evangelizador, porque Cristo assim o fez.

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