Por: D. Benedicto de Ulhoa

Pergunta desafiadora fez o Papa Bento XVI, há alguns dias, aos fiéis na Praça de São Pedro: "Tem ainda algum valor e significado um “Salvador” para o homem do terceiro milênio?” De fato, o homem que pisou na Lua, que viajou a Marte, que penetrou nos segredos da natureza, que desvendou os códigos do genoma humano, será que ainda precisa de um Salvador? Hoje o homem se sente confiante e auto-suficiente diante da tecnologia moderna, ao navegar pelos espaços virtuais, fazendo da terra um pequenino espaço, como se fora uma aldeia do interior. Precisa ainda de um Salvador?

A resposta certa é sim. Há muitos males no mundo que precisamos ainda superar: a fome, a doença, a pobreza, a exploração, o terrorismo, a escravidão do álcool e da droga. É que o ser humano, não obstante o progresso científico, vive dividido entre o bem e o mal; portanto, entre a vida e a morte. Tem pois ele, precisamente hoje, como no passado, a necessidade de ser salvo.

É nesta hora que a Igreja traz a mensagem da esperança, anunciando – como fez no Natal – a presença, entre nós, do Filho de Deus, que se fez homem, e veio ao nosso encontro para nos salvar. É a Igreja, que Ele estabeleceu sobre a rocha, a encarregada de anunciá-lo como aquele que salva, destruindo o pecado e respeitando o que é autenticamente humano.

Infelizmente a voz materna e autorizada da Igreja – “quem vos ouve, a mim ouve” - tem sido abafada pela multiplicidade de outras vozes, que ressoam por todos os lados. A grande escola hoje é a televisão, com seu colorido atraente, mas nem sempre portadora de valores reais para a sociedade. Somos anestesiados por ela e perdemos o sentido crítico para discernir o certo e o errado, o bem e o mal, o belo e o deformado.

Estamos ainda no amanhecer do ano, animados a buscar o melhor. Que as oiças do coração se abram para acolher a mensagem que a Igreja faz ressoar, no decorrer dos dias, como fez no dia do Natal: “Nasceu hoje para nós o Salvador”.

Dom Benedicto de Ulhoa Vieira é arcebispo emérito de Uberaba, MG, e Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

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