"Tendes compaixão de todos, Senhor... Não aborreceis nada do que fizestes... não olhais para os pecados dos homens a fim de trazê-los à penitência... Mas perdoais a todos, porque todos são vossos, ó Senhor nosso Deus" (Antífona da entrada).

Queridos irmãos e irmãs em Cristo inflamado na força do Espírito Santo

Com esta invocação, tirada do Livro da Sabedoria (cf. Sb 11, 23-26), a liturgia nos introduziu na celebração eucarística desta Quarta-Feira de Cinzas. Nós, cristãos, somos convidados a fazer um itinerário rumo para celebração da Páscoa do Senhor que é também a nossa Páscoa. É um tempo privilegiado ao cristão de fazer uma revisão de vida e se converter para Deus São momentos de graça de Deus que nos ajuda a caminhar com santidade e mudança de vida. Sair do pecado e procurar as coisas do céu que são a paz, a justiça, o amor, a pratica do perdão, da misericórdia e solidariedade aos mais fracos. Com os exercícios quaresmais, que são a oração, jejum e penitencia, aproximamos mais de Deus da vida e dos nossos irmãos e irmãs de caminhada.
A Igreja do Brasil iniciará mais uma Campanha da Fraternidade que neste ano terá o tema “Fraternidade e a Vida no planeta” e o lema “A criação geme em dores de parto”. O seu lançamento será na quarta-feira de cinzas que marcou o inicio da quaresma.
Esse tema é propicio e urgente e nos faz refletir sempre sobre a proteção das nossas florestas, da preservação das nascentes de água, da forma de agir no tratamento do lixo e da emissão de gases que poluem o meio ambiente. Para os cristãos e principalmente nós católicos e crentes em Deus devemos conscientizar na defesa da natureza e o modo que nós a tratamos, pois foi Deus que criou tudo para que o a pessoa humana possa tirar dela o necessário para sua vida sem destruí-la.
A natureza não pode ser tratada como coisa ou simplesmente um negócio, pois ela, quando é desrespeitada causam catástrofes. Esses fatos que acontecem no mundo, poderiam ser evitados se houvesse, por parte de todos, o respeito pela natureza, pela geografia do lugar e pela ocupação racional [cristã e sustentável] do solo. Que cada pessoa possa assumir a responsabilidade de orientar, defender e agir a favor da natureza para que esse planeta seja preservado, a vida defendida e que a pessoa viva harmoniosamente com todos os seres que o habitam.Devemos converter e caminhar nas estradas da vida configurando no Cristo, servo sofredor, na oração, no jejum e na penitencia. Clamar o perdão e viver santamente como sinal de arrependimento.
“Nesta perspectiva, compreende-se também o sinal penitencial das Cinzas, que são impostas sobre a cabeça de quantos iniciam com boa vontade o itinerário quaresmal. Essencialmente é um gesto de humildade, que significa: reconheço-me por aquilo que sou, uma criatura frágil, feita de terra e destinada à terra, mas também feita à imagem de Deus e destinada a Ele. Pó, sim, mas amado, plasmado pelo seu amor, animado pelo seu sopro vital, capaz de reconhecer a sua voz e de lhe responder; livre e, por isto, também capaz de lhe desobedecer, cedendo à tentação do orgulho e da auto-suficiência. Eis o pecado, doença mortal que muito depressa começou a poluir a terra abençoada que é o ser humano. Criado à imagem do Santo e do Justo, o homem perdeu a própria inocência e agora só pode voltar a ser justo graças à justiça de Deus, a justiça do amor que – como escreve São Paulo – "se manifesta por meio da fé em Cristo" (Rm 3, 22)” (1).
“Também nas leituras bíblicas da Quarta-Feira de Cinzas está muito presente o tema da justiça. Em primeiro lugar, a página do profeta Joel e o Salmo responsorial – “o Miserere” – formam um díptico penitencial, que evidência como na origem de cada injustiça material e social existe aquilo que a Bíblia denomina "iniqüidade", ou seja o pecado, que consiste fundamentalmente numa desobediência a Deus, quer dizer, numa falta de amor. "Reconheço – confessa o Salmista – de verdade as minhas culpas / o meu pecado está sempre diante de mim. / Contra Vós apenas é que eu pequei / pratiquei o mal perante os vossos olhos" (Sl 50 [51] 5-6). Portanto, o primeiro ato de justiça consiste em reconhecer a própria iniqüidade e admitir que ela está arraigada no "coração", no próprio cerne da pessoa humana. Os "jejuns", os "prantos" e as "lamentações" (cf. Jl 2, 12) e cada expressão penitencial tem valor aos olhos de Deus, só se for sinal de corações sinceramente arrependidos. Também o Evangelho, tirado do "sermão da montanha", insiste sobre a exigência de praticar a própria "justiça" – esmola, oração e jejum – não diante dos homens, mas unicamente aos olhos de Deus, que "vê o segredo" (cf. Mt 6, 1-6.16-18). A verdadeira "recompensa" não é a admiração dos outros, mas a amizade com Deus e a graça que dela deriva, uma graça que confere paz e força de realizar o bem, de amar até quem não merece, de perdoar quem nos ofendeu” (1).
A segunda leitura, o apelo de Paulo a deixar-se reconciliar com Deus (cf. 2 Cor 5, 20), contém um dos célebres paradoxos paulinos, que remete toda a reflexão sobre a justiça ao mistério de Cristo. São Paulo escreve: "Aquele que não havia conhecido o pecado – ou seja, o seu Filho que se fez homem – Deus O fez pecado por nós, para que nele nos tornássemos justiça de Deus" (2 Cor 5, 21). No Coração de Cristo, isto é, no âmago da sua Pessoa divino-humana, desenrolou-se de maneira decisiva e definitiva todo o drama da liberdade. Deus levou às extremas conseqüências o seu desígnio de salvação, permanecendo fiel ao seu amor, mesmo à custa de entregar o seu Filho unigênito à morte, e morte de Cruz. Como escrevi na Mensagem quaresmal, "é aqui que se descerra a justiça divina, profundamente diferente da justiça humana... Graças à ação de Cristo, podemos entrar na justiça "maior", que é a do amor (cf. Rm 13, 8-10)" (1).
Com as orientações do nosso papa Bento XVI podemos caminhar com segurança para quaresma e prepararmos bem para celebrar com dignidade a Páscoa do Senhor. Jesus quer estar conosco para retirar do sepulcro da nossa vida os males que atrapalham de sermos verdadeiros cristãos. Assim, podemos fazer a diferença no mundo. A presença do cristão na Igreja, na política, na sociedade e na família é a oportunidade de transformar esse mundo em que vivemos para justiça, para a dignidade humana e vida para todos, gerando a paz e o verdadeiro desenvolvimento social e humano. Preserve o planeta e salva as vidas!
Amém!
Fonte: (1) ( homilia do Papa Bento XVI feita na quarta feira, 17-02-2010)

Bacharel em Teologia José Benedito Schumann Cunha 09-03-2011

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